Como (não) se apaixonar por ele [taekook]

O tempo parece ser longo demais

Jungkook

—Por que decidiu falar disso só agora? O gato tinha comido sua língua, querido? —Taehyung diz com um sorrisinho irônico no canto dos lábios assim que Jimin vai embora e eu olho para ele.

—Se você for ficar fazendo piadinhas sarcásticas, eu vou embora. —falo sério, um pouco irritado pela infantilidade dele.

Eu sei que nenhum de nós está no direito de julgar o outro por estar sendo infantil, mas se eu estou disposto a resolver as coisas como um adulto, acho que ele deveria tentar também.

—Certo, me desculpa. —ele diz ainda com o tom sarcástico, subindo as escadas até o apartamento dele.

Fico em silêncio, sentindo as palavras pesando na minha boca e sufocando minha garganta. O que eu preciso falar, e como falar? Qualquer mínima coisa que eu disser pode fazer tudo ir por água abaixo.

Taehyung se deita de forma preguiçosa no sofá e eu me sento no chão, de frente para ele. O silêncio continua pesando entre nós enquanto ele acende um cigarro e puxa a fumaça lentamente, a soltando com um suspiro cansado.

—Você ficou aqui para conversar ou ficar me olhando com essa cara de cachorro abandonado? —ele pergunta me olhando e eu acerto um tapa em sua testa.

—Mas que porra! Para de ser criança, Taehyung. —falo irritado e ele ri, colocando a mão desocupada sobre a testa.

—Não estou sendo criança, só te fiz uma pergunta, benzinho. —ele diz e eu respiro fundo, encarando seus olhos bonitos.

—Agora eu sou "benzinho", não é? Há alguns minutos eu era o "Jeon". —falo cruzando os braços e ele solta a fumaça do cigarro de menta no meu rosto.

—Desculpa, mas esse biquinho que você faz quando está bravo é incrível! —ele diz com a voz calma, soando mais grave em meus ouvidos e me fazendo arrepiar.

O encaro por alguns minutos, deixando o silêncio questionar tudo aquilo que eu não tenho coragem de dizer em voz alta.

—Então seu coração está em uma montanha russa? —pergunto e ele assente, tragando o cigarro mais uma vez.

—É. —ele diz com um dar de ombros, desviando os olhos dos meus.

—O meu também está, talvez a muito mais tempo do que o seu. —falo e ele franze as sobrancelhas, me olhando confuso.

—Mais tempo? —ele pergunta e eu assinto sentindo o nó em minha garganta me impedir de falar qualquer coisa, com medo de dizer e perceber que foi cedo demais ou acordar amanhã e não sentir mais.

—E o que a gente faz agora? Vamos olhar um para o outro como se nada estivesse acontecendo? —pergunto e ele balança a cabeça, apagando o cigarro no pequeno cinzeiro do banquinho ao lado do sofá.

—Eu não sei, nunca cheguei nessa parte. —ele diz com uma risada e eu rio, sentindo minha montanha russa descontrolada dentro do peito.

—A gente pode continuar como estava antes, sabe. Se beijar quando der vontade e tudo mais, mesmo que eu sinta que isso não vai ser bom para nós dois. —falo e ele franze as sobrancelhas.

—E por que não? Nós dois vamos estar ganhando com isso, eu particularmente acho essa a melhor opção. —ele diz evitando olhar em meus olhos e eu seguro seu rosto, ficando perigosamente perto.

—Então por que você não diz isso olhando nos meus olhos? Não se faz de idiota, Taehyung. Você mais do que ninguém sabe que não é só tesão ou atração, vai muito além disso. —falo e ele engole sem seco, com os olhos se enchendo de lágrimas.