Sigilo - JairInacio

Único

  Era uma manhã quente de janeiro, o céu se cobria de nuvens que tampavam pouco o sol, mas ainda fazia com que muitos brasileiros no amontoado suassem, principalmente Luiz, que tinha os dedos inquietos, se sentindo nervoso.
  Enfim terminaram de anunciar, depois veio os aplausos e uivos, olhou para frente e lá estava Jair, com um sorriso falso, Luiz não sabia o por que mas sentiu algo inquietante no estômago, mesmo assim não se deixou abalar, abriu um singelo sorriso, e por um momento achou que tivesse visto o homem a sua frente parar, mas logo a faixa foi colocada em seu corpo.
  Os gritos de alegria ainda enchiam seus ouvidos enquanto entravam para dentro do salãobnovamente, seus lábios já doiam por não parar de tanto sorrir, e mesmo que não estivesse tão nervoso quanto antes, precisava fumar, imediatamente.
  Saiu de perto do seu pessoal, e encontrou um quarto disponível e isolado, antes avisando para alguém para que não o fossem procurar, disse que os encontraria em meia hora, precisava ficar um pouco sozinho, algo que não conseguia enquanto concorria nas eleições.
  Abriu a janela e se sentou na cama ao lado, finalmente acendendo e tragando o cigarro em sua mão, dando um longo suspiro de alívio, estava tão distraído que não percebeu o barulho da porta abrindo.

-Bozo? *Soltou confuso, vendo que era o homem que entrava, antes olhando para o lado de fora, como que quem se certificasse de que não o tivessem visto, antes de fechar e passar a chave na porta, virando para Lula*

-Molusco *Disse estralando a língua, com uma voz que fazia Inácio sentir as pernas tremerem por um momento, odiava aquele apelido que seu antigo rival havia inventado*

-O que tá fazendo aqui? Veio me convidar para um churrasquinho com cervejinha de comemoração pela minha presidência?

-Eu quero te pedir uma coisa... *Dizia enquanto se aproximava, ignorando seu comentário, ficando a apenas dois metros de distância do outro, enquanto Lula tranquilo tragava o seu cigarro mais uma vez*

-Fala homem...

-Não quebre o sigilo

  O silêncio caiu sob o quarto, e só o que foi ouvido depois de alguns segundos foi o riso abafado de Lula, qual fez Jair tossir seco, tentando disfarçar seu nervosismo e vergonha.

-Eu não estou brincando... *Dizia tentando não gaguejar, não ouvia Luiz rir daquela maneira a muito tempo*

-Ah, não sei de que sigilo você fala... *Dizia enquanto apagava o cigarro no pote disposto na cômoda ao lado da janela, finalmente se virando para Jair, estava brincando consigo, estampando um sorriso maligno*

-Eu sei que você sabe de qual eu falo, e faço qualquer coisa para-

-Qualquer coisa? *Perguntava, erguendo uma das sobrancelha, com um sorriso malicioso e com um tom de interesse, que fez com que Jair engolisse seco e sentisse o corpo se arrepiar, piscando diversas vezes* Reze

-O-O que...? *Gaguejava sem jeito, tentando manter a compostura*

-Pedi para rezar... *Dizia se levantando, mesmo que não fosse mais alto que o outro, ainda parecia ter um ar dominante* Se ajoelhe... e reze *Dizia apontando para o chão bem a frente de si*

  Jair ficou alguns segundos em silêncio, olhando da mão de Luiz que apontava para o chão, a qual continha apenas quatro dedos, e para o seu rosto, qual não mostrava resquícios de estar brincando

-Ô, pera lá... *Dizia cruzando os braços, com um sorriso nervoso* Isso é alguma brincadeira?

-Uai, você não é cristão? Não diz que é "Deus acima de todos"? Isso se refere também a tu... *Falava sorrindo de lado* Ou talvez o vídeo da maçonaria realmente mostrava o contrário...

-Eu sou cristão *Afirmava ficando irritado* Dos pés a cabeça!

-Então me prove *Disse pegando um cigarro e o acendendo, dando um trago antes de continuar* se ajoelhe

  Jair não sabia como reagir, aquele pedido era um tanto estranho para si, sem contar que sentia o estômago estremecer, talvez estivesse com fome, pensava no quanto cairia bem um pastel com suco de cana naquele momento.

-Quer que eu deixe o sigilo? *Perguntava tirando Bozo do seu desvaneio, qual concordou com a cabeça*

  Aquilo ia contra tudo o que ele havia lutado, mas cedeu, colocou um joelho e depois o outro, enquanto procurava em sua memória as rezas que conhecia de sua religião.

  Luiz não sabia exatamente o que estava fazendo, na verdade não fazia ideia mas desejava imensamente ver a imagem a sua frente daquela forma, como se implorasse por seu perdão, por ter feito tudo o que fez com seu grandioso Brasil

-Não parece tão ameaçador nessa posição... *Debochava Lula rindo rouco, o que fez bozo corar, afirmou mentalmente que era de irritação* Quase esqueci que você tem histórico de atleta, então sabe fazer algumas posições... *Falava em um tom zombadeiro e ao mesmo tempo maldoso, de forma que fez Jair naquela posição sentir as pernas estremecerem*

-Cretino, vai fazer o que te mandei? *Falava olhando cima, observando Lula*

-Me mandou? *Repetiu a palavra, dando outro sorriso, tinha uma ideia* Mas não acabamos... *Dizia começando a desabotoar o botão de sua calça*

-Opa, o que é isso?! *Perguntava Jair, quase que se levantando*

-Eu lembro de você dizer que faria qualquer coisa... *Continuava, sorrindo perante a expressão do homem* Isso incluí tudo o que eu quiser que faça.

  Jair acreditava que era um homem macho, dizia no seu grupo de amigos o quanto pegava mulher a torto e a direita, mas naquele momento estava de joelhos de frente ao homem qual era seu rival e tinha o roubado a presidência, vendo-o quase nu, com a calça pouco baixa, o que já mostrava um volume contra a cueca

-Gostou da paisagem? *Perguntava Lula com um sorriso até que sádico a visão para Jair, que estava a beira do desamparo* Parece que nunca viu um pênis na vida... vamos, comece *Dizia com uma das mãos na cintura e a outra com o cigarro na boca*

-C-Como?! *Perguntava confuso e horrorizado, por algum motivo seu coração começou a acelerar*

-Ajoelhou, reze, e reze muito bem, pelo seu precioso sigilo, e se fizer um bom trabalho, vai mostrar no quanto quer que eu não o abra, fechou parça? *Falava dando outra tragada no cigarro, balançando de leve a cintura para frente*

  Ele ainda estava tentando processar a situação, mas pela fala do seu inimigo sobre o sigilo, fechou os olhos e os abriu com tudo, colocando as mãos na cueca do outro e a puxando para baixo rapidamente, agarrando de forma quase que agressiva o pênis do outro, iria mostrar para aquele ladrão o quanto era homem.

-Hn, e-eita *Soltava Lula enquanto tampava a boca com a mão do cigarro, com os olhos arregalados*

  Luiz estava realmente brincando, na verdade estava testando os limites de Bolsonaro, era tudo o que ele queria, mas a visão do outro a sua frente submisso a si era em demasiado interessante demais para não aproveitar
  Desajeitado, Jair começou a masturbar o outro, Lula imaginava que talvez ele não soubesse mais como faze-lo, já que era tão broxavel, mas chegou em um ponto que teve de conter os gemidos para não atrair a atenção indesejada de fora

-Agrh, B-Bozo... *Sussurrava rouco, enquanto o outro abaixo de si evitava contato visual, compreensível, mas Lula não gostou daquilo, por isso tirou a mão da cintura e puxou o queixo dele para cima, forçando com que os olhos se encontrassem* Na boca *Disse com firmeza*

  Não tinha mais nenhum limite, a sanidade dos dois já havia sido tacada da janela, Jair por incrível que pareça sugou seu íntimo como se o fizesse o tempo todo, tanta precisão e força de vontade que Lula chegou a morder a mão e se sentar na cama, com o outro ainda posicionado abaixo de si, o levando já ao terceiro orgasmo

  Enquanto recuperava o fôlego, seu cigarro já tinha se apagado sob o chão com seu esperma, Bozo tinha se sentado no chão exausto, tentando compreender tudo o que sentia no momento, não querendo deixar transparecer sua curiosidade quanto com aquilo e nem nada parecido
  Os dois trocaram olhares e logo Jair se levantou, arrumou suas roupas e saiu, sem dizer uma palavra, enquanto Lula tentou se arrumar, tirando o paletó e pensando em como limparia aquela sujeita pelo ambiente
  Bolsonaro repetia na sua cabeça que era tudo pelo sigilo, enquanto Inácio ainda tentava crer que tinha realmente se excitado com o seu maior rival, e ainda com o fato de que esperava que não fosse a última vez, coisa que dependendo dele, não seria.