Capítulo 1

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Essa poderia ser apenas mais uma manhã normal de sábado, onde eu acordaria no meu quarto, com uma ressaca desgraçada, depois de ter bebido horrores noite passada, em mais uma das festas que costumo frequentar, orgulhosa de mim mesma por ter dado um fora no maior número de caras possíveis, apenas para contribuir com meu gigantesco ego. Isso se meus pais não tivessem decidido conversar comigo depois do café da manhã.

Bom, Franciele e Vincenzo Vacchiano são empresários famosos e muito bem sucedidos na Itália, donos de uma das maiores empresas do país. O que certamente me concede vários privilégios.

Mas não deixe que isso te influencie. Embora eu seja sim, uma filhinha de papai, nunca deixei isso me influenciar. Aos 17 anos acabei de me formar no ensino médio. E fui influenciada pelos meus pais em não ter pressa para comecar uka faculdade tão cedo.

Eu só não esperava que o assunto fosse aquele.

Reuni toda a coragem que consegui e me levantei da minha cama, seguindo para o banheiro. Após tomar meu banho gelado, me vesti e arrumei meus lisos cabelos castanhos, desci direto para a sala de jantar, onde encontrei meus pais já servidos com suas xícaras de café, mas que, ao me verem, aparentatam estar meio nervosos.

Cumprimentei ambos com um beijo no rosto e um "bom dia", como sempre fazia em todas as típicas manhãs.

Me sentei a esquerda de meu pai, e me servi com um copo de suco de laranja e uma fatia de um bolo de chocolate que Kiara, a cozinheira sabia que eu adorava.

-Adoro quando Kiara faz esse bolo. - digo antes de comer mais um pedaço.

-Sabemos disso querida, por isso pedimos que ela fizesse. - meu pai me diz. - Coma um destes morangos, estão divinos.

Faço o que ele me diz e vejo que estava certo.

-Sabe querida, sua mãe e eu queríamos muito conversar com você.  - continua ele, aparentemente, receoso?

-Claro, podem falar. Aconteceu alguma coisa? - indago.

-Na verdade sim. Meu anjo, veja bem... - começa minha mãe. - Você agora já é uma mulher, e, bem, entende como tocamos os negócios. - aceno com a cabeça e ela continua. - Pois bem. Nós recebemos uma proposta, para um acordo, na verdade. E não é do tipo de proposta que se recusa.

-O que sua mãe quer dizer, querida, é que precisamos e sua colaboração para isso. Claro que não vamos te forçar a fazer nada que não queira, mas isso pode influenciar no seu futuro, e no da empresa também.

-Poderíamos ir direto ao assunto, por favor? - peço.

-Tudo bem, meu anjo. Bom, você sabe  que temos uma grande concorrência com com os Galaretto, não sabe? - confirmo e ela continua. - Pois então. Não foi a público ainda, mas a nossa empresa corre um risco gigantesco de falir em pouco tempo. Augusto Galaretto é um homem orgulhoso, e se recusa a aceitar que não queremos, simplesmente vender nossa empresa para ele. Mas nos fez uma proposta. E você, como herdeira dos Vacchiano, que um dia poderá  assumir nossos negócios, deve entender que nossa empresa émuito importante para a família, veja só, à três gerações temos nosso império. Augusto sabe disso, por isso nos fez a proposta.

- Ok. É muita informação. Por que não me contaram? - assinto, sem entender muita coisa- E afinal, qual é a proposta do senhor Galaretto?

-Augusto Galaretto tem um único filho, que, se tudo correr como o planejado, no futuro assumirá a empresa do pai. Galaretto quer unir nossas famílias, nossas empresas. Ele deseja uma aliança. Augusto quer um casamento entre você e o filho.

A frase final me paralisou.

-Com-como é? Ele... Eu? O que? Mas pai... você sabe que eu não tenho planos de me casar! Ao menos não tão cedo! Eu ainda nem fiz 18 anos! Vocês... Vocês já deram alguma resposta?

-Tente entender querida... Quanto ao seu aniversário, já é no mês que vem. Mas, não, nós não demos uma resposta. Não faríamos nada sem consultar você antes filha. Sua resposta é a resposta final. Só... Não responda ainda. Tome um tempo para si, e pense um pouco antes. Terá nosso apoio com qualquer decisão que tomar. Só... veja bem tudo que está em jogo.

Depois que a conversa acabou, subi de volta para o meu quarto me arrumar, pois tinha combinado de ir ao shopping com Gabriele, minha melhor amiga. Vesti uma calça pantalona azul marinha, um cropped branco e um salto também branco.

-Meu Deus... E você já sabe o quevai fazer amiga? Sobre isso? Quer dizer... Embora você tenha que se casar com um desconhecido, é uma ótima oportunidade para a empresa, não é?  E para você também.  - ela me diz depois que eu conto tudo sobre a conversa com meus pais.

-Eu sei Gabi, mas ainda não tenho certeza se que é isso que eu quero, sabe? Me casar com alguém que eu não conheço...

-Eu sei Mah, Só pensa com cuidado, para não se arrepender no futuro. Além do mais, me adimira que você não o conheça. O cara é um empresario famoso na Itália inteira! Vocês iriam ser obras de arte! O cara é um gato!

-Gabi! Não começa não!  Eu já te disse que ainda não tenho a resposta!

-Qual é Maria! Você ainda não disse não! Temos que ir em bora logo, essas sacolas estão pesadas. Meu Deus! - exclama, parando na frente de mais uma vitrine. - Olha esse vestido! - aponta pra um vestido Zell branco. - Amiga, isso ficaria perfeito em você!

Gabriele me fez provar o tal vestido, e ela tinha razão. Ficou perfeito em mim, e ela me fez levá-lo. Assim eu fiz. Talvez eu não devesse continuar gastando, mas eu não pude resistir.

Cheguei em casa quase no horário do almoço e fui direto para meu quarto com todas as sacolas de compras.

Estava tirando todas as roupas das sacolas, quando ouço batidas na porta e mando que entrem. Era Antonella, nossa governanta.

- Com licença senhorita Maria seus pais estão te esperando para almoçar.

- Tudo bem senhora Esposito, já estou descendo, obrigada.

- Por nada senhorita. Se me permite, a senhorita já se decidiu sobre o casamento?

- Ainda não tenho certeza a respeito disso, estou tão confusa! Eu nem sequer o conheço...

- Sabe senhorita, eu tive um casamento arranjado quando tinha sua idade. Claro que por razões diferentes, mas ainda assim. E eu não me arrependo de ter aceitado. Assim como a senhorita, eu não conhecia, mas fui me apaixonando cada vez mais por aquele homem. Foi o amor da minha vida. Infelizmente Deus o levou bem cedo, mas isso não vem ao caso. E se é o fato de ser um desconhecido que te assusta, não se preocupe. Eu conheci o menino Galaretto. Minha irmã cuidou dele quando o garoto era criança. Ele é um bom rapaz.

- Eu não sabia disso. Muito obrigada senhora Esposito.

- Não precisa agradecer, minha menina. - Disse por fim, ao se retirar do cômodo.

Esperei mais uns minutos e desci também. Eu já tinha tomado minha decisão.

Encontrei meus pais já sentados, esperando por mim, me sentei e nós fomos servidos.

O almoço foi tranquilo e ninguém tocou no assunto do casamento, até que eu mencionei já ter tomado minha decisão.

-Fico feliz com isso querida, porque Augusto Galaretto, o filho e a esposa vem para jantar conosco esta noite. Então, sugiro que pense se essa é realmente a decisão certa a se tomar e nos conte hoje à noite. - Disse meu pai.

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