VOCÊ!

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Macau estava em casa, perambulando com uma mistura peculiar de desconforto e satisfação. A noite anterior de amor intenso tinha deixado suas marcas, e ele estava mancando um pouco, um lembrete físico da paixão que havia experimentado.

Ele se movia pela casa com um sorriso malicioso, apesar da dor persistente em sua perna. Cada objeto que seus olhos encontravam, cada som que seus ouvidos captavam, trazia de volta vívidas memórias da noite passada.

De repente, Pete aparece, lançando um olhar de diversão para Macau.

—Hum, esse andar torto aí é motivo de alegria ou tristeza? Pete pergunta, um sorriso brincalhão em seu rosto.
—Os dois. Alegria por ter acontecido e tristeza por ter acabado tão rápido, Macau responde, mantendo o sorriso.
—Se você está assim em algo rápido, se demorasse mais, você seria finado Macau, não acha?

Pete brinca, passando a mão pelos cabelos de Macau.

—Disfarce quando seu irmão chegar. Tenho a leve impressão que ele ainda acredita que você é puro e imaculado. Tenho que conversar com ele direitinho antes de revelar que na verdade o irmão dele é um safado.

Macau sorri para o cunhado em cumplicidade. Resolveu revelar a triste realidade em que se encontrava. Contou sobre o encontro casual e como o outro havia sumido logo em seguida, dando ênfase nas palavras do bilhete.

Pete escutou e se manteve imparcial.

—Ele não quer ser encontrado, Macau. Foi honesto.
—Mas eu quero.
—Mas ele não quer.
—Mas eu quero e vou encontrá-lo. E você vai me ajudar.
—Eu? Eu não. Dessa vez eu estou do lado do feiticeiro da noite.
—Pete. Se fosse o Vegas, você teria desistido dele sem tentar?
Pete sorri.
—Claro. E minha vida seria mais simples sem seu irmão pistoleiro na minha cola.
—Sei...
Pete abriu o jogo.
—Não, Macau. Não desistiria, mas não quero que você tenha o meu relacionamento com seu irmão como modelo. Na faculdade de relacionamento tóxico, conturbado, eu e Vegas somos doutores. Não quero isso pra você. Deixe essa semana passar. Se a sua obsessão por esse rapaz não passar, vamos encontrá-lo. E se ele disser não, você vai seguir sua vida.
—Hum, ele vai dizer sim.
—Talvez.
—Você está contra mim, Pete? Eu estou sentindo isso.
Pete sorri.
—Nunca, mas não quero que você não saiba aceitar um não e invente de sequestrar alguém e mantê-lo em cativeiro.

Pete e Macau riram, os dois sabiam muito bem que aquilo era mais do que uma piada. Era a realidade nua e crua de suas vidas, contada com um toque de humor.

A semana passou e Macau não mudou. Ele estava mais deprimido do que nunca, afundado em pensamentos sobre a pessoa que havia sumido tão repentinamente.

—Macau, estou começando a achar que você sonhou com essa pessoa. Não tem como, viu, Time comenta, quebrando o silêncio.
—Antes fosse—Macau suspira, a tristeza evidente em sua voz.

—Você não quer me dar as informações, senão eu já teria mexido meus pauzinhos— Time continua, tentando aliviar a tensão —Falando nisso, meu namorado vai chegar por aí.
—Finalmente, né. Eu também estava achando que era invenção sua esse namorado.
—Invenção não dá um rombo no bolso pra andar de Porsche não. Mas meu namorado vale cada centavo centavos gasto. Vê se não fica babando nele, sei que é difícil pra você se concentrar quando vê homem bonito.

Mas Macau nem escutou a última parte,foi inevitável para Macau não lembrar do seu encontro. O chá bem dado que ele levou ainda estava fresco em sua mente.

—Acorda pra vida. Está na terra dos sonhos,— Time provoca, tentando arrancar um sorriso de Macau.

E ainda assim, Time continuava a perturbar seu juízo.

Justo quando Macau estava prestes a jogar Time na piscina, uma figura familiar cruzou a entrada. Seu coração pulou uma batida, seus olhos se arregalaram. Ele piscou várias vezes, tentando afastar a imagem que sua mente teimava em mostrar. Seria uma miragem? Ou ele estava realmente vendo o barman em todos os lugares agora?

Ele se esforçou para focar, para distinguir a realidade da imaginação. Mas então, ele escutou a voz. Uma voz que ele reconheceria em qualquer lugar, uma voz que tinha o poder de fazer seu coração acelerar e seu estômago revirar. Não, definitivamente não era imaginação.

— Até que enfim chegou. Macau, esse aqui é meu namorado, Tay.—Time apresentou.

O sorriso que antes brincava nos lábios de Macau desapareceu, substituído por uma expressão de choque. O sorriso de Tay, por outro lado, se alargou ainda mais, como se estivesse se deliciando com a surpresa estampada no rosto de Macau.

Era como se o tempo tivesse parado. O mundo ao redor de Macau parecia desaparecer, deixando apenas ele e Tay. Ele sentiu seu coração batendo forte no peito, a surpresa e a decepção se misturando em uma emoção confusa.

Ele estava ali, bem na frente dele. Tay, o homem que ele não conseguia tirar da cabeça, o homem que tinha desaparecido sem deixar rastros, estava ali, bem na frente dele. E ele era o namorado de Time.

****Tay

Sabe aquela sensação de que você está prestes a cair de uma montanha-russa? Pois bem, eu raramente sinto isso, já que meu rostinho bonito costuma ser meu paraquedas. Mas quando eu fiz amor com aquele garoto, eu senti. Não foi apenas medo, foi uma mistura de apreensão e um estranho tipo de excitação.

Para alguém como eu, que sempre foi confiante e seguro, essa sensação de vulnerabilidade foi nova e desconfortável. Estou acostumado a controlar minhas emoções, a manter uma fachada de indiferença. Mas com aquele garoto, senti algo que não pude controlar. Isso me assustou, mas ao mesmo tempo, foi excitante.

Então, eu fiz o que eu sei fazer muito bem: fugir. Não posso arriscar minha independência nesse jogo de se apaixonar. Antes de partir, dei uma última olhada para aquela beleza natural. E meu coração, aquele traidor, aqueceu.

—Tay, aconteceu alguma coisa? A voz de Arm me puxa de volta à realidade, me afastando dos pensamentos sobre o garoto. Ele está me ajudando a ajeitar o cabelo, uma expressão de preocupação em seu rosto.
—Não. Só que, não vou aparecer na boate esses dias.

—Sei! Isso não teria relação com um certo marretinho, teria?

—Talvez. Quem sabe. Você não acreditaria o quanto aquele menino é gostoso.

—Cuidado, viu. Os novinhos são os piores—ele diz, saindo.

Passei o resto da semana tentando distrair minha mente. Mas, de vez em quando, eu me pegava lembrando de nós dois e das possibilidades. Lutando contra mim mesmo, tentando reconciliar o medo que sentia com o desejo de me permitir sentir, de me permitir ser vulnerável. E essa luta interna estava me deixando mais confuso e assustado do que nunca.

Hoje, Time insistiu em me apresentar como namorado. Ele acha que vou soltar fogos. Na verdade, eu  só vou, porque preciso encontrar uma emoção  e esquecer a sensação que aquele garoto me fez sentir. Mas, eis que a vida não me dá descanso.

Macau, agora sei seu nome, está aqui na minha frente. Simples e lindo. E eu, bem, estou aqui, preso entre a realidade e um sentimento que não consigo definir.

***

VIP-Tay E Macau-Universo Kinnporsche Onde histórias criam vida. Descubra agora