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VALEN

Observo a maleta preta em suas mãos , o charuto babado em seus lábios , uma cena horrível o suficiente pra me dar ânsia de vomito .

Mesa ao centro do grande restaurante , o clima ensolarado , deixando o ambiente perfeito para o Rio de Janeiro , dois seguranças sentados ao seu lado , dois na porta de entrada e quatro verificando em todos os quatro cantos do local.

Ele nunca vem para cá em dias nublados , os dias de sol são os mais bem vistos para seus clientes caírem em seu golpe ultrapassado , dois dias foram o suficiente para coletar as informações certas .

Flávio Araújo, 58 anos , empresário renomado das empresas TF ARAÚJO, segundo ele , a sigla de sua inicial com a de seu amado filho que morreu no exército,  o maior orgulho de toda sua jornada .

De longe um homem chegando a casa dos 60 anos , bem sucedido e que não faz mal a ninguém,  apenas ajuda os velhos aposentados e tem empresas multimilionários.
Mas que de perto não passa de um velho babão,  ele acha que eu não reparei nas olhadas sujas que ele joga em minha direção, com o charuto velho e nojento em sua boca , planeja planos sórdidos e cruéis em seus pensamentos .

Arquitetei todos os planos , quais os horários que ele vem aqui , onde irá depois , em qual mesa sentará, qual o momento que irei cruzar minhas pernas , mas precisa ser em um momento que ele esteja me olhando , assim sua atenção será capturada.
Na cabeça suja e burra dele , sou apenas uma jovem santa e indefesa que está interessada em suas mãos calejadas e podres .

O cão é muito bem articulado .
Mas eu com toda certeza , sou ainda mais .

Entrego o dinheiro para o garçom que sorri e se afasta da mesa , me levando arrumando as mangas da blusa e pego minha bolsa caminhando em direção a saída.

Passe em direção a mesa dele , dê um sorriso gentil enquanto leva uma das mãos em direção a alça da bolsa apoiada em seu ombro , morda o lábio levemente para criar um rubor vermelho neles .
Caminhe em direção a saída e veja seus capangas te olharem com segundas intenções.

Irão achar que você é apenas uma vadia aproveitadora .
E será assim que você despertará o interesse do pai imbecil de seu marido traidor. 

Suspiro assim que entro em meu carro e reviro meus olhos , batendo meus dedos impacientemente no volante do carro .
Já se passaram sete meses que trouxe Thiago pro hospital , e ainda nada , nenhum sinal de porra de vida naquele imbecil .
Faz dois meses que descobri que Flávio é pai dele , no começo aquele velho começou dando em cima d mim , quando tentei descobrir mais a fundo , acertei em cheio.
Continuo trabalhando igual uma cachorra , coitado d quem pensa que só pelo fato de ser dona daquilo , você você precisa trabalhar nele , tudo bem que é em partes mais fácil,  mas em outras é um porre .

Escuto o celular vibrar e retiro da minha bolsa , vejo na tela uma mensagem de Helena , desde que tirei Thiago do morro , ela sempre pergunta se tem melhoras , e continua do mesmo jeito .

Nenhuma melhora

Suas costas já estão cicatrizadas , já mudaram sua posição para colocar os aparelhos nos lugares certos e mesmo assim nada.
Hospital me deu apenas mais um mês para esperar alguma melhora ou irão desligar os aparelhos , uma coisa que estou tentando evitar desde o começo.

Mordo meu lábio apreensiva e solto um longo suspiro , ligo o carro e logo dou partida em direção ao hospital .
Assim que encosto o carro no estacionamento , vacilo põe alguns segundos e logo tomo coragem , indo em direção à recepção.

- preciso falar com a doutora Daniele.... — Falo pra uma das recepcionista assim que chego na bancada 

Caminho até a sala assim que a mesma avisa sobre minha chegada , assim que abro a porta da sala e cruzo o caminho adentrando a mesma , cruzo meus braços .

- mande desligar os aparelhos ... — Mordo meu lábio olhando pra mesma e suspiro fechando meus olhos

Dr D: Boa tarde Valentina , como está? — Pergunta irônica e reviro meus olhos

- Já se passaram sete meses e nenhuma evolução, existem outras pessoas que precisam desses aparelhos ..então não adianta ficar tentando tapar o sol com a peneira se ele já está morto.

Dr D: certeza que quer fazer isso ? — Pergunta me olhando e concordo com a cabeça

- Tenha um bom dia , passar bem — dou um mínimo sorriso e caminho pra fora da sala , seguindo o corredor em direção ao elevador

Mordo meu lábio,  formando uma linha reta e quase imperceptível em meus lábios,  tentando controlar o nó em minha garganta e a vontade de chorar .

Carol : VALENTINA — escuto a enfermeira gritar meu nome e olho para trás — Ele acordou .

Demoro alguns segundos tentando processar a informação, olho pra mesma sem entender e rio fraco

- desculpa ... pode repetir ?!

Carol: ele acabou de acordar , e esta furioso , ele está tentando se levantar e pode abrir os pontos e isso causaria um danos terri.....

Mal espero a mesma terminar de falar e corro em direção ao corredor onde ficavam os quartos .

Ele acordou

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𝕍𝕒𝕝𝕖𝕟𝕥𝕚𝕟𝕒Onde histórias criam vida. Descubra agora