Já faz um ano que ele se foi, um ano daquela maldita tragédia. Eu tenho tentado viver minha vida normalmente desde de então, mas não está sendo nada fácil, desde de o dia de sua morte seu espírito tem me assombrado em meus sonhos. Seu rosto angelical e triste, olhando diretamente em meus olhos e sua mão macia e gelada tocando meu rosto. Era sempre o mesmo sonho, sempre as mesmas palavras "eu precisava de você, aonde você estava". E eu acordava logo em seguida, toda suada e com o coração acelerado.
Eu me sentia mais culpada a cada dia que passava, a cada noite, a cada sonho, cada memoria dele em minha mente. Até quando seu espirito iria me atormentar.
Talvez se eu não o tivesse ignorado, se eu não tivesse dito aquelas besteiras, nada disso teria acontecido, eu devia ter deixado meu orgulho de lado, e nada disso teria acontecido.
Essa noite o pesadelo foi diferente. Ele estava em minha frente, me olhando profundamente com um olhar vazio, e não segurava eu rosto dessa vez, ao invés disso ele segurava minhas duas mãos enquanto dizia:
_ Eu preciso de você, preciso que venha ate mim. _sua expressão era seria e me assustava um pouco, ele nunca avia falado mais do que as mesmas palavras de sempre.
Eu engoli seco e o respondi:
_ Não posso ir até você, isso não é real Ryan.
Eu me questionava se era realmente um sonho, tudo parecia tão real, sua voz ecoando em minha cabeça, o medo a qual eu estava sentindo, parecia tão real.
_ Você precisa vim até mim, precisa me encontrar_ seus vazios olhos azuis se tornaram completamente pretos, e veias de sangue surgiram embaixo de seus olhos. Parecia que ele iria engolir minha alma. _ Venha ate mim. _ sua ultima frase ecoou tão alto em minha cabeça que acordei com o susto.
Eu estava toda encharcada de suor, com o coração quase explodindo. Estava aterrorizada.
Não consegui dormir mais aquela noite, fiquei acordada pensando no que ele queria dizer com venha ate mim. Um pouco mais tarde, por volta da seis da manhã me veio em mente que talvez ele quisesse que eu me matasse, que o encontrasse do outro lado e assim eu tentei, mas descobri que não era aquilo. Eu me joguei na frente de um caminhão, mas minutos antes de ser acertada por ele senti alguém me puxando de volta para a calçada, e quando olhei em volta, não um humano se quer naquela rua. Ele me salvou, mas porquê?
Eu resolvi voltar pra casa, tentar entender o que ele quis dizer. Eu não conseguia entender, se não era a minha morte que ele queria, o que será que ele quer?
Frustrada de tanto pensar, dei um leve soco na mesa, que fez com o radio em cima dela caísse no chão. Assim que o coloquei de volta na mesa ele começou a chiar. Eu levantei imediatamente, me afastando da mesa devido o susto. Logo em seguida uma voz doce porem meio falha sai dele.
_ Me encontre a onde eu te deixei.
Logo em seguida o radio parou de chiar. Fiquei alguns segundo processando o que havia acabado de acontecer. Só agora eu havia entendido, ele queria que fosse ao penhasco, ao mesmo penhasco do qual ele pulou naquela noite.
Eu estava receosa, mas fui mesmo assim, eu não aquentava mais esse tormento, esses pesadelos, a culpa. Então, lá estava eu, em pé na beira daquele enorme penhasco, no mesmo penhasco que ele morreu. Uma leve e fria brisa batei em meu rosto, e logo em seguida ouvi sua voz.
_Você veio. _sua voz parecia ao suave e calma
_Você não me deu muita escolha _ minha voz estava falha, e lagrimas ameaçavam cair de meus olhos.
_ Sinto muito, mas eu preciso de você. _ sua voz continuava calma, porem dessa vez havia tristeza nela.
_ Por quê? Por que está fazendo isso comigo? Eu não aguento mais esse tormento essa culpa _ as lagrimas começaram a cair desesperadamente de meus olhos e minha voz começara a falhar um pouco. _Eu sinto, sinto muito por não ter chegado a tempo, sinto muito por ter deixado meu orgulho falar mais alto e por ter falado aquelas merdas pra você, eu já me sinto culpada o suficiente por tudo o que aconteceu, por que você continua a me assombrar?
_ Porque isso é culpa sua querida, você sabe disso e é por isso que se sente tão culpada. _ o tom de sua voz havia mudado, não estava apenas triste, estava um pouco maléfica também _ você fez isso, você e os outros que diziam ser meus amigos, e agora _ ele deu uma pequena e dramática pausa. _ agora vocês vão pagar.
Eu sabia o que estava prestes a acontecer, havia chegado a minha hora. Ele queria que eu morresse da mesma forma que ele, sentindo o que ele sentiu. Ryan disse suas ultimas palavras antes de me atirar do penhasco.
_ Aproveite a queda. _ Foram as ultimas palavras que escutei antes de jogada em direção a morte.
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o penhasco
ParanormalEstou em uma vibe de criar historias curtas e de capitulo único e essa é uma delas *História de capitulo *Criada exclusivamente por mim, de minha completa autoria *Não seja um leitor fantasma *Plagio é crime ...