Puppy Espacial

Capítulo 1

Você já se perguntou "porque gatos são tão estranhos?"? Talvez você tenha pensado isso ao olhar para o seu e ver que ele está encarando e miando para nada além do vazio. Gatos são de fato seres curiosos e misteriosos, ou pelo menos eram...

Pepe, uma gata preta com alguns pelos brancos, é de fato a gata mais maluca que já conheci. Já não bastava destruir rolos inteiros de papel higiênico por puro prazer ou subir em lugares perigosíssimos só porque são altos, ela tinha mesmo de ser uma aspirante a agente secreta espacial?

Nossa história começa nos dias atuais, quando Pepe estava a beber água em seu potinho no meio da noite. Estava ansiosa para mais um dia de trabalho e isso a deixou um pouco agitada naquele dia. Esperava que toda a sua loucura tivesse cansado seus humanos, pra que a noite dormissem tempo o suficiente para completar uma missão.

Ela estava pensando coisas como "porque eles bebem daquela água gostosinha enquanto nós temos que nos contentar dessa água de torneira? Isso é no mínimo humilhante, imagina quantas doenças eu posso pegar bebendo isso aqui"? Quando sua coleira acendeu e em suas orelhas pôde ouvir o chamado de seu líder, que se fez como um pequeno holograma a sua frente. Enquanto isso, um de seus humanos estava passando por perto a caminho de pegar água para si na cozinha. Pra ele, a gata estava só (mais uma vez) encarando e miando para o vazio, então ignorou. Com medo, mas ignorou.

Seu líder dizia que o Oráculo havia convocado a ela e seus amigos para uma missão de libertar reféns num planeta de seu território. Sem questionar, ela aceitou a missão. Seu dono ainda estava lá bebendo sua água quando a conversa terminou. Eles se olharam e Pepe piscou lentamente para ele. Isso o assustou mais um pouco, a ponto de só guardar seu copo e voltar a dormir, mesmo com toda a sua preguiça e sono. "Me desculpe, humano 23, mas preciso sair de novo. Pelos meus bigodes, a Galáxia será salva!"

Pepe esperou que o humano e todos os outros naquela casa fossem dormir para que enfim pudesse sair. Quando o momento chegou, ela se deitou num cantinho agradável perto da janela e se libertou. Num fechar de olhos, sua consciência havia sido separada de seu corpo e ela já não tinha mais uma aparência tão animalesca. Diferente do seu corpo deitado no chão, ela tinha o corpo humanoide, mas com características de animais. Por um lado, ela ficava de pé e se parecia como uma humana, mas ainda tinha cabeça de gato e era toda coberta de pelos. Seu rabo havia ficado maior, assim como o seu corpo e os dedos de suas patas deixaram de ser tão inúteis. Ela agora podia segurar as coisas, ao invés de só arranhar. Mas isso não significava que tinha se tornado imortal ou algo assim, ela ainda tinha as mesmas fraquezas de um gato.

Pepe subiu na janela e encarou a imagem em sua frente. Estava de noite e todas as casas estavam escuras como a sua, provavelmente estavam todos dormindo naquela região. Ela então viu feixes de luz saindo de janelas e voando mais rápido que a luz, todos indo pela mesma direção: o céu. Se um humano visse isso seria um completo caos, todos diriam que era o fim dos tempos ou que alienígenas estavam pra atacar a terra, mas era impossível. Humanos não poderiam enxergar a consciência nem se soubessem o que ela é ou que existe.

Só faltava mais um passo para Pepe naquele momento: pular. Gatos amam pular, mas esse pulo era arriscado. A janela de sua casa ficava a uns 14 metros do chão, seria uma queda feia se não fosse um pulo correto. Mas isso não a assustava, ela já tinha muita experiência (tanto com pulos espaciais quanto com quedas feias). Então, ela pulou. Pulou para o nada. Estava quase caindo quando foi puxada com força pelo vento. Ela está voando agora, voando tão rápido que fazia cambalhotas pelo ar. A sensação de voar pelas ruas a noite, atravessar nuvens e sentir a brisa batendo era muito boa. Ela começou a voar para cima e, quando se deu conta, já não estava mais na terra. Ela agora estava voando pelo espaço. Ao seu redor ela via outras muitas consciências de diferentes animais voando na mesma direção que ela.

A velocidade começou a aumentar quando um traje especial começou a se formar em seu corpo. Era uma roupa estilosa, devo dizer. Havia dois braceletes enormes em seus braços, a parte superior era como uma camisa sem mangas mas com detalhes técnicos que davam um ar de seriedade, um short com 3 aberturas (para as pernas e o rabo) se formou e sua coleira se transformou num tipo de rádio que ela usava para traduzir suas falas e se comunicar com os outros. O traje combinava as cores branca e vermelha, por escolha da própria Pepe.

Assim que o traje se formou, ela pôde se ver chegando perto de seu destino: Gartolz. Era uma plataforma enorme (do tamanho de Júpiter) que ficava no meio do nada, muito semelhante ao que as consciencias de Lhamas presas aos humanos chamam de Terra Plana. Abaixo dela haviam milhões de tubos gigantes por onde as consciências entravam. Foi por uma delas que Pepe entrou e foi mandada pra sala de seu líder.