A despedida dos pais de Geto não foi tão calorosa quanto Jade pensou que seria. Apesar dos mais velhos nitidamente nutrirem um carinho especial pelo filho, não eram muito chegados em contato físico ou demonstrações de amor muito pertinentes, ela notou, mas não deixavam de sempre estarem presentes emocionalmente em todas os momentos importantes da vida dele. A morena o invejou um pouco por aquilo. Sua mãe nunca esteve presente emocionalmente e eram raras as vezes que ela fisicamente fazia o papel de mãe, quanto ao seu pai, estar fisicamente presente, mas nunca emocionalmente cansava mais ela do que ele, estava cansada de fazer de tudo para chamar a atenção do mais velho para si.
O cansaço de ser filha de pais que deveriam ter ido para a terapia ao invés de terem uma filha a consumiu por inteiro na medida em que foi crescendo, chegando ao seu limite no momento em que seu pai a expulsou de casa por uma situação onde ela fora a vítima.
Apesar de terem uma criação diferente da menina e não serem muito ternos com os outros, os pais de Geto tentaram ao máximo não deixar a estadia de todos desconfortável. Como por exemplo agora, dona Aiko ensinava Gojo a comer natto no café da manhã enquanto outros terminavam de arrumar suas malas.
Jade estava sentada ao lado do platinado, olhando para o alimento de textura pegajosa com a expressão mais enojada que já havia sido estampada em seu rosto. Claro, sabia que era um alimento muito comum no Japão, principalmente para ser consumido no café da manhã, mas ouvir o barulho molhado que a soja fermentada fazia quando os hashis a tiravam do potinho para juntá-la ao arroz fazia seu estômago embrulhar.
O platinado não estava com a expressão muito diferente da dela, ambos olhavam para o natto como se fosse um bicho de sete cabeças, o que seria bem melhor do que comer aquilo, os dois pensaram. Dona Aiko terminou de misturá-lo com um pouco de arroz e pegou uma porção pequena com os hashis, os direcionando à boca de Gojo.
— Abra a boca, americano.
Satoru olhou para a amiga de relance em uma súplica antes de fazer o que a mais velha mandou. O homem havia apostado com a morena que o gosto não era tão ruim quanto sua aparência, a mãe de Geto calhou em ouvir e entender o necessário do seu pequeno desafio e se propôs a oferecer uma pequena porção da soja fermentada ao platinado.
Assim que o alimento entrou em contato com o interior da boca do homem, seu rosto se contorceu tanto que Jade jurava que o veria vomitar em cima do tatame impecável que cobria o chão da casa. Os olhos cristalinos marejaram e a morena teve que usar uma das mãos para impedir que sua risada escapasse de seus lábios.
Enquanto a Zenin se divertia com o sofrimento de Gojo, ele admitia internamente que errou, aquilo era ainda mais nojento quando colocado na boca. Não sabia se era o gosto em si, o cheiro forte ou a textura incomum que mais o incomodava, mas com certeza as três coisas juntas o fizeram pensar que na vida passada havia jogado pedra da cruz para estar sofrendo daquele jeito.
— O que achou? – dona Aiko perguntou em expectativa.
Satoru abriu os olhos apenas quando conseguiu engolir o natto e fungou uma vez, estava atordoado demais pelo gosto que ainda residia em suas papilas degustativas para falar algo, então Jade se viu na necessidade de responder a mais velha.
— Acho que ele gostou bastante, podemos levar para viagem?
— NÃO! Não precisa se incomodar com isso, dona Aiko. – o homem forçou um sorriso em meio à expressão sofrida que ainda tinha em seu rosto e fez sinal de negação com as mãos repetidas vezes para que a mais velha entendesse bem.
— Que sem educação. – a outra resmungou, segurando o sorriso quando ele a lançou um olhar mortal.
Dona Aiko então recolheu as coisas, negando vagarosamente com a cabeça, não conseguia entender como os jovens, principalmente estrangeiros, não conseguiam apreciar as coisas boas da vida. Se dirigiu à cozinha, deixando a Zenin e Gojo, que agora fazia bochecho com a água do copo de metal, a sós.

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𝐀𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐭𝐚𝐦𝐛𝐞́𝐦
Фанфик❝𝗡𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝘀𝗶𝗱𝗲𝗿𝗮𝘃𝗮 𝗻𝗲𝗺 𝗼 𝗽𝗲𝗻𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝘀𝗲 𝗿𝗲𝗹𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗿 𝗰𝗼𝗺 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗺 𝘂𝗻𝗶𝘃𝗲𝗿𝘀𝗶𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼, 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺 𝘂𝗻𝗶𝘃𝗲𝗿𝘀𝗶𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗲𝗹𝗲. 𝗦𝗲𝘂 𝗳𝗼𝗰𝗼 𝗻𝗲𝘀𝘀𝗮 𝗮́�...