Capítulo Único

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A chuva caía insistentemente sem cessar um só minuto. Mônica estava com o rosto colado na janela, totalmente tomada pelo tédio. Apesar de ser sábado, seu dia favorito, não tinha ânimo algum para qualquer coisa. Tentou assistir desenhos e desistiu. Brincou com sua boneca favorita, mas se encheu logo. Tentou brincar e se distrair com o Mônicão, mas de novo... nada. Suspirava inúmeras vezes enquanto fitava a janela.

— Ô, filhinha, o que foi? — Dona Luísa a abraçou por trás, trazendo-a para perto de si.

— Está chovendo, não posso sair... Estou entediada.

— Hmm... Que tal chamar alguém para brincar aqui?

— É, pode ser — Respondeu a garota automaticamente. Mas não fazia ideia de quem chamar, afinal, Magali estava na casa dos avós desde a última quarta-feira. — A Magali tá viajando. Não sei quem chamar.

— Que tal a Marina, a Denise, a Cascuda? — Sugeriu a mais velha, com um tom de voz compreensivo como sempre.

— Não sou muito chegada com a Cascuda e provavelmente, ela vai preferir ficar com o Cascão. — Suspirou a dentucinha. — A Marina tem que estudar para uma prova importante. E a Denise... Ela só quer saber de fofocar. E a Carminha também!

— Tá bem, Moniquinha... Que tal a Dorinha? Você gosta dela, não é?

O rosto da menina de 11 anos se iluminou.

— Genial, mamãe! Eu gosto bastante dela mesmo. Vou ligar pra ela. — Mais que depressa, a garota discou o número da casa de Dorinha (ela não tinha celular ainda, sua mãe lhe disse que ainda era muito jovem).

A mãe de Dorinha atendeu, ficou feliz com o convite, mas infelizmente a garota estava com febre e não podia sair de casa. Mônica deu um suspiro pesado.

— Poxa... Parece que tô sozinha.

— Não fica assim, meu amor... Er... Você ainda tem a mamãe e o papai!

— É que eu queria brincar e vocês estão muito ocupados agora. Eu quero uma amiga pra brincar! — Mônica ergueu o tom de voz, como forma de protesto.

Nessa hora, um trovão ressoou pelos céus, o que fez a garota de vermelho estremecer.

— E quem disse que você precisa de uma "amiga"? — Luísa colocou as mãos na cintura. — Chama um amigo menino, filha.

— Eu, brincando com um garoto?!

— E que mal tem isso? Eu sempre tive amigos garotos e era bom brincar com eles pra variar. Chama o Cebolinha.

— Aquele peste aqui em casa? Nem pensar! Prefiro morrer de tédio a ter que brincar com ele! — A teimosa Sousa cruzou os braços e franziu o cenho.

Revirando os olhos, Dona Luísa ergueu as mãos, rendendo-se. Sua filha tinha um gênio difícil de lidar desde muito jovem.

— Você é quem sabe, filha. Estarei na cozinha se precisar de mim. — E assim, a mãe se retirou da sala de estar, deixando a gorduchinha sozinha, pensativa.

"Deixa pra lá, vou brincar sozinha mesmo..."

Mas algo estava faltando... Ou melhor, alguém. Enfim, ela acabou cedendo. Engolindo o orgulho, a garota discou o número de seu vizinho e amigo. Dona Cebola atendeu, como sempre, muito simpática.

— Alô? Oi, Mônica! Tudo bem, querida? O Cebolinha? Sim, está sim... Espera aí que vou chamar ele. — Largou o telefone de canto por um instante e pegou Mariazinha no colo em seguida.

Cebolinha encontrava-se em seu quarto, jogando um novo game sangrento de tiros e luta, que sua mãe odiava. Sua mãe abriu a porta de sopetão bem na hora em que um zumbi decapitou uma lutadora.

As Sweet As You AreOnde histórias criam vida. Descubra agora