coffee, jennie kim

prólogo

Jennie Kim, Seul, 04:38(am).

Meu rímel borrado era quase que charmoso em mim. Se tirasse uma foto agora, provavelmente seria elogiada, mas nesse instante não é de elogios que preciso.

Jisoo batia na minha porta com sempre sua postura pacífica, não é nada contra ela mas eu não aguento mais ficar aqui. Destranquei a porta do banheiro do meu quarto e saí de lá com pressa peguei meu notebook, carregadores, um cardigan, fones de ouvido e um livro de receitas. Enfiei tudo na primeira bolsa que achei e deixei o quarto. Na cozinha, peguei meus remédios e os juntei na minha bolsa. Jisoo ainda tentava me acalmar, mas não conseguia mais ouvir a voz dela - tornava muito mais difícil ter que deixá-la e se eu ficasse seria pior. Máscara, boné e óculos e já estava pronta para sair. Busquei o primeiro táxi e A outra Kim tentava me alcançar. Corri para não ficar.

Já dentro do carro, comecei a me organizar. Passagens, passaportes, dinheiro, destinos e meu advogado. O contatei e o avisei sobre que daqui a três semanas precisaria de ajuda. É, três semanas, creio que seja um tempo aceitável para surtar, e botar tudo no lugar de novo - mesmo que precisasse de toda a eternidade para fazer isso - , mas dessa vez do meu jeito.

Quando parei em frente ao aeroporto, paguei o motorista que tentou pedir um autógrafo, porém fui mais rápida ao correr para dentro da estrutura.

Depois de uns quarenta minutos consegui0 meu vôo. Paris, França (primeira classe) - 06:00(am). Eu ainda tinha vinte minutos até o embarque, então decidi  ir a alguma loja de conveniência dentro do aeroporto. Balinhas ácidas, café, pão e um demaquilante. Fui ao banheiro e dentro da cabine limpei meu rosto e joguei meu sutiã fora.

Voltando para área de embarque rapidamente - as vezes tropeçando aqui e ali - chego a tempo da primeira chamada.

E já no avião com uma taça de sorvete em minha frente, suspirei ao perceber que já estávamos voando.

Em fim, alívio.

Jennie Kim, Paris, 07:42(pm)

Paris estava iluminada como sempre, esse fato era perceptível também pelo fato do hotel onde eu estou estar de frente para a Torre Eifell. Meu vinho já havia acabado sete vezes, isso pelo fato de a mulher quem me servia nunca enchia o bastante o quanto eu pedia, alegando de que eu não devia exagerar.

O sono já me consumia, quase que por completo se não fosse pela minha ansiedade por literalmente nada. Essa sensação era horrível.

Levantei-me da poltrona e atravessei o arco das portas de vidro que levavam a varanda e voltei novamente para minha suíte. caminhei até a porta que levava ao corredor do hotel e ao lado dela me agachei a fim de abrir minha mala que estava ali jogada desde quando eu cheguei, há algumas horas atrás. Busquei minha necessaire onde continha meus remédios. Lembrei de Jisoo, ela a quem me ajudava nessas horas. Lágrimas rolaram pelas minhas bochechas sem permissão. Não aguentava. Pensei que Paris me faria bem, estava enganada. Me lembrava Rosé, e isso era tudo que eu menos queria, me lembrar delas. Não queria me arrepender, pois caso acontecesse e eu voltasse para o grupo, me sentiria envergonhada, sem contar que toda aquela pressão voltaria aos meus ombros, mas não como se algum momento eu já tivesse me livrado disso.

Agora, ao envés de procurar pelo meu calmamente, procurava pela minha carteira. Precisava sair dali.

Fechei a mala novamente e como não havia tirado nada de lá, apenas saí do quarto. Bufei dentro do elevador pela minha estúpida escolha de escolher o andar mais alto, estava inquieta.

Depois de pagar todas as minhas despesas e sair do prédio, respirei fundo, estava aliviada. Corri para fora da entrada do hotel e me senti mais livre ainda.

Alcancei um táxi e já no aeroporto comprei a primeira passagem que me apareceu livre.

Londres.

Nada mau, ei diria.

Vi um email do meu advogado no meu celular, porém ignorei. Para resolver minha saída do grupo teria que voltar para lá, e no momento não estava nos meus planos voltar para a Coréia por uns bons meses.