Capítulo unico.

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John estava jogado no sofá, enfiado no seu típico suéter de lã. Um livro apoiado na barriga e o travesseiro na altura certa sob sua cabeça para acompanhar a leitura. Seu dia amanheceu algumas horas depois do usual, com um Sherlock curioso e atencioso, obrigando John a se manter deitado e doente por algumas horas a mais.

A dor de cabeça já havia passado, mas o nariz seguia entupido, assim como os ouvidos. A Sra. Hudson preparou um chá e mandou Sherlock muito inútil ir trabalhar enquanto ela cozinhava em seu próprio apartamento, deixando John descansar em um silêncio apreciado.

John não lembra a última vez que foi cuidado, enrolado em um cobertor macio e limpo, alimentado e mimado. Mas ele agradecia por essa pequena paz. Moriarty não cansou apenas Sherlock, o estresse de se manter a um passo da morte novamente levou a melhor sobre o cérebro de John, a garoa fria que ele e Sherlock pegaram no caminho de volta não ajudou.

Ele sabia que não tinha cabeça o suficiente para ler agora, mas o tédio se instalou em seus ossos, de uma forma que ele não ousava reclamar. Se a paz vem acompanhada de tédio, então ele está feliz em estar entediado.

Finalmente desistiu da leitura quando a cabeça voltou a doer. Ele se arrastou no sofá até ter a nuca repousando no travesseiro, o livro deitado na barriga e os olhos fechados. Sua mão subiu para acariciar o osso do nariz e ele fungou. Respirou profundamente e deixou a mente afundar.

Cochilou sem ver, muito confortável.

O sol afundou lentamente através das janelas e mesmo o cheiro da comida já pronta da Sra. Hudson não acordou seu cérebro exausto. Seu cochilo se estendeu por horas, até que o apartamento estava tomado por sombras.

Porém, seu nariz sensível pinicou e depois de espirrar algumas vezes, John se forçou consciente, assustado com a passagem de tempo e o peso extra no peito. Uma cabeleira escura e encaracolada irritava seu nariz com o menor dos movimentos, iluminado somente pela luminária de luz amarela ao lado do sofá.

Sherlock, folgado como sempre, não pensou duas vezes antes de se jogar sobre o peso morto de John assim que chegou, cochilando sem dor na consciência ali mesmo. John suspirou e bufou.

Se lembrou do livro, antes apoiado em seu peito, agora descartado no chão como se tivesse sido empurrado para fora do seu corpo sem piedade.

Ele desistiu da sua raiva, seus dedos meio dormentes se moveram antes que ele pudesse pensar sobre isso e afundaram nos cachos de Sherlock, fazendo este resmungar em sonho, esfregando o nariz na lã do suéter de John.

Não foi um resmungo incomodado, então John não se preocupou em parar. O gesto correu a nuca, puxou os fios e massageou o couro da cabeça, a outra mão nas costas meio frias de Sherlock — porque logicamente ele não tirou o casaco úmido depois de entrar em casa.

Foi somente quando John tocou brevemente a orelha vermelha de Sherlock que ele notou um fato preocupante. Sherlock estava tão quente quanto ele no início do dia. Ressonando baixinho mas com um apito suave vindo do nariz.

Na verdade era meio engraçado, parecia um filhote com nariz muito pequeno e pulmões muito grandes.

John não conseguiu segurar a risada, seu peito vibrou e Sherlock franziu as sobrancelhas antes de abrir apenas um dos olhos, parecendo mal humorado.

"Você está rindo de mim." Ele afirmou rouco, não se movendo nem um centímetro.

"O que te faz pensar isso?" John não negou, um sorriso torto ainda no rosto.

"Consigo reconhecer qualquer sinal de zombaria e...-"

"Sim, sim, sei. Você é um mestre dedutivo incontestável, o Incrível Sherlock Holmes. Deitado com um casaco molhado em cima de um homem doente, potencialmente aquele que te passou esse seu resfriado."

"Não estou resfriado."

"É claro que não."

Os dedos de John voltaram a missão inicial, agora também dando atenção a testa franzida do outro homem, possivelmente com dor de cabeça naquele momento. Fez massagem nas suas têmporas e deixou que Sherlock fingisse dormir o quanto quisesse.

John, desde o primeiro momento, amou os cabelos de Sherlock. Não conseguia na verdade imaginar ele parando em algum momento da sua vida para definir os cachos ou pentear o cabelo tão bem. Sherlock tinha uma beleza desleixada e elegante.

Ele é inegavelmente bagunceiro e preguiçoso.

Por incrível que pareça seu cabelo é assim o tempo todo, com exceção de quando Sherlock resolvia enlouquecer e puxar os fios em todas as direções, é nesses momentos que John encurralava o homem e ajeitava tudo rapidamente, fazendo-o bufar e quase bater os pés.

Bagunceiro, preguiçoso e impaciente.

"Você não comeu..." A voz de Sherlock tirou John de seus pensamentos outra vez. Agora ele não se deu ao trabalho de abrir um olho, falou como se ainda estivesse cochilando.

"Bem, eu dormi." John respondeu simplesmente, afundando um pouco mais no sofá. Aproximou o rosto de Sherlock do seu e enfiou o nariz nos cabelos, sentindo o homem murmurar uma reclamação em cima de si. "Espero que você não tenha sido malvado hoje."

"Eu não fui!"

"É claro que não."

sick for a day - johnlockOnde histórias criam vida. Descubra agora