Tempo

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O tempo costuma ser veloz como um e-mail e lento como uma carta. O tempo pode ser aquela música compartilhada no celular e a comoção do soar nos rádios. Perfeitamente raro como uma Painita, incrivelmente bonito como uma Aurora e surpreendentemente brilhante como Sirius.

O tempo avança sem deixar tempo para pensar no tempo que deixamos ou teremos, mas nos dá tempo para entender que o tempo é a morada do sereno, e que ainda há tempo, mesmo com ele passando.

Cronologicamente acompanhamos e em um dia ele é eterno e no outro é um piscar, porque psicologicamente temos o nosso, a despeito do tempo que temos com todo mundo.

Quantas poesias e músicas o passar dos dias proporcionarão? Qual a distância do agora e do depois? Uma outra vida ou uma passagem só de ida em direção ao infinito?

Quanto tempo é o tempo que o para sempre dará? Ou que soará a mensagem, a tarifa, o eterno, o adeus, um olhar de até breve, quando o breve não existe?

Quando se deixa coisas e pessoas para depois assume-se a responsabilidade de não haver o depois. Porque o tempo é imprevisível, a vida muda e as pessoas, um dia, descobrem que não vale a pena esperar por alguém que não quer chegar.

Mas se o tempo é a morada do imprevisível como se pode dizer quantas escolhas se teve e quantas se aceitou? E se quis chegar? E se o destino blefou?

Quantos relógios marcam o tempo entre o célere e o eterno? Entre o hoje e o destino? Entre vidas vividas soprando a esperança e sussurrando a canção de encontro?

Quantos poetas já escreveram sobre o tempo, a espera e o amor? A saudade constrói-se com quantas cartas empilhadas? As memórias mancharão quantas folhas em tinta azul? O tempo possui o bálsamo que cura toda a dor?

O que é a vida, afinal, se não uma espera? Na porta, no banco, no ônibus, no aeroporto, no hospital, nas madrugadas em que o tempo se torna o mais próximo do infindável?

Quanto é o tempo que se espera para que o vinho fermente? Quantos segundos levam para que o líquido seja sorvido pelos lábios? O gosto que o tempo o dará, demorará quanto na boca, levará quantos minutos até as pupilas, durará quantas horas no organismo, produzirá quantos frames daquela pessoa no cérebro?

Uma história nunca se é só uma história quando vista por dois pares de olhos, sentida por quatro mãos e é sorrida e dita por duas bocas. Quanto é o tempo que os quilômetros dividem, e que o vento sopra lembrando das noites que não se pode fugir?

Por que a chuva e a noite são o tempo em que as memórias se agrupam, em que as contas se batem, em que a nostalgia se vinga? Quantas pessoas se perde pelo o tempo em que não se percebeu que o tempo é único, não se acaba, não se dói, não se liga? Quanto é o tempo que se importa por que não se importou quando devia? Quando é quando?

O tempo é sagaz e frutífero, seja pra amores, amigos ou poesia, mas será que ele podia fazer entender o que não se sabe dizer? O tempo é quem diz? Até onde sua voz chegará? E quem será capaz de escutar?

Até Te Encontrar - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora