Novo Morador

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 NOAH

Se mudar pode ser complicado. Deixar os amigos, família e lugares favoritos parece ser quase impossível. Quando menos espera já está no carro, no meio da estrada... há quilômetros de distância de tudo o que era seu, mas já foi embora.

— Pai? — abro os olhos. Não estava dormindo, apenas ouvia uma música relaxante no fone de ouvido, deitado no banco traseiro — Já chegamos?

O homem me olha pelo retrovisor e sorri mexendo os ombros. 

— Se perguntar isso mais uma vez eu te passo as coordenadas e você mesmo vai dirigir...

— Isso era pra me incentivar a ficar quieto? Eu vou perguntar de novo... — sorrio apenas com um canto dos lábios, vendo meu pai recusar a proposta indireta rapidamente. Reviro os olhos e deito a cabeça no banco, voltando a pensar com os olhos fechados.

Meu pai foi promovido no emprego. Ele agora é xerife no condado de Fox. É para lá que estamos indo. Pesquisei imagens no google e tudo o que descobri foi que a cidade é extremamente nublada, ao mesmo tempo em que é rica em florestas e montanhas. 

[Carro derrapa na pista] 

Sinto tudo girar violentamente e quando para acabo batendo a cabeça na porta. Doeu pra caramba... que droga. Agora o carro está parado na pista, no sentido contrário do que estávamos indo.

— O que foi isso? — levanto-me com a mão na cabeça, vendo que meu pai apertava firmemente o volante com a respiração pesada. — Pai o que foi?!

O homem olhou para mim e olhou para a pista, parecendo assustado. Depois jogou a cabeça para trás e relaxou no banco da frente. 

— Um alce passou correndo... tava fugindo de alguma coisa. Mas que droga, quase matei o animal!

— Mas não matou... respira um pouco e volta a dirigir. Se chegarmos tarde a mamãe vai ficar irritada.

A mulher havia saído para lá antes de nós. Quando ainda estávamos em Michigan, ela decidiu que viria primeiro para ajeitar a mudança. Espero que quando chegarmos lá eu não precise fazer nada... não tô a fim de ficar carregando caixas de um lado para o outro e decorar a casa.

*

Assim que passamos por uma placa verde escrito "Bem-vindo à cidade de Fox", as nuvens foram ficando mais escuras e agrupadas, conforme íamos para dentro da cidade. O sol praticamente não exite aqui... o clima é úmido e... frio. 

Engulo seco ao ver de longe uma mansão no meio da floresta, pude ver assim que passamos por um caminho que abria visão entre as árvores. Era enorme e parecia ser muito antiga. Minha memória fotográfica me permitiu reparar em cada detalhe... desde os tijolos vermelhos desgastados que a construía até os pilares em formato de anjos, grandes e brancos.

O chafariz na frente me fez pensar em muitas coisas. Essa família deve ser muito chata: a grama é perfeitamente cortada e os arbustos devem ser moldados para ficarem redondinhos assim. Seja lá quem viva aí, deve ter uma grana.

Quando a mansão some da minha visão e eu não posso mais vê-la através da janela do carro, presto atenção em por onde estávamos indo, e, ao chegar no nosso quarteirão, vejo nossa casa de longe, exatamente no fim da rua.

— Caramba... a promoção nos fez tão bem assim? — indago ao que o carro para. Vejo meu pai sorrir orgulhoso e descer pela porta da frente. 

Ele dá a volta no carro e abre a porta para mim. Assim que coloco o pé no chão, sinto uma dor de cabeça súbita, tal que me obriga a fechar os olhos com força e ranger os dentes. 

Being of Light - o amor que corre em nossas veias {Nosh}Onde histórias criam vida. Descubra agora