Capítulo Único

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— Hm? De novo? - Maru perguntou, ao ver Ethan entrar na clínica, com o mesmo macacão jeans, blusa flanela quadriculada e as botinas roxas de sempre. Brega pra chuchu, só faltava o chapéu de palha, mas por alguma razão, ela sabia que não o veria com ele mais, não ali no consultório pelo menos. — É o quê? A terceira vez essa semana? E ainda é só quarta-feira!

O fazendeiro levou a mão a nuca, coçando os fios de cabelo ali presentes em constrangimento, antes de soltar a desculpa da vez:

— Minha garganta amanheceu doendo! Não posso ficar gripado, quem cuidaria da minha fazenda? - viu que a garota morena ainda o olhava desconfiada, e se sentiu na necessidade de explicar, parecendo ainda mais suspeito. — Tá bem frio ultimamente!

— Estamos no meio do verão, e não chove a dias!

O rosto do garoto se iluminou.

— Sim! Eu preciso ficar até tarde da noite regando minhas plantações, então acabo pegando sereno!

— Sei... - A garota olhou em sua direção, estreitando os olhos, como se soubesse o real motivo dele estar ali. — Doutor Harvey está fazendo uma consulta a domicílio na casa do senhor George agora, acredito que vá demorar. - Maru disse enquanto arrumava algumas fichas de pacientes. — Se quiser deixar o vinho que está escondendo atrás das costas, eu entrego e digo que você trouxe, não se atrase ainda mais, ou então vai demorar muito para 'aguar toda a sua lavoura, não?

Maldita garota inteligente! Os lábios cheios dela se repuxaram num sorriso zombeteiro, e ao olhar para ela, o fazendeiro soube que ela já sabia de tudo. E ele arriscava dizer que ela já imaginava desde quando ele começou a "adoecer".

Odiava e amava aquela nerd ao mesmo tempo!

— Bom, eu estou doente, não posso ficar em casa sem tratamento! Minhas plantas não morrerão de passar um dia em casa sem água. Melões são fortes!

Ela sabia que era mentira, seu irmão, que de alguma forma se apegou ao fazendeiro, ao ponto de frequentar a casa do mesmo, como melhores amigos, lhe contou como era o sistema da fazenda de Ethan.

Ele disse uma vez, por alto, o quão grande era a fazenda Santiago, e ela já tinha escutado não só de seu irmão, como da mãe, a marceneira local, que ele tinha um sistema de irrigação automatizado da melhor qualidade.

Podia nunca ter visto, mas já imaginava, afinal, Ethan perambulava pela vila o dia todo entregando presentes e conversando, ou seja, tinha tempo de sobra.

Fazia sentido suas frutas e verduras terem boa qualidade e ele tempo.

— Hum, sente-se então, acredito que ele volte perto do meio dia, já que vou sair mais cedo hoje.

Ethan fez o que foi dito, sentando na cadeira mais próxima da porta. Estava calor, e ele que não ficaria mais próximo do olhar acusatório da garota morena.

O ventinho que vinha de vez em quando de fora da clínica era bem mais convitativo.

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O fazendeiro sorria para o celular, vendo um vídeo fofo de Filomena, sua galinha, com Lilith, sua cadela, quando ouviu passos apressados e um médico todo atrapalhado entrar no consultório todo afobado.

— Maru, desculpa o atraso! Eu ia fazer só um check-up da senhora Evelyn hoje, mas o garoto Alex estava com dores musculares então....

Harvey continuou falando e se desculpando, mas o garoto não conseguiu prestar atenção em nenhuma palavra, perdido demais no rosto bonito do homem a sua frente.

É pra sarar o dodóiOnde histórias criam vida. Descubra agora