chuva.

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Está chovendo hoje.

Gosta de chuva, não é? Tardes chuvosas e a água insistente a bater na janela. Mas, como você gosta de chuva, se foge para casa no primeiro cair de fora da água enfurecida? Você gosta mesmo?

Sinto sua falta.

Acho que não importa bem se você gosta de chuva ou gosta da sensação de estar protegida sob a chuva, a bater lá fora... toc toc. Não importa, não importa. Nem mesmo se esse nem for o barulho que a chuva faz, qual é?

Continua chovendo.

É chato, é irritante, me aborrece e te aborrece. Não é? acho que sim. Bem, não... Você não está aqui, mas... Não me deixe confusa!

Continuo rindo para você todos os dias, observamos a chuva cair lá fora em algumas tardes, enquanto dizemos em gritos calados o quanto nos amamos. Você continua aqui. Rindo para mim enquanto o mundo em forma de chuva cai no seu olhar. Seu olhar é sempre o mesmo, não importa o quê. Seu sorriso também. Você sempre está a mesma coisa. Não muda de jeito nenhum?

Minha cabeça está ficando tão ruim que ao menos consigo te imaginar direito?

Sinto-me mal sozinha. Talvez fique feliz de me ver admitindo. Ou ficaria. A questão é que está cada vez mais escuro, cada vez mais opaco. Este lugar está começando a me engolir. O amor que eu sinto por você está me consumindo. É sufocante, mas não consigo deixa-lo ir embora. Não posso matar o que me deixa viva.

Mas... Então, por que a matei?

Não tem sangue em minhas mãos. Estava chovendo. Não a matei! Pare de sorrir assim! Seu sorriso brilha tanto que minha cabeça tem a vontade de explodir.

Está chovendo hoje.

Continua chovendo. Está sempre chovendo. Nunca para? Isso nunca para? Está... se repetindo? Como não percebi? E, ah... Meu santo Deus, é sangue!

Sinto sua falta.

Sentir seu pulso morto não me conforta tanto, nem beijar seus lábios congelados me satisfaz mais. Mas eu ainda te amo. Acredite em mim. Suporto essa chuva por você. Não consigo sair daqui por você. Eu faço tudo por você. Estou começando a repetir as coisas por você. Está tudo um inferno por você!

Mas eu ainda te amo. Assim como as suas tardes chuvosas.

Não dá certo tentar fugir daqui, sinto como se tentasse fugir de mim mesma. Aonde eu vou, eu estou. Meu rosto dilacerado está em todos os lugares. Não me reconheço mais, mas tenho sombras e reflexos que me perseguem o tempo todo, como poderia não perceber? Bem... Às vezes, penso que você está junto, uma alma morta suficiente viva para acompanhar-me. Pelo menos, continua gentil, mesmo que sua face no escuro me assuste um pouco.

Eu ainda te amo. Eu ainda te amo.

A chuva está cada vez mais vermelha. Sinto sua falta. Uma tarde chuvosa. Eu te amo. Reflexos. Sangue. Vidro. Sinto sua falta. Você. Sinto sua falta. Quando? Me assusta. Toc Toc. Eu grito.

Você nunca gostou de chuva.

Você nunca gostou de tardes chuvosas.

Você nunca sorriu para mim.

Você nunca esteve aqui.

Mas eu ainda te amo. Como eu te amo.

Te amo como a mim. E te matei por mim. Agora você está morta, e bem... eu também.

tardes chuvosas e o quanto eu te amo.Onde histórias criam vida. Descubra agora