ੈ┊ONE・:⊹.

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Durante o inverno, Xue Yang gostava de ir à casa do lago. Irônico, afinal o lago estava congelado, fazia muito frio e era difícil — senão impossível — nadar ou pescar. Mas ele gostava. O inverno tinha a neve, com o lago congelado dava para patinar — ele o faria se soubesse — e a casa de madeira rústica lhe dava o aquecimento necessário.

Com uma xícara branca nas mãos, cheia de chá quente de cereja, com quase nada de mel, já que era doce naturalmente, Xue estava sentado na poltrona cinza que ficava de frente para uma enorme janela, em formato retangular quase do tamanho de uma porta. Aquela região da China era muito turística, principalmente pela paisagem natural que aquela floresta envolta dava, então, todas as poucas casas que haviam ali eram de aspecto europeu, por isso as janelas grandes, casas de madeira, espaçosas, de até dois andares.
A de Xue havia uma sala em conceito aberto com a cozinha, com um balcão ilha. Havia uma subdivisão para uma sala menor, rente ao corredor; nela não tinha televisão como na outra, era muito menor, tinha estantes de livros, uma lareira, mesa baixa mais ao centro, e essa poltrona que Yang estava, um pouco mais afastada do restante dos móveis; não era dividida por uma porta ou largas paredes, apenas apresentava um pequeno degrau, deixando a salinha mais abaixo que a sala maior e a cozinha. Ao seu lado havia o curto corredor que dava para um quartinho de hóspedes à frente, um banheiro à esquerda e um armário sob a escada à direita, cuja ficava praticamente de cara com a porta. No andar de cima havia três quartos, mas somente um era utilizado, por Xue, em alguns dias de seis em seis meses.

Xue Yang pensava sobre si mesmo enquanto observava o vento balançar as árvores do outro lado do lago, bem longe. As pessoas não sabiam quem Xue Yang era, apenas conheciam Xue Chengmei, o estudante de história do primeiro ano, um tanto quanto estranho, excêntrico, gostava de festas, arranjava briga com qualquer um, e ninguém mexia com ele — principalmente por suas ações nada gentis e por estarem cientes de suas habilidades avançadas em kung fu — era por isso que se dava sua falta de amigos. O odiavam. Mas quem era Xue Yang? Aquele garoto sentado, velando o fim de tarde com uma xícara de chá em mãos? De fato ninguém conhecia o verdadeiro Xue, ele nunca tivera amigos, sempre foi um problema no ambiente escolar e até mesmo fora dele.

Certa vez ele conheceu um homem, na faculdade, era um veterano que fazia estágio como ajudante dos professores. Fazia pouco mais de seis meses desse acontecimento, foi logo no início do ano.
O homem acabou por trombar com Xue em uma curva do corredor que fez cair todo seu material.

— Aya! — reclamou quando foi ajudar o veterano a pegar suas coisas

— Alguém normal pediria desculpas. — disse ele, sério. Aquele homem era muito alto, tinha um belo rosto, mas rígido, e usava roupas sociais escuras.

— Azar o seu ter trombado logo comigo, não sou normal. — sorriu ladino e devolveu as folhas para ele. É claro que o veterano ficou confuso, talvez até irritado com aquelas palavras ousadas do menor. — Sou Xue Chengmei, acho que não me conhece.

Ah... Já ouvi falar de você. Sou Song Zichen, ajudo os professores. — houve um certo desprezo na voz ao dizer a primeira frase, e Yang sentiu-se atingido. — Seja mais educado, as pessoas apreciam isso. — e foi embora.

— Tsc. — revirou os olhos, não queria ter sentido indiretamente atacado e não tinha ideia a razão daquilo, porque não ligava para a opinião de ninguém, por quê ligaria para a daquele desconhecido?

Aquilo ficou por dias na cabeça dele, não era um psicopata incapaz de sentir empatia — por mais que parecesse — então é claro que não esqueceu facilmente ser desprezado por um desconhecido.

Quando estava almoçando no refeitório, viu Song Zichen acompanhado de um aluno mais novo, ele era alto, mas ainda menor que o veterano, tinha uma feição bela, um semblante tranquilo, era lindo e elegante. Os dois sentaram juntos. Foi aí que Xue se lembrou de quem era ele. Estudava dança, era dois anos mais velho que si, seu nome era Xiao Xingchen. O garoto prodígio, perfeito, gentil, completo oposto dele. O veterano parecia gostar da companhia.

Alone At Christmas || SongXueXiaoOnde histórias criam vida. Descubra agora