2 - obrigada por perguntar

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NOTAS INICIAS:
Bom, este capítulo pode ter um pouco de Gatilho para algumas pessoas que não gostam de ansiedade e pressão psicológica, não leiam caso se sintam desconfortáveis! Espero que gostem do capítulo

A vida é emocionalmente abusiva
Life is emotionally abusive
E o tempo não pode me parar como você fez
And time can't stop me quite like you did
E meu voo foi horrível, obrigado por perguntar
And my flight was awful, thanks for asking
Estou descolado, graças a você
I'm unglued, thanks to you

NARRADOR POV
— algumas luas antes do dia

Dara estava quase desmaiando. Era uma sessão terrível de estar prestes a receber uma prova, não adiantava quantas vezes passasse pela mesma situação, sentia como se seu corpo entrasse em colapso, e odiava a sensação.
Seus pais eram exigentes e ela sabia que nenhum dos dois aceitariam uma nota abaixo de nove sem fazer um comentário desnecessário.

"Ser médica não é pra todos, você precisa ser a melhor caso queira ser médica"

Essas palavras martelavam sua mente, tanto que nem notou o professor chamando seu nome pela segunda vez. Sentiu apenas uma mão encostar em seu ombro a avisando de que era sua vez de receber a prova.
Levantou com poucas forças porque mal sentia suas penas, suas mãos tremiam tanto que teve certeza que o professor se preocupou quando lhe entregou a prova e com certeza quis mudar aquele sete para um dez.
Olhou para o papel totalmente aterrorizada com a ideia de ter falhado, apenas o largou na mesa sentindo sua barriga revirar.

Saiu correndo da sala sem nem avisar o que iria fazer lá fora ao professor. Afinal, suas mãos tapavam sua boca. Era um gosto horrível. O gosto do fracasso que queimava sua garganta e amargava sua boca. Tudo se misturava, as lágrimas e tudo que tinha comido no dia. Mal tinha forças pra ficar em pé quando ouviu passos do lado de fora do seu box entre aberto porque, não teve tempo suficiente para trancá-lo completamente.

- Dara? - ela conhecia aquela voz...e como conhecia! Era Xande, o garoto que tinha cansado de ser estranho. Ela mal o reconhecia então não entendia o que ele fazia no banheiro feminino enquanto ela colocava pra fora toda sua frustração - Eu...eu - Segurou o corpo da garota assim que ela tencionou cair de joelhos no chão - um sete não é tão ruim assim -

- Eu estou bem! Obrigada por perguntar inclusive! - Se largou dos braços confortáveis do seu ex amigo que suspirou atrás dela - Você não pode estar no banheira feminino - colocou água na boca tentando tirar o gosto amargo de sua boca, e logo voltou para dar descarga naquela coisa horrível

- Dara...desculpa! Eu sinto muito por ter te machucado...- ela deu um risinho enquanto encarava o garoto e ajudava, com suas mãos, a borrar o resto da maquiagem

- Eu estou indo muito bem graças a você! Obrigada por se importar - Deu um sorrisinho falso voltando a se encarar no espelho e repetir o processo de colocar água na boca

- Eu só queria ter a sensação de ser popular por um momento - Dara quis vomitar de novo quando ouviu aquela frase sair da boca de seu antigo melhor amigo, a mesma pessoa que contou o que "pessoas populares" fizeram com ela sua vida toda

- Agora que já provou da sensação quer voltar pra gente? - não queria admitir que seus olhos voltaram a se encher de lágrimas então, se manteve virada de cabeça baixa - Nem você mesmo acredita nisso Xande -

- eu sei...- o garoto murmurou baixo - eu me afastei do grupo porque eu gosto de você - murmurou novamente, num tom quase inaudível. Mas Dara ouviu, ouviu tão bem que seu corpo de arrepiou inteiro e ali mesmo quis deixar de acreditar em todas suas mentiras

- Que? -

- eu.gosto.de.você - disse pausadamente, com todas as letras e palavras - gosto de verdade! Desculpa por ter sumido, mas é que...-

Não conseguiu acabar a frase, porque os lábios de Dara o calaram instantaneamente. Não foi um beijo nada romântico, aliás, era um banheiro velho da escola, Dara estava em péssimas condições e, alguém provavelmente dedurou os dois já que, assim que saíram do banheiro foram pra secretaria e levaram uma bela advertência pra casa. Mas não importava. Ali haviam iniciado algo que nem mesmo uma advertência e nota baixa poderia estragar, ali eles começavam o caminho de aprender a amar.

Snow on the Beach - x + dOnde histórias criam vida. Descubra agora