Fique comigo

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Eu vou para sua casa! Você não vai ficar sozinho essa noite! - Disse Ece com tanta confiança que até ela se surpreendeu.

Evren olha para ela sem acreditar no que estava ouvindo, ele pensou que depois de ouvir o que Yağiz falou, Ece iria querer ficar longe dele, e não ir pra sua casa.

- Pare aqui Evren! Estacione ali naquela vaga! - Ele ouviu ela falar, tirando de seus pensamentos.

Ele parou e estacionou o carro, assim como ela pediu.

- Espere aqui um minuto, eu já volto! - Disse Ece!

- Tudo bem! Eu espero!

Ela sai do carro, e antes de fechar a porta dá um sorriso tímido, Evren sente algo queimar por dentro, e sorri pra ela também.

Ele pega o celular, e vê algumas notificações, algumas mensagens. Ele vê que Derin ligou algumas vezes, mas decide ignorar.

Ela liga outra vez. Evren pensa duas vezes antes de atender... depois de alguns segundos ele decide atender

- Evren?

- Oi Derin!

- Evren eu preciso da sua ajuda! Temos que conversar! Estou indo pra sua casa agora!

- Derin... - Ele passa a mão na testa, enquanto pensa em alguma desculpa- ... Eu não estou em casa agora. Vou demorar para voltar! Vamos conversar amanhã!

- Evren eu preciso da sua ajuda agora!

- Derin amanhã vamos conversar, ok? Eu não posso resolver nada agora de qualquer forma! Amanhã conversamos com tempo. E você me conta o que aconteceu. Agora preciso ir.

- Tudo bem Evren... Por que você está agindo assim?

- Assim como Derin?

- Assim... distante!

- Está tudo bem Derin, só estou... cansado, podemos conversar amanhã? Tudo bem pra você?

- Tudo bem Evren! Boa noite!

- Boa noite, Derin!

Ele segura o celular com força, a mente viajando a 100 KM/H o coração batendo disparado, parece que o ar dentro do carro não era suficiente! "O que está acontecendo comigo?" Ele pensa.
Derrepente a porta se abre, e ele olha pra Ece, que entra, carregando algumas sacolas.

- Está tudo bem, Evren?

- Está sim! - Ele suspira forte antes de responder

- Tem certeza?

Ele apenas sorri, sem graça nenhuma - Podemos ir? - Ele pergunta.

- Podemos! - Ela responde desconfiada, enquanto coloca o cinto de segurança.

A viajem seria um silêncio absoluto não fosse a música baixa que tocava e o barulho da chuva do lado de fora. Ainda assim não era um silêncio constrangedor, era apenas desconfortável.
Logo chegam na casa dele. Evren abre a porta e Ece entra, ele entra em seguida deixando os sapatos na porta.

- Eu vou colocar isso na cozinha. Você poderia aproveitar e ir tomar um banho o que acha? - Ece pergunta enquanto caminha pra cozinha, sem nem olhar para ele, que o segue em silêncio.

- O que você está tentando fazer, pequena? - Evren pergunta, olhando diretamente nos olhos dela, quando ela se vira em sua direção.

- Tentando? Acho que deixei minhas intenções bem claras! Você não precisa estar no controle de tudo, pode deixar as pessoas cuidarem um pouco de você também!- Ece diz com confiança -
Eu disse a você que não iria te deixar sozinho esta noite. Então se você não se importa, vá tomar um banho, porque tenho coisas a fazer também! - Ela continua.

Evren não tem reação, ele gosta de como ela é mandona. Com um sorriso sarcástico nos lábios ele concorda com ela, erguendo as mãos em sinal de rendição.

- Tudo bem! Tudo bem! Você venceu, eu volto rápido! - Ele fala sorrindo, indo em direção às escadas.

Ele sente a água quente pelo corpo, que relaxa rapidamente, ele pensa em como esse dia hoje parecia ter 72 horas, tantas coisas aconteceram, a briga com Yağiz, a conversa estranha com Derin, o fato de Ece estar na sua cozinha nesse momento, e principalmente o beijo compartilhado com ela.
Esse último pensamento o faz sorrir, ele pensa em como é bom ter Ece por perto, em como ele tem sido um pessoa diferente desde que conheceu Kerem e Ece. Ele sempre foi uma pessoa solitária, mas desde que eles entraram em sua vida ele não se sente mais tão sozinho, e isso de certa forma o deixa feliz.

Por outro lado, Ece está na cozinha.
- Definitivamente eu sou a primeira pessoa a usar essa cozinha desde quando ela foi construída! - Ela fala sozinha, enquanto pega os utensílios novos. - Que tipo de pessoa nunca cozinhou um ovo?!

Ela tenta achar graça da situação, mas se sente triste, por pensar que Evren, não teve a oportunidade de se sentir parte de uma família, quando sentam em volta da mesa na hora do jantar, ou perto da lareira pra ouvir as histórias dos mais velhos. Ela sente vontade de abraçá-lo, de mostrar o quanto ele é valioso. Ela sabe que esses sentimentos são novos pra ela, mas uma amizade verdadeira começa por ter interesse na outra pessoa.
- Mas amigos não se beijam, Ece! Ou será que se beijam?! - Ela pensa. Só o fato de lembrar do beijo compartilhado com ele, já a faz sorrir.
- O que está acontecendo comigo? - Ela diz em voz alta. Quando é tirada dos seu pensamentos, pelo barulho de Evren descendo as escadas.

- Que cheiro bom! O que você está cozinhando?! - Evren diz, enquanto senta na cadeira, em frente a ilha na cozinha.

- Estou fazendo macarrão com almôndegas! Você quer provar, já está quase pronto?!

- Sim, eu quero! - Ele diz já se levantando e indo na direção dela.

Ele para em sua frente, enquanto ela pega um pouco do molho com a colher e assopra delicadamente, ele a observa hipnotizado. Quando ela vê que está frio o suficiente, gentilmente coloca na boca dele. E fica esperando uma reação.

- Hmmm está muito bom! - Diz Evren quase com um sussurro.

- Você gostou? - Ece responde, chegando um pouco mais perto, quando sente as mãos dele em sua cintura.

- Sim, eu gosto! Eu gosto muito! - Ele responde cada vez mais perto da boca dela.

Um barulho muito alto de trovão os assusta, Ece quase cai nos braços dele.

- Você tem medo da chuva pequena? - Diz ele sorrindo enquanto a aninha em seus braços.

- Eu não tenho medo! Só me assustei, são coisas diferentes! - Ela retruca.

- Ei, você não precisa ter medo! Não precisa ter medo de nada, estou aqui com você! - Ele fala colocando as mãos suavemente em suas bochechas.

- Eu sei que você está e não estou com medo! Ela fica tensa, e ele percebe, tentando quebrar essa tensão ela diz - Acho que já está pronto! Podemos jantar!

- Claro, vou pegar os pratos!

Eles comem, conversam, dão risadas, Evren percebe como faz tempo que não se sente assim, suas últimas noites tem sido, fast-food e dormir bêbado, nunca sabendo se vai acordar na cama ou no sofá da sala, mas essa noite, ele estava feliz, uma felicidade que a muito tempo ele não sentia.

Evren e Ece Onde histórias criam vida. Descubra agora