Capítulo Único: Uma noite ruim, abraços e kotatsu

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Olá! Ainda estou viva, sofrendo muito com os acontecimentos no mangá e lidando com as complicações. Sei que eu devia ter atualizado várias das minhas fics, mas calma que um dia sai, eu juro!

E aqui mais uma one, dessa vez inspirada na música Say you won't let go - James Arthur. Espero que gostem!

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Algo está errado, é o pensamento de um Dabi ainda grogue de sono, com os olhos cerrados e o rosto contorcido numa careta aborrecida. Resmungando enterra o rosto no travesseiro macio e tenta ignorar esse sentimento inquietante no seu núcleo, precisa voltar a dormir, mas essas palavras persistem dentro da sua cabeça, se repetindo feito um mantra chato.

Não sabe o que o acordou no meio da noite, mas espera ser um motivo muito bom e não só uma das suas paranoias estúpidas o mantendo alerta por nada; é como se descargas de ansiedade fossem liberadas nas suas veias. É irritante e frustrante, feito um cócegas sob a pele. Isso o faz imaginar se é o mesmo que Tomura sente quando se coça.

Bufando desiste de voltar a dormir, continuar lutando contra é inútil. Enfim, abre os olhos azuis e se vira na cama com um suspiro resignado, leva um instante para se adaptar ao escuro e distinguir as formas nas sombras. O guarda-roupas grande e feio, uma pilha de roupas que precisa lavar, a mesinha no canto da parede atulhada de embalagens vazias de comida rápida da noite passada e latas de bebidas.

Nada fora do normal para o seu padrão, isso só o faz lamentar que vai precisar dar um jeito nesse caos todo num presente próximo ou num futuro distante. De qualquer forma, vai lidar com isso depois. Se der sorte, pode até convencer o namorado a usar os seus dedos mágicos e fazer todo o lixo sumir.

O espaço ao seu lado está vazio, isso nem o surpreende, apenas solta um suspiro lento e estende o braço sentindo o lençol frio ao toque. Este é outro ponto comum da sua vida. Tomura tem horários estranhos e sempre acorda no meio da noite para comer besteiras ou jogar os seus malditos jogos; ele é como um gato, preguiçoso durante o dia e cheio de energia de noite. Dabi acha isso fofo até precisar arrastá-lo pra fora de casa pra tomar sol, não é uma experiência nada divertida – ainda tem marcas de mordidas nas mãos para provar isso.

Se voltando para a porta vê um faixo de luz se estender pelo chão, a tevê está ligada, mas não consegue escutar nenhum som. Sem musiquinhas chatas e repetitivas, nem sons de tiros ou explosões e Tomura também não está xingando.

Por um momento encara o teto, estala a língua e se empurra para fora da cama; o chão está gelado sob os seus pés enquanto atravessa a curta distância até a porta, o frio é agradável. O outono é a sua estação preferida, não corre o risco de superaquecer com a temperatura amena e não há neve pra deixar tudo úmido e nojento.

Em silêncio segue a luz da tevê até entrar no limiar da sala e parar atrás do sofá, onde encontra a figura magra do Shimura, solitário e parecendo tão minúsculo com metade do corpo engolido pelo kotatsu. Observando de perto, Dabi finalmente entende o motivo da sua inquietação.

Tomura está sentado no chão com as costas apoiadas no sofá, os seus cabelos recém tingidos de azul brilham na luz da tevê e os seus braços se apoiam na mesa enquanto os dedos enluvados estão ocupados com os botões do controle – os pressionando num padrão que o Todoroki não entende e nem faz questão. O volume do aparelho é mínimo, na tela as imagens coloridas piscam quando o personagem chega ao final da fase.

Esfregando a parte de trás da cabeça, se aproxima arrastando os pés para fazer a sua presença conhecida, ainda assim não ganha a atenção que deseja do mais novo. Não faz ideia se é intencional ou não, mas está muito tarde para tentar adivinhar e se incomodar com isso. Não é incomum ser trocado por algum jogo, e isso faz uma risada seca escapar sob a respiração.

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