Untitled Part 1

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Era sexta-feira da paixão, noite de lua cheia.


Eu estava lavando a louça quando eles chegaram. Ouvi a porta batendo, e vi os dois na minha sala, ofegantes, quase mudos com o terror estampado em seus rostos. O amigo do meu filho estava tão branco que parecia como flor de algodão. Assim que eles se aclamaram, me contaram a história toda, que vou descrevê-la para vocês.


O meu filho mais novo e um amigo dele estavam voltando da casa de uma amiga deles. Já passava da meia noite. E como toda mãe, lógico, eu estava muito preocupada.


Eu moro em uma pequena cidade rural, onde há muitos mistérios. Nós temos um grande celeiro rodeado por muito mato, e muitas árvores. O caminho de volta para casa passava em frente a esse armazém.


Eles vieram conversando e brincando, foi quando eles ouviram um barulho vindo das arvores. Crianças são seres curiosos por natureza, então eles foram ver qual a razão do ruído. Atitude que os deixou arrependidos pelo resto de suas vidas.


Meu filho foi o primeiro a se embrenhar no mato. Ele foi avançando aos poucos, afastado os ramos de arbustos do rosto, pé ante pé. O brilho refletido pela lua passava por entre os galhos das árvores, iluminando aquela estranha figura. Parecia ser um homem. Sua respiração estava ofegante, e ele estava encurvado, com os quatro membros no chão, como se estivesse com dores.


_Ei moço, o senhor está bem? _ disse meu filho em voz baixa, enquanto se aproximava.


Esse "homem" se virou, rapidamente. Foi quando meu filho viu aquilo. Tomado pela total paralisia de seu corpo, não conseguia falar, nem se mexer, tamanho foi o seu terror.



Seus olhos eram vermelhos. A boca era cheia de dentes pontiagudos, enormes, de modo que mal cabiam na boca, unhas compridas e afiadas. Sua calça e sua camisa estavam todas rasgadas. Sob a luz da lua que atravessava a folhagem das árvores, podia-se perceber que seus pelos eram negros e espessos. Esse estranho ser o olhou diretamente nos olhos, o que fez sua alma gelar.


Mas a criatura não fez nada. Parecia que estava nos estágios finais da transformação.


Como o garoto demorou pra voltar, seu amigo também foi ver o que estava acontecendo.


_E ai Lino, o que é? _Chamou seu amigo, correndo atrás dele


Chegou lá, viu e começou a gritar com aquela visão aterradora. Os gritos fizeram meu filho voltar a si. Instintivamente eles saíram correndo de lá. Pense em dois caboclinhos que correram.


_Mas mãe, é verdade! Eu vi esse bicho!


_me levem ate lá pra eu ver se é verdade! _ Disse eu, rindo, de tão inverossímil que me era essa história. Devo confessar, quase morri de tanto rir deles. Eles choravam de raiva de mim do tanto que eu ri deles. Ora essa! Duas crianças, inocentes, cujas mentes fantasiam coisas que não existem, eu achei que fosse a imaginação deles.


Eles não quiseram me levar. Um tempo depois, começaram os rumores de que já houve muitas pessoas aqui que já viram este tal lobisomem... Só que é um mistério muito grande...


Foi então que fui tomada por um misto de culpa e temor, por não ter dado crédito ao relato do meu filho, e talvez tê-lo perdido. Ele poderia ter morrido! Foi a mão de Deus que os poupou naquela noite.


Os boatos se espalharam, mas não houve mais relatos a respeito. Talvez pelo fato da vizinhança ter sido tomada pelo receio de sair à noite. Ninguém quis se arriscar pra ver se a história é verdadeira.

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⏰ Última atualização: May 13, 2015 ⏰

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Meu Filho E O LobisomemOnde histórias criam vida. Descubra agora