A LUA E O SOL

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Meu nome é Akihiro Shigaya. Eu sou um aluno aparentemente normal do Japão. Se querem saber como eu acabei em uma situação de quase morte e coberto de entranhas que eu não sabia ao certo se eram minhas ou dos caras que estavam tentando me matar, eu aconselho você a se sentar, porque a história é longa.

Bom, eu tenho 18 e estou no último ano do ensino médio. Eu estudava em uma escola bem longe da minha casa, a qual eu tinha que pegar um ônibus e um metrô para chegar. Pode se dizer que nunca tive uma vida aparentemente normal. Quer dizer, meus pais queriam que eu tivesse uma vida normal, mas que pais de merda colocariam você num mundo de sangue e tiros e esperia que você vivesse normalmente depois disso?

Naquela manhã, não fiz nada diferente do que eu estava acostumado a fazer no meu dia a dia. Levantei, tomei um banho, escovei os dentes e pratiquei alguns exercícios antes de ir para a escola. Como eu estudava a tarde, pela manhã eu tinha tempo de fazer muita coisa. Tinha uma parte da minha casa que era uma pequena academia que eu podia praticar a vontade, inclusive minhas artes marciais favoritas. Foram meus pais que me ensinaram a lutar, mas com o tempo eu criei meu próprio estilo. Uma mistura de jiu jitsu, boxe, capoeira e Kung Fu. Eram as artes que eu mais gostava de praticar. Depois de praticar eu percebi que já eram 11 horas, eu já estava atrasado. Minha mãe estava na sala preparando as coisas para o seu "trabalho". Ela e o meu pai trabalhavam juntos. Ele estava usando o seu terno de sempre e ela um vestido preto bem caro de grife.

-Nosso lobinho acordou. - Disse minha mãe -

Ela sorria pra mim me olhando do espelho enquanto passava o batom vermelho em seus lábios. Minha mãe tinha 42 e parecia ter a aparência de uma adolescente de 18. As vezes eu me pergunto se o meu pai não tinha ciúmes dela, mas seria completamente inútil. Como se uma mulher do calibre dela precisasse de proteção.

-Já não era sem tempo, não se atrase pra escola, filho, chegaremos tarde hoje. - Dizia meu pai com aquele olhar sério como se estivesse falando com um dos funcionários dele -

Eu odiava meus pais. Sempre me olhando como se eu fosse uma espécie de bonequinho que eles poderiam quebrar a vontade e depois concertar. Eles sempre me trataram como se eu não fosse da família e sim um subordinado deles.

-Mamãe está orgulhosa de você. - Ela passa ao meu lado tocando meu ombro em sinal de aprovação -

Esses desgraçados...

-O café da manhã está na mesa, não demore muito. - Ele falou enquanto passava por mim sem ao menos se dar ao trabalho de olhar nos meus olhos -

Enfim, eu precisava ir para a escola. Comi rapidamente e tomei bastante café. Café era o meu vício e poderia dizer que era a única coisa boa na minha vida. Eu não conseguia viver sem café. Ao sair de casa, caminhando tranquilamente pela calçada da rua, sinto um abraço por trás e duas mãos cobrindo meus olhos. Aquela pele macia como a de um bebê e aquele cheiro de perfume feminino barato dizia claramente quem era. O meu castigo.

-Adivinha quem é, polar! - Dizia ela com aquela voizinha irritante de Hannah Montana -

Hinata. É óbvio que seria ela. Ela era o único ser humano que eu conhecia capaz de fazer a mesma "surpresa" todos os dias do mesmo jeito e fazer a mesma maldita pergunta. E é claro que ela me apelidou de polar devido ao meu cabelo branco. Eu nasci assim, problema genético.

-Sabe Hinata, no momento que você faz a mesma pegadinha todos os dias por meses, o negócio meio que perde a graça. - Eu falo sem me dar ao trabalho de tirar as mãos dela do meu rosto -

Hinata-chan tinha meio que uma quedinha por mim. E como poderia ser diferente? Ela não desgrudava, parecia chiclete. Ela é uma boa amiga, mas não é como se eu sentisse a mesma coisa por ela. Nunca amei ninguém na minha vida. Bom, talvez uma pessoa, mas isso fica para outra hora.

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