Terminado o passeio, eu estava levando os alunos para a terceira aula. Já que havíamos perdido a segunda.
Como estava no intervalo de troca de salas, tinham várias pessoas nos corredores. Eles conversavam e gritavam coisas desnecessárias e, por sorte, já não tinham mais tantas nos corredores quando estávamos próximos a sala.
Chegamos na sala onde eles estariam estudando e, enquanto me despedia deles, dois garotos me agarraram. Um em cada braço, e me viraram para o outro lado.
— Lizie, querida. — A voz daquele maldito e asqueroso, Luke, não era nem um pouco boa de se ouvir — Infelizmente você não me deixa opção.
— Você não consegue aceitar a rejeição de uma garota bonita?!
— Ah, meu bem, você não entende. — Ele se aproximou muito rápido de mim e segurou meu queixo — Eu estou obcecado por você, louco pela sua beleza, desde de nossa última escola, você não faz ideia.
Ele forçou um beijo, segurava minhas bochechas tão forte que eu chegava a sentir as unhas, enormes e sujas, dele me cortando.
Em um movimento desesperado, eu chutei os testículos dele, ele me soltou e foi para traz. Mas voltou e me deu socos na barriga enquanto me xingava.
Para a minha sorte, eu estava prepada para isso. Endureci a barriga e fingi sentir mais dor do que estava realmente sentindo. Ele parou de socar e ia se aproximar para me beijar denovo.
Agarrei os braços dos dois garotos e, céus, nem acredito que consegui chegar no nível de fazer aquilo espontaneamente, girei para traz dando um chute, dessa vez, no queixo de Luke.
Parei no chão e puxei os braços dos garotos para baixo, fazendo os dois baterem com a cabeça um no outro e caírem no chão. Andei até Luke, pisando na mão dos garotos, e o segurei pelos cabelos.
— Já que você é tão obcecado por mim, apanhe em silêncio. — Então eu soquei seu rosto com força, aponto de desmaia-lo.
Penteei o cabelo com os dedos, olhei para frente e vi Amelie me olhando. Ela estava surpresa.
— Caralho — disse vindo até mim — Você é o tipo de mulher que, se me batesse, eu pedira desculpas.
Então ela me beijou e, obviamente, foi muito melhor que o beijo asqueroso de Luke.
Ela se enterrompeu ao ouvir uma voz pesada atraz de nós. Um senhor de meia idade, barbudo com cavanhaque, baixinho, gordinho e calvo. Perdão, perdão, com problemas de crescimento capilar. Roupas de malha em tons pastéis (muitos feias na minha opinião), estava parado de braços cruzados e batendo o pé.
Ele parecia um sátiro de meia idade. Mas, claro, sem os pés e orelhas de bode.
— Lizie, pelo seu histórico impecável, você parecia ter potencial para ser uma excelente aluna nesse instituto de ensino — pronto, lá vem o sermão —, porém posso perceber, com esse comportamento, que eu estava errado.
— Terei que comunicar a sua mãe sobre essa briga.
Sem problemas, ela jamais se importou comigo mesmo.
— E sobre essa... essa... essa demonstração de afeto pecaminosa.
Agora fudeo. Se ele contar para a minha mãe que eu beijei uma menina, pode ter certeza que eu vou morrer.
— Meus jovens, podem entrar para a aula de vocês. Peço mil desculpas pela cena. — Ele disse se referindo aos alunos, esquecendo que eles não sabiam português (Ótimo diretor em).
Eu traduzi e eles entraram, mas o garoto que me chamou de idiota ficou ali. Paralisado, e parecia... triste? Ele olhou para mim, depois para Amelie, aí para mim denovo, e então para Amelie. Uma lágrima caiu de seus olhos e essa foi a última coisa que vi dele antes de entrar na sala.
Ele podia estar assustado com o fato de eu, muito provavelmente, ter quebrado o rosto de um cara maior que eu? Sim. Mas meu ego dizia que era por ele ter pensado que viveria um enemis to loves comigo.
Prefiro acreditar no meu ego.
— Já vocês duas — Disse, se referindo a mim e a Amelie novamente —, devem me acompanhar, imediatamente, até a minha sala.
— Mas, querido Direito Diones, eu já perdi três aulas, por conta da excursão, e mais um pouco da terceira depois desses garotos querem abusar de uma garota indefesa. — Cof, cof, ata — Pelo menos, deixe-me participar das últimas três aulas. Por favor.
Ele segurou o queixo, parecia comovido com a minha atuação.
— Ok, eu permito que participe normalmente das últimas aulas. Depois, iremos resolver isso.
Agradeci, ele foi embora, e agarrei o braços de Amelie, puxando-a para a área dos armários.
— Ei, ei, apresadinha. Para onde está me levando?
— Eu pedi ao diretor para nós liberar a ter as aulas, mas ele com certeza não vai deixar de comunicar a minha mãe. Então eu tenho que aproveitar o máximo antes que eu seja expulsa no primeiro dia de aula.
— Espera aí, você quer escapar?
— Se não quiser vir comigo, eu vou sozinha.
— Calma aí — Ela puxou meu braço, nos deixando mais próximas — eu não falei que não queria.
Nós saímos escondidas, não teria como sair da escola em si, pois tinham guardas e porteiros em tudo quanto é saída. E como eu já estava fudida mesmo, eu e Amelie ficamos, mas larguei mão de ficar com ela até o fim do horário. Isso por que ela teve a audácia de me arrastar para o banheiro achando que eu iria querer fazer... você sabe o que, com ela.
Tipo, eu acho ela muito linda, mas nós mal nos conhecíamos, e percebi que ela arrastava qualquer um que conhece, logo de primeira, só pra fazer aquilo uma vez por semana.
Bom, continuou sendo muito bom matar o dia inteiro de aula, mesmo sem companhia. Mas, alegria de pobre dura pouco, não que eu seja pobre mas segue o meme.
Eu estava me esgueirando com os alunos da minha última aula, esperando mesmo que eu pudesse ter escapado do diretor chamar minha mãe.
— Senhorita Lizie Correia, por favor comparecer ao cabinete do diretor imediatamente.
Isso foi o que soou nos auto falantes. E, quando eu cheguei a sala do diretor, minha mãe estava lá.
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Diferenças (Reescrevendo)
Teen FictionUma garota albina, filha de uma grande artista super reconhecida. Sua mãe sempre diz que ela roubou os olofotes, por ter nascido com essa raridade, e a despreza por isso. No primeiro dia de aula em uma cidade nova, ela se mete em uma briga e no meio...