O anjo caído (avatrice)

Prólogo

2 anos depois do acontecimento na Catedral de Adriel.

Alpes, Suiça

Beatrice suspirou olhando ao redor do seu bar, sim, seu. ela comprou "La Vasseur" quando voltou pra Suiça e treinou Hans para ser seu sócio, o mesmo sabia que a mulher finlandesa apesar de rígida era absurdamente inteligente e não se opôs em ser ensinado ou mudar seu conceito de trabalho.

- movimento lento. - Hans comentou parando ao seu lado e observando o ambiente também. - depois de ontem duvido muito que os turistas voltem antes do fim de semana.

- duvido mesmo. - beatrice concordou tirando seu avental e massageando as têmporas - estou sentindo algo ruim.

- você está bem, chefe? - ele franziu o cenho preocupado, pegando uma garrafa de água pra ela. - acho que nossa alta demanda cansou ambos, deve ser apenas cansaço.

- deve ser mesmo. - beatrice maneou a cabeça, esperando o alemão também retirar o avental ao dar a conta da última pessoa que sairia do bar antes deles. - podemos abrir o estabelecimento mais tarde amanhã.

- certeza? - questionou incerto apagando as luzes e jogando as chaves pra mulher. - você sempre repreende sobre a quebra de rotina.

- você pode até chamar aquele seu amigo que estamos treinando pra nos ajudar. - foi incisiva ao mudar de assunto vendo o rosto do homem ganhar coloração e conferiu se a porta estava trancada - bom descanso, senhor "amigo do garçom"

- como se não percebesse as garotas quase atravessando o balcão por você né, chefe - rebateu ao se afastar e beatrice revirou os olhos caminhando pro lado oposto dele.

alguns minutos de caminhada fez beatrice perceber algo que a anos não sentia, a sensação de perseguição. então ela parou de andar e se virou, faltava alguns minutos pra chegar em casa e ela não queria levar seja quem for pra lá.

- quem está aí? - questionou em alemão pro nada mas ela percebeu uma sombra correr em sua direção e o derrubou com um golpe de aikido. - tire o capuz e penso se quebro ou não algum osso seu.

a pessoa abaixou lentamente o pano e sorriu com a boca sangrando.

- olá, irmã - camila cumprimentou sem fôlego e bateu no pé em seu tórax que bea rapidamente retirou - também senti sua falta.

- desculpa cam - beatrice estendeu a mão e a ajudou a levantar. - você está bem? o que houve? - questionou preocupada checando a mais nova, percebendo hematomas pelo corpo e ferimentos em seu rosto. - quem fez isso? eu juro por-

- eu vou explicar apenas.. - apontou na direção onde beatrice mora, ela assentiu liderando o caminho e dando apoio pra camila andar enquanto olhava ao redor.

- não se preocupe, eu nunca colocaria você em perigo. - camila sorriu docemente analisando beatrice e tocou na camisa de flanela que ela usava. - eu gosto do seu estilo, esse combina com você. - recebeu apenas um meio sorriso da mais velha enquanto entravam no apê.

- o banheiro é ali. - apontou pra única porta além do quarto, lhe entregando uma toalha e mudas de roupa. - em baixo da pia tem uma maleta de emergência, limpe seus machucados e se precisar de pontos.. me deixe ajuda-la, enquanto isso vou fazer algo pra você comer.

- você é a melhor, irmã - camila deu um beijo em seu rosto e foi mancando ao banheiro.

- céus. - beatrice retirou seu óculos e lavou o rosto na pia. - você ainda é vegana? - questionou alto, recebendo uma resposta positiva. - você pode fazer isso. - sussurrou pra sí mesmo tentando parar de tremer e pegou legumes para fazer sopa, minutos depois a porta do banheiro foi aberta e a espanhola saiu de lá parecendo relaxada.

- nenhum corte profundo ou fraturas graves mas meu pé está deslocado. - camila apontou pro tornozelo direito que estava alguns centímetros mais alto.

- morda isso. - beatrice lhe entregou um pano e segurou o pé da mais nova para examinar - consegue sentir? - passou o dedo pela sola e camila assentiu reprimindo um grito. - um segundo. - beatrice correu no quarto pra pegar uma bota, ganhando um olhar inquisitor - feche os olhos e conte mentalmente até 5. - antes do previsto beatrice o colocou no lugar e o grito da mais nova fez seu coração palpitar. - já passou, passou.

- obrigada sis, me desculpe pelo incômodo e o susto no beco. - camila agradeceu enxugando suas lágrimas vendo beatrice colocando a bota.

- você não é incômodo, nunca diga isso. - beatrice lhe passou o prato e sorriu quando camila inalou o cheiro. - o quê?

- senti falta da sua comida. - ela sorriu antes de devorar o prato em alguns minutos. - definitivamente vou repetir mais tarde.

- o que trouxe você aqui? - beatrice questionou sem rodeios sentando mais perto da garota, camila não mudou muito apenas deixou o cabelo crescer e seus traços estavam mais maduros.

- começou quando colocamos a espada em exposição na igreja, as pessoas começaram a visitar muito e chegou várias novas freiras guerreiras para treinar. - ela desviou o olhar de beatrice pro nada como se estivesse lembrando - lilith apareceu algumas vezes pra falar com a madre, ela nunca me deixou aproximar mas eu sabia que tinha algo. semanas depois as freiras começaram a sumir, eram chamadas pra missões e não voltavam e os visitantes estavam tendo visões esquisitas quando viam a espada mas nós não tínhamos visto nada até o momento. então eu fiquei vigiando a espada.. bea, ela brilhou algumas vezes formando um padrão - camila voltou seu olhar para beatrice e bateu o dedo imitando o padrão.

- estou voltando. - beatrice sussurrou baixo e negou se levantando - quem está voltando raya, adriel, ava? camila isso é loucura.

- eu sei e por isso não entrei em contato com você de imediato mas no último ano alguém também desvendou esse código e formou uma nova assembléia de fanáticos, eles sabiam que nós derrotamos o último e ficaram um passo a frente dessa vez, nos atacaram noite passada em número maior, não sei quem estão adorando mas não conseguiram o que queriam. - puxou a bolsa que carregava e tirou a espada que beatrice conhecia muito bem. - vou confessar algo mas preciso que você confie em mim.

- é claro que confio, você é minha irmã. - beatrice segurou mão lhe passando segurança.

- ava está viva e eu sei onde ela está.