O vento soprava seus cabelos através da janela do motorista; Seus olhos eram sempre atentos na estrada, não deixando passar nada; trazia em seu vestuário seu inseparável boné e em seu rosto sua expressão séria de sempre. Vinte e sete anos de vida foram suficientes para ela saber que fazia o que mais amava no mundo: Dirigir.O silêncio era algo prazeroso para ela, contudo, não o obtinha. Sua irmã, Yelena, sua cunhada, Kate e sua melhor amiga de infância, Carol, - a qual elas consideravam como também uma irmã - eram mais barulhentas do que uma sala inteira de garotas do primário.
— Poderíamos ligar a rádio? É a hora das quarenta mais da semana. - Yelena, que estava na boléia junto com a Kate, pediu, já conhecendo a resposta de Natasha.
— Não. - A garota disse solenemente.
— Você é uma chata. - Carol falou em um resmungo, capaz de ser ouvido por Natasha.
— Eu sempre digo a vocês para ficarem na cidade e não virem comigo. - Natasha disse ainda séria. — Vocês vêm porque querem.
— Não custava nos deixar ouvir a rádio por algumas horas.
— Meu caminhão, minhas regras.
— Papai adorava ouvir a rádio. - Yelena tentou, tendo um longo suspiro de Natasha como resposta.
— Eu sei. - Natasha disse com nostalgia na voz.
— Ele deixou o caminhão para você porque sabia que você amava dirigir. Ele queria você feliz e não amarga desse jeito. - O silêncio se instalou por algum tempo até Natasha falar algo novamente.
— Meu caminhão, minhas regras. - Repetiu com veemência.
— Podemos então assistir algum DVD na TV aqui na boléia? - Natasha ficou quieta e logo assentiu.
Suas irmãs sabiam que Natasha era chata em relação ao silêncio, por esta razão instalaram uma televisão na boléia, que é a parte onde Natasha geralmente dormia, localizada logo atrás dos bancos. As meninas abriram mais a pequena cortina e se enfiaram lá atrás, para logo ligarem a TV.
Natasha desligou a TV da frente e suspirou. Era possível ouvir a TV de trás dali, no entanto, o ruído era menos irritante. Seus olhos focalizaram no belo horizonte, vendo o sol se pondo e em contraste com tal imagem havia algumas árvores com um verde tão lindo que se dava inveja.
Começou a assobiar baixinho, ouvindo a risadinha das garotas logo atrás de si.
— Estariam vendo pornô novamente? - Perguntou baixinho para si mesma.
Yelena amava trazer pornô e assistir com Kate, para então ir para a caçamba, que é onde dormiam e transar loucamente enquanto Carol dormia na boléia, tendo Natasha ainda no volante. Muitas vezes as garotas se empolgavam e os gemidos eram capazes de serem ouvidos ali na frente.
Preferiu mudar de pensamento ao lembrar dos gritos e fez uma careta.Deu um suspiro ao lembrar que era contente por sua irmã finalmente ter encontrado alguém que a amasse. Ela não daria a mesma sorte, era solitária demais para isso.
Estava a cerca de quase quatro anos sem transar e não fazia questão de sexo, contudo, vez ou outra Natasha não resistia e, pela madrugada, ligava a TV no volume zero, quando a cabine já estava trancada e ela tinha certeza que nenhuma das garotas poderia flagrá-la.
Admitia que o conteúdo daqueles DVD's era bom, diferente de tudo que já vira antes. Nada aparentava falso como em pornô mesmo. Era uma história toda baseada em cima de um casal e o sexo era algo que rolava naturalmente, e isso era algo que os DVD's de Yelena tinha em especial.
Assistia a curta-metragem, se saciando dos desejos de seu próprio corpo e logo em seguida dormia satisfeita, acordando no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Já fazia cerca de um mês que não se masturbava e sentia seu corpo mais tenso do que o normal, decerto que hoje à noite faria algo em relação a isso.
Estralou o pescoço assim que parou em um semáforo, ainda estavam na cidade. Não fazia nem uma hora que haviam saído de casa e aquela viagem seria mais longa do que a maioria dos últimos meses. Seis dias na estrada, pois iria para a outra ponta do país, contudo, parariam em alguns hotéis ao longo do caminho, atrasando um pouco a viagem.
No total de dez dias de viagem e mais dez de volta, se contasse com os dois dias que ficaria no local de destino, seriam vinte e dois longos dias com suas irmãs falantes.
As garotas nem sempre viajavam com ela, mas nas viagens mais longas elas iam. Todas tinham seus próprios negócios e por isso não atrapalhava deixar tudo quando quisessem. Diziam que adoravam se aventurar, já que, se dependesse de Natasha, as veria apenas no natal e em seus aniversários.
Desde que seu pai falecera Natasha havia se isolado de maneira assustadora e tal afastamento gerou um grande baque em suas relações, que eram muito unidas desde sempre.
A caminhoneira parou no posto de gasolina mais próximo e abasteceu todo o tanque, atrasando quase uma hora, pois Yelena alegava não viajar sem levar um estoque vantajoso de bobagens para se comer, sendo os salgadinhos os seus preferidos.
— Assim os vinte e dois dias se tornarão vinte e duas semanas. - Natasha resmungou.
— Desculpe, velha ranzinza. - Yelena zombou. O ruído do mastigar de salgadinhos fez o músculo do maxilar de Natasha se destacar em seu rosto. Ela odiava profundamente aquele som.
— Não sou ranzinza, apenas preciso entregar isso em uma data certa. Esse é o meu trabalho, não é uma brincadeira.
— Tudo bem. É agora que ligaremos a rádio? - Yelena tentou, tendo a risadinha de Carol ao fundo.
— Meu... - Começou
— Já sei, já sei. Seu caminhão, suas regras. - Yelena disse, se recostando nos braços de Kate.
— Muito mais fácil quando entendem isso, viu? - Natasha disse sorrindo de maneira contida, ajeitando seu boné em sua cabeça.
— Natasha, já pensou em jogar fora esse boné? - Kate questionou.
— O quê? Por quê?
— Porque existe há anos e está mais desbotado que couro de pica de alemão. - Alegou.
— Hey, respeite meu boné.
— Eu sei que você ama bonés, mas pelo menos lave ele então. Noto a beirada suja daqui. - Natasha corou e assentiu derrotada.
— Vou lavar, mamãe.
E assim seguiram a viagem. Vez ou outra Natasha explicava para as garotas sobre algum lugar por onde passavam, já que já conhecia a estrada de cabo a rabo.
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Notas: Olá, eu sou a Mavih. Costumo ser leitora, mas resolvi adaptar essa história por recomendação e livre e espontânea pressão da minha amiga tina_fanfic. Estou conhecendo a fanfic conforme estou adaptando, então eu não faço ideia do que está por vir, mas estou amando e acredito que quem ler vai gostar tanto quanto eu.
Por fim, muito obrigada a JulieteBs pela autorização ✧*
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Destino Incerto
RomanceNatasha Romanoff é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Entretanto, a monotonia de seus dias tem a rotina alterada quando uma garota lhe pede carona. Uma viagem de longos dias transforma sua vida, colorin...