Papai Helion

Capítulo 21 (Revisado)

▪︎• Eu sei como é perder o amor da minha vida.

AVISO: neste capítulo é citado temas como tortura e decapitação, é bem de leve.

{HISTÓRIA}

Ele sabia como era a dor de perder seu grande amor, havia sentido ela na própria pele.

- Eu... está na minha vez de contar uma história para o senhor, ok?- Lucien perguntou, sorrindo de forma gentil para o seu pai. O homem havia se aberto com ele, nada mais justo do que ele se abrir com o homem.

Helion concordou com a cabeça, olhando para sua pequena raposa com muita atenção.

- Eu também fui amante, meu pai... fui amante de Lirie durante muitos anos e aposto que o senhor já sabia disso antes mesmo de eu saber... mas todo bem. Sei que esse é um super poder dos pais e estou tranquilo quanto a isso.

Dali viria uma história triste, deduziu o Grão-senhor, apenas pela forma com a qual seu filho estava olhando para todos os lados, menos em seus olhos como se quisesse evitar.

- Mas o senhor não sabe a causa da morte dela...

E de fato, não sabia, apenas poucas pessoas sabiam pq ou como a mulher de Tarquin havia morrido, junto ao tio do rapaz e mais outras pessoas de sua Corte.

- Ela estava levando e trazendo informações, arquitetando um plano mirabolante para acabar com a Amarantha, afinal aquela mulher não sabia da Existência de Lirie.
Mas os empregados de Amarantha sempre foram mais rápidos do qualquer pensamento que pudéssemos ter.

Suspirou, relaxando seus músculo e finalmente olhando para o rosto do seu pai, ambos seguraram a mão um do outro. Sempre foi assim, apesar de terem muitos amigos, no fim era só eles dois, se apoiando, se consolando, contando segredos e aventuras, Lucien não se lembrava de uma única vez que não se confessou ao seu pai.

- Um dia, fui chamado no meio da noite para o salão principal de Amarantha, eu não entendi muito bem mas me vesti o mais rápido que pude e fui, meio apressado e cambaleante pelo sono.

- Chegando lá, haviam algumas pessoas de pé, Rhysand e Amarantha estavam usando roupões velpudos, aquilo denunciou que provavelmente estavam juntos antes de irem. Também tinha Tarquin que parecia perdido em pensamentos, dois servos de Amarantha, eles carregavam longas espadas e então após analisar isso, meu olhar foi para as pessoas ajoelhados, pareciam bem machucadas, muito provavelmente antes daquilo foram torturadas.

Lucien não conseguiu aguentar e abraçou seu pai com força, nunca tinha colocado aqueles sentimentos para fora, nunca tinha falado daquela noite.

- Lirie estava entre elas. Seus cabelos estavam desgrenhados, sujos... suas roupas então estavam aos farrapos mas eu não podia demonstrar emoção.
Perguntei para a mulher ruiva o que eu estava fazendo ali. Ela disse que queria ver minha expressão quando minha amada se fosse. Eu... ah pai, nem sei como Tarquin estava se sentindo naquele momento.

Na verdade foi naquele momento que Lucien se arrependeu de tudo que viveu com Lirie, foi naquele momento que ele jurou que nunca mais atrapalharia o relacionamento de outras pessoas novamente, que só iria amar a sua parceira e ninguém mais.

- Tudo bem... me mantive calmo e me encaminhei até um dos lados do salão, onde eu pudesse ver o que acontecesse em seguida.

Neste momento a raposa já estava encolhida nos braços do pai, que acariciava suas costas e ouvia, Helion sabia que o filho precisava por aquilo para fora e não se zangava com isso, muito menos com o fato de Lucien estar contando aquilo depois que Helion contou sobre Aramina, muito provavelmente o ruivo só se sentiu confortável após ouvir a história dos pais. Quem poderia julga-lo?

- Muito bem, Rhys torturou cada pessoa que estava de joelhos mas como elas não contaram o que aquela mulher queria saber... ela matou um por um mas quando tirou a cabeça de Lirie... eu senti meu mundo ruir e quebrar, senti minhas pernas ficarem bombas e como não conseguia mais me aguentar em pé, cai de joelhos ali mesmo... na frente do corpo sem vida da única mulher que eu amei com tanta intensidade.

Soluçou, Lucien simplesmente começou a soluçar e a chorar com o seu único olho restante, a dor ainda estava ali, ainda estava presente, ele sentia cada átomo do seu corpo se encolher e chorar com ele, ele sabia que jamais iria amar alguém como amou Lirie, aquilo nunca mais aconteceria, não poderia acontecer pq ela era a única. Sempre foi.
Nem mesmo Elain chegava aos pés da mulher. Ninguém chegaria aos pés de Lirie a não ser que a pessoa fosse sua parceira e no fundo Lucien sabia que jamais iria superar totalmente, foi seu primeiro amor.

Da mesma forma que Helion sabia que nunca iria superar Aramina e sendo sincera, estava tudo bem, eles ainda estariam ali um pelo outro.

Por mais que Lucien lembrasse ao pai a mulher que ele sempre amou... como aquele doce rapaz lembrava ela... por mais que sua aparência fosse parecida com a do pai, tirando os cabelos ruivos claro. Mas a personalidade era praticamente a de Aramina. Naquele instante que ele pensou isso, seu coração partiu mais um pouco... deuses... ele amava tanto uma mulher que o deixou.

Lucien saiu de suas lembranças quando em seus Braços Azriel se mexeu, o ruivo sentiu o laço um pouco mais firme agora, mais claro... talvez a confusão do seu parceiro estivesse melhorando.

- Azriel...- Chamou baixinho, sua mão que agora estava parada no couro cabeludo do mais velho volta aos poucos a se mexer, como se quisesse acordar o mesmo sem movimentos bruscos ou coisas assim.

Lentamente o Encantador de sombras vai voltando a si, ele havia ficado horas ali sem saber o que acontecia ao seu redor então acabou surpreso quando sentiu uma mão acariciar seus cabelos, não era um inimigo e algo dentro dele se aqueceu quando sentiu o cheiro que a pessoa exalava. Era o seu parceiro, mas o que Lucien estava fazendo ali? Como sabia onde ele estava?

- Estou... tentando te ajudar e... não sei como vim parar aqui.- Lucien respondeu as perguntas do mais velho, deixando claro que ambas as barreiras mentais agora estavam abaixadas e não havia mentira, rancor, ódio ou qualquer outra coisa, a não ser preocupação.