Capítulo 4

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_ Admito que depois de alguns anos não pensei que teria probabilidades de você voltar.- Disse ele de cabeça baixa encostado em sua moto.

_ Gosto de ser uma pessoa imprevisível. E como vai a vida? Você provavelmente já terminou o ensino médio né?

_ Sim, foi bom concluir finalmente a escola, podemos dizer que não sou muito bom em aprender sob pressão. Mas e você? Parece que aquela menininha tímida finalmente aprendeu a se comunicar com pessoas de verdade.- Ele da uma breve risada.

_ Bom, não sou mais tão tímida é verdade, mas continuo sem saber me comunicar ou me expressar grande parte do tempo.

_ Anda gostando de alguém?- Foi uma pergunta bem direta, me surpreende a facilidade que ele tem em perguntar algo assim.

_ A bem, onde eu moro estava interessada em um garoto, mas ele não dava tanta bola pra mim, então podemos dizer que era algo não reciproco.

_ Oh, sinto muito, mas é a vida né? Nem tudo pode ser como queremos, acho que essa é a graça de tudo.- Ele me da um sorriso sincero.

_ E como vai sua mãe? Não cheguei a vê-la ainda.

_ Ela provavelmente está na cozinha fazendo algum bolo ou algo do tipo. Preciso perguntar pra você, pois isso tá me matando.- Ele falou de um forma tão seria, e pelo jeito que minhas memorias estavam confusas, tinha medo de ter mais alguma coisa fora do normal vindo.

_ A gente ainda tá noivo ou sua mãe desmanchou nosso noivado?- Quase me assusto, mas me relembro da ocasião de minha mãe dando minha mão pra ele.

_ Ela não desmanchou, acho que ela nem lembra mais disso sendo bem realista.

_ Eu fui fiel a minha noiva, nunca trai nosso noivado.- Ele diz colocando a mão no peito em forma de juramento.

_ Então de agora em diante nosso noivado está oficialmente acabado! Não quero um noivo que tentou me matar com uma moto.

_ Oh meu amor! Por que faz isso com meu pobre coração apaixonado?!- Ele brinca.

_ Acho melhor entrarmos, sinto que vamos ficar sem almoço se continuarmos aqui.

_ Bonita e inteligente, uma raridade nos tempos de hoje.

_ Machista! Foi rejeitado por uma garota bonita foi?

_ Você acabou de romper comigo, então acho que já da pra considerar.

Entramos e logo após o almoço Daniel e minha mãe ficaram conversando, podemos dizer que minha mãe é ótima em fazer amizade com pessoas próximas a minha idade, uma habilidade que nem eu tenho.

Eram quase duas da tarde, eu conversava com Olivia e Maria, Daniel havia ido se arrumar para o trabalho, mas logo ele volta.

_ Vocês tão afim de ir na praia? Eu posso acompanhar vocês, mas provavelmente não voltaremos juntos já que meu turno dura até as oito e meia.

_ O que você acha Cam? Você é a visita então você escolhe.- Se Maria soubesse o quão ruim sou para decidir algo sozinha, acho que ela não teria falado algo assim.

_ Tenho que ver com a minha mãe já que prometi ficar essa semana só fazendo coisas que ela quer.

_ Pode ir.- Escutei uma voz atrás de mim que fez até a minha espinha arrepiar.

_ Meu Deus mãe, não se chega atrás das pessoas assim de supetão.

_ Você pode ir já que esta um dia quente, só não volta tão tarde.

_ Não se preocupe tia, ela tá junto com o melhor salva vidas.

_ Pode até ser dentro da água, mas fora dela não passa de um frango depenado.- Disse Olivia, todos caímos na gargalhada.

Pessoas praticamente subindo uma encima da cabeça da outra, o carinha artesão vendendo sua arte, o tio do picolé vendendo obviamente picolé, plástico pra todo lado, caixas de som, bundas e barrigas de cerveja para qualquer direção que eu olhe, é a praia continuava a mesma.

Sentamos perto da cabine do salva vidas, as meninas correram para o mar e eu fiquei ali por um tempo cuidando as coisas e passando protetor solar, logo avistei um senhor vendendo brinquedo de criança, sabe aqueles pra fazer castelinhos de areia, eu sei que vai parecer meio idiota mas eu fui até lá e comprei um.

_ Você comprou um baldinho de criança? Se tá bem?- Quando Daniel disse isso eu fiquei com um pouco de vergonha, porém o dinheiro é meu e eu faço oque quiser com ele.

_ Algum problema? Eu gosto de brinquedos de criança, e faz tempo que não faço um castelo de areia.

_ Não quis te ofender, só achei uma escolha um tanto quanto diferente para se comprar.

_ Por que vocês sempre me chamam de esquisita? Meus gostos nem são tão peculiares. Quer saber, me poupe, vai trabalhar antes que você deixe alguém morrer afogado.- Eu digo dando sinal pra ele sair, mas ele ignora e leva sua mão em direção ao meu rosto o esfregando.

_ Você deveria pelo menos espalhar o protetor de forma certa antes de brigar comigo.- Eu sinto meu rosto esquentar levemente. Ele sobe para a cabine e assim se passa a tarde, eu tentando fazer um castelo de areia e as vezes revezando com as meninas para entrar no mar.

_ Bom acho melhor eu ir voltando para casa, antes que escureça ou me deixem para fora.- Disse para Olivia e Maria.

_ Então até mais Cam.- Disse Maria. Resolvi subir na cabine de Daniel para me despedir.

_ Já estou indo.

_ Pensei que você iria esperar meu turno acabar.

_ Eu até esperaria, mas minha visão já se cansou de ver tanta bunda e barriga de shop.

_ Só ficar aqui encima olhando para mim.- Ele diz sorrindo.

_ Já enjoei da sua cara também.

_ Que vida amargurada, quem enjoa de uma beldade dessas?

_ Uma pessoa cociente.

_ Então tchauzinho princesa de areia.

_ Adeus salva vidas de piscina infantil.

Quando o verão acabarOnde histórias criam vida. Descubra agora