Farto de governar o submundo, Hades se pôs em tormenta no mundo humano desafiando seu destino sem pudor algum. Quando enfim amaldiçoado por traição, sua única salvação seria encontrar e corromper o ser mais puro e límpido de toda a existência.
Somen...
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Um batuque incessante no mármore negro se ouvia ao longe. Os dedos esguios refletiam o brilho tenebre do sangue seco na pele do ser o qual nunca se via a face, mas bem se conhecia por todo martírio.
O corpo desfalecido jogado ao chão, quase sem vida, num instante almejava pelo fim, mas retornava a alma podre ao físico despedaçado. Lamúrias ao entorno, que por milênios foram orquestra, naquele instante pôde o mau apenas desfrutar do quebrar estridente de cada crânio, farto da mesmice, calando-os em miséria.
A imagem assombrosa em puro ódio se pôs de pé, numa calmaria dissemelhante ao que compunha toda a eternidade de sofrimento, passos vagarosos e pesados reviravam as entranhas do maldito.
Assim, mal se pôde ver quando o Tinhoso se desfalcou em meio as lamúrias, um farfalhar das pesadas asas e o ruído das barreiras do inferno.
Por fim, nunca mais se teve notícias do Rei. Apenas sua presença sufocante ainda tornava o submundo um reino de dor e medo, lembrando-os que seja lá onde estivesse, sempre teria uma parte de si atormentando-os.
“Quando renunciar-te, grande temor sofrerás. Pois, enquanto líder, tens poder. Como fugitivo, tens medo”
