The Art of love.

lonely eyes.

Manhattan, Nova York.

Os olhos passeavam a todo instante pela imensidão das árvores do Central Park em meio as trovoadas suaves.  Até onde a lente de seus óculos podiam enxergar, sendo sincera, mas ela cerrava os olhos para tentar ver algo além. Não sabia quantas mais voltas já tinha dado ao redor do local aberto com uma Jennie resmungona ao seu lado, na esperança de vê-la.

E não, ela nunca gostava de estar tanto tempo fora de casa. Apenas saia o necessário e com um dos cachorros habitantes do seu apartamento. Mas aquele já era o quinto dia naquela mesma semana que Lalisa atravessava a rua empanturrada de perfume e tentando disfarçar que aquilo era o mais normal possível. Jennie no começo não falou nada, mas no quinto dia em que viu Lisa sair estranhamente toda perfumada para passear com o cachorro, se levantou do sofá e se convidou para ir junto.

No meado da segunda volta, Jennie não aguentava mais andar e ela em si, estava frustrada.

Frustrada por mais uma vez ser deixada de lado por sua namorada, ou algo que elas fossem. Nem a morena saberia dizer pois Jisoo sempre dizia que o que elas tinham não precisava de rótulos, só estavam juntas.  O que incomodava Jennie, ja que infelizmente ela era alguém bem esclarecida e gostava das coisas da forma mais verdadeira possível. Já fazia dias que ela não via advogada e o tal jantar depois da peça, realmente não aconteceu, o que  resultou numa grande noite de diversas bebidas que ela aproveitou pra ser afundar com Nayeon.

As mensagens que recebia dela era bem razas e disse ela que naquela noite iria vê-la, se não saísse tão tarde do trabalho. E, entendiada e triste, Jennie achou que sua única ocupação naquele momento seria ótimo ver Lisa travar na presença de outra mulher. O que não aconteceu porque elas não encontravam de maneira alguma a loira.

— Lisa! Isso é inútil, estamos procurando uma garota que você nem sabe o nome.

Resmungou, mais irritada que o normal, observando sua irmã empurrar os óculos de grau para indireita-los no rosto pela milésima vez. Fazia isso quando estava nervosa, e ela realmente estava.

Mais uma trovoada. Uma tempestade bem ruim parecia estar chegando.

— Não estamos procurando ela, já lhe falei isso.

— Oh, claro. Agora você precisa fazer um buraco na camada de ozônio de tanto perfume apenas para passear com seu cachorro?

— Não tenho culpa se você tem o hábito de sair fedorenta de casa, Jennie.

Habitualmente deu de ombros. Vestia suas roupas casuais, um blusão branco cheio de estampas de suas músicas favoritas da Taylor Swift; esse que ganhou de presente de Jennie em um de seus aniversários, all star vermelho e um short jeans surrado que era quase engolido pela parte de cima. Seus cabelos estavam soltos, os fios negros belamente escovados marcando no tecido claro de sua roupa e os olhos brilhando de  maneira suave pela forma que a luz dos postes batiam contra a lente de vidro de seu óculos de grau.

Ela o usava desde seus oito anos quando desenvolveu miopia e astigmatismo. Apenas trocou as armações quando foi crescendo, mas nunca o abandonou. Jennie dizia que era o charme dela desde quando uma Lisa de onze anos chegou em casa dizendo que a garotinha da escola que ela tinha uma paixão elogiou a armação.

— Podemos voltar para casa para terminar de ver Greys Anatomy? Você dormiu ontem quando a Lexie morreu e nem fez meu chocolate quente.