Capítulo Único

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Tudo começou em 219 d.C. A Dinastia Han durou de 206 a.C. até 220 d.C. e contou com nomes muito poderosos de imperadores e magos que detinham conhecimentos ocultos e objetos de valor inestimável. Liu Xia, descendente da família de imperadores Liu, da China, foi o maior mago de sua época e se tornou o mais poderoso, até a tragédia anunciada acontecer.

Liu sabia que seu poder incomodava sua família e seu povo, temiam um acesso de ira do imperador e que seus pupilos não fossem tão bondosos depois de adquirir todo seu conhecimento. A verdade é que, nem mesmo o mago confiava em seus seguidores, então, optou por selar seus poderes em cartas que apenas podiam ser controladas com uma habilidade mágica acima da média e um medalhão energizado com sua própria aura. Em homenagem aos círculos que ele usava em suas assinaturas, suas novas criações receberam o nome de Cartas Arcanas.

Temendo por este poder, Liu usou de sua magia para criar um ser vivo que pudesse proteger as Cartas, alguém destinado a ensinar para uma futura geração seus ensinamentos, garantindo que o próximo a dominar seu conhecimento fosse alguém justo, bom e de alma pura, como as estrelas haviam lhe contado. Nomeou-o Lux, assim como a luz, um ser que tirava sua energia das Cartas de água, serenas e poderosas. Deu para Lux o livre arbítrio de tomar a forma que quisesse, de ser homem ou mulher, novo ou velho, até mesmo de trocar seu nome. Preso em uma vida de servidão pelas Cartas e seu novo futuro Mestre, Lux era livre para ser quem quisesse.

No declínio da Dinastia Han, a caixa foi enviada para território estrangeiro, vendida para monarcas até se perder completamente; os rastros históricos foram apagados com o tempo e, por cerca de mil anos, as Cartas ficaram seladas, juntamente com seu protetor e o medalhão mágico que as controlava. O imenso poder do mago Liu dormia profundamente, até o dia 31 de Outubro de 2021, a fatídica data prevista há um milênio.

— Obrigado por ter ficado para me ajudar, Taetae!

— Eu gosto do Halloween, Jiminie, e acho injusto que você tenha que montar tudo sozinho. A festa é daqui a algumas horas e onde estão todos os que disseram que iriam ajudar a montar o salão das crianças?!

— Se arrumando para a festa dos adultos.

Park Jimin estava no último ano de Artes Plásticas e por todos os quatro que permaneceu na Faculdade de Busan, ajudou a turma de Artes Cênicas a enfeitar o salão principal para o Festival de Halloween; sempre que terminava seus estudos na parte da tarde, ocupava seu tempo do dia 31 com balões laranjas e roxos, teias de aranha cinéticas e espantalhos cheios de palha.

Estranhamente, naquele ano não haviam muitas pessoas para ajudá-lo, então ligou para seu melhor amigo, Kim Taehyung, apenas alguns meses mais novo que si, para ajudá-lo na empreitada; o rapaz de cabelos castanhos e sorriso retangular adorava ajudar o amigo, mesmo que sua área fosse fotografia. Estavam apenas os dois no grande salão, Jimin se equilibrava em uma grande escada, prendendo as teias de aranha falsas no lustre do lugar.

— Toma cuidado, Chimmy.

— Tudo bem, estou perto da parede, se eu me desequilibrar ela me ajuda.

— Engraçadinho — debochou o amigo.

O loiro riu alto e continuou seu trabalho, afastando vez ou outra os cabelos loiros da testa.

— Podemos fazer uma decoração parecida no seu aniversário — disse Taehyung ao guardar todas as aranhas que sobraram.

— Mas eu acabei de fazer vinte e seis anos, Taetae!

— E daí? A gente já planeja uma festa para o ano que vem!

— Você está muito emocionad-

Em um segundo de descuido, Jimin se desequilibrou enquanto falava e, para não cair diretamente no chão, ele jogou seu corpo para a parede, amortecendo a sua queda; jamais imaginou que a parede não era resistente e cedeu com seu peso, fazendo-o cair em um vão que sequer sabia da existência.

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