A Melhor Parte

Pela Minha Janela

– Você está bem? – Escuto sem entender bem o que realmente está acontecendo
Quando abro meus olhos vejo belos olhos azuis, indo ao encontro dos meus, sua feição parece preocupada, e é perceptível ver grande tensão em seu rosto por meio de sua testa franzida
– Josh qual é o seu problema? Não dá pra esperar nada diferente de você né – Sina fala enquanto se aproxima para me ajudar a me levantar.
Ele, que aparentemente se chama Josh, ainda meio desconcertado tenta me ajudar também.
– Estou bem, não me machuquei, foi apenas um susto
– Que bom – Diz o loiro
– Você é um irresponsável mesmo né Josh – Retruca Sina.
– A culpa não é minha se ela não olha por onde anda, a culpa não foi toda minha – Responde Josh com tom bravo
Não esperava ouvir isso, pareceu meio rude e grosseiro, mas não posso deixar de notar que é extremamente bonito, o que me faz ficar aérea por um segundo, mas depois me lembro do que acabara de dizer
– Vá embora que você ajuda mais – Responde Sina, altamente nervosa.
Ele, sem pestanejar, vai até sua moto que estava caída no chão, pega seu capacete, se ajeita e vai embora sem dizer mais nenhuma palavra
– Espero que esteja bem – Diz Sina
– Estou ótima, não foi nada. Mas a propósito, você sabe onde tem um hotel ou pensão aqui na cidade? Preciso urgentemente de um lugar para passar a noite – Pergunto para Sina sem pensar muito.
Minha viagem até aqui foi bastante cansativa, e não pensei muito nos detalhes para me estabelecer aqui, apenas vim, e com certeza aonde eu iria dormir não foi algo que eu tenha planejado, apesar de ser essencial.
– Ter até tem, mas ficam do outro lado da cidade, você vai demorar um pouco pra chegar lá, no meu apartamento tem um quarto sobrando, minha colega de quarto está de férias e tenho certeza que ela não se importará de você ficar lá por alguns dias até que encontre um lugar para ficar.
Aquelas palavras da Sina soaram aos meus ouvidos como um grande alívio, não esperava a gentileza, mas me sinto extremamente grata, pois procurar algum lugar a essa hora da noite realmente seria algo extremamente cansativo, mais do que o que eu poderia suportar para esse dia que parece que não acaba nunca
– Eu aceito, e te agradeço por me ajudar – Respondo
– Já que estou te ajudando, você também poderia me ajuda – Me dá uma carona para chegarmos em meu apartamento, pois não tenho carro ainda
Dou uma risada
– É óbvio né! – afirmo
Sina parece ser uma pessoa incrível, além de ser extremamente bonita com seus cabelos loiros e um rosto de modelo, ela é extremamente gentil. Fico feliz por tê-la encontrado nessa cidade onde tudo é tão novo pra mim.
Entramos no carro e Sina me passa o endereço pelo GPS, pois afirma que será mais fácil de eu segui-lo ao invés dela explicar o caminho, logo em seguida encosta o rosto na janela e fecha os olhos, ela deve estar exausta, e não é pra menos, o trabalho no café é bem pesado.
Enquanto dirijo, um toque de realidade me vem a mente e me todos os sentimentos que senti nas últimas semanas voltam a me atordoar, o luto ainda é forte, a sensação de não ter aceitado é imensa e a solidão tornou-se minha melhor amiga. Rapidamente, tudo me vem a memória, sobre como eu amava estar com meus pais e viajar para a casa no lago quando eles arrumavam uma folga do trabalho. Me lembro perfeitamente de cada detalhe e sinto muita falta, meu olhos começam a marejar, mas logo em seguida a razão grita dentro de mim e me esforço para não permitir com que nenhuma lágrima caia. Minha família se foi, estou sozinha e preciso aceitar isso de uma vez por todas.
Quando deixo meus pensamentos de lado, percebo que já chegamos, a casa de Sina é bem perto do café. Quando paro o carro, ela abre os olhos e começa se ajeitar para sair.
– Vem Savannah! É aqui.
Desligo o carro, pego minha bolsa com minha coisas e vou atrás dela. Sina mora em um prédio de 4 andares com escadas, é um prédio relativamente pequeno, mas é absurdamente aconchegante. Subo as escada seguindo ela e já paramos no segundo andar.
Ela pega a chave e abre a porta e logo diz:
– Fique a vontade, aqui fica a sala e a cozinha, os quartos ficam à direita juntamente com o banheiro. O quarto que você vai ficar é o que fica com a janela virada pra rua.
Ela vai me mostrando seu apartamento e logo me sinto tão bem em estar ali, é um apartamento simples e funcional, o ambiente é bem clean, o que traz muita tranquilidade.
Sina me puxa pelo braço e me leva até o quarto que eu dormiria aquela noite
– Aqui está – Diz Sina – O quarto está meio empoeirado pois minha colega de quarto está há algumas semanas fora, mas acredito que não seja nada que irá te incomodar
– Claro que não Sina, eu já te agradeço muito por me ajudar a arrumar esse lugar pra passar essa noite.
Ela sorri e diz:
– Travesseiro e cobertor tem dentro do guarda-roupas, pode abrir e pegar o que precisar, sem cerimônias. Tenha uma boa noite – Ela diz, enquanto saí do quarto
O quarto tem uma cama de casal enorme, um guarda-roupas e uma escrivaninha. Evito mexer nas coisas que haviam nele, afinal não são minhas e não quero incomodar, muito menos parecer inconveniente.
Quando finalmente me sento na cama para respirar e pensar naquele dia enorme, viro-me para a janela e está lá. Do outro lado da rua, através da minha janela, em seu apartamento que fica à frente deste que estou. O loiro, de olhos azuis penetrantes, músculos definidos, e personalidade aparentemente arrogante, Josh.
Uma confusão de sentimentos me invade ao vê-lo pela minha janela, ele estava sem camisas somente de bermuda, num ambiente pouco iluminado mas que ainda dava pra ver a expressão do seu rosto, ele falava ao telefone e parecia bem sério. Foi inevitável reparar em seu corpo extremamente esbelto e musculoso.
Quando ele vira totalmente para a janela, eu me dou conta de que estou espiando e me abaixo para que não corra o risco de ele me ver. Não sei porque importa para mim que ele não me veja, mas certamente ficar olhando os outros pela janela não é algo bom.
Ali abaixada meu coração começa a palpitar, e eu bem entendo porque, o que Josh, um cara que sequer conheço, fez para que meu coração palpitasse?