•Abre a porta•

545 69 7
                                    

Já era de se esperar uma certa tristeza vinda de Mirana, aliás, sua afilhada havia sido vítima daquele "vírus" — nome que foi dado pela diretora Covey — que já havia infectado dois outros alunos.

Completamente abalada a mulher pediu para não visitar Madeleine, não queria ver o estado deplorável em que sua garotinha se encontrava. Nos últimos dois dias a reitora permaneceu em seu quarto sozinha.

Apenas ela e seus pensamentos.

Decidida a acabar de vez com quem quer que estivesse "brincando" com a saúde e segurança dos alunos, Mirana se trancou em seu quarto rodeada de papéis onde ela escrevia todas suas teorias para o que estava acontecendo.

Vez ou outra saía dê lá na calada da noite apenas para pegar um café e voltar ao seus aposentos. Ela não assumiria sua dor, não queria sentir o que quer que estivesse a corroendo por dentro, não queria admitir que sua afilhada estava sobre efeito de magia para ficar calma.

— Mirana, abra por favor! — Covey berra do outro lado da porta — Não pode passar o resto dos seus dias aí dentro.

A loira que estava segurando um caderninho em mãos encara a porta, seu olhar perdido e vazio.

— Você precisa ser forte, não só pela Maddie mas também por Kitty e Lizzie.. — Uma lágrima solitária cai sobre as bochechas pálidas da mulher.

A verdade era que desde criança Mirana não sabia lidar com seus sentimentos, incluindo sua dor ou até mesmo a possível perda de alguém tão próximo. Em momentos como esse ela se trancava em seu quarto se martirizando pelo fato de não saber como ajudar e sempre acreditar que ela tinha culpa, até porque o único dever dela de proteger sua afilhada, sua família, ela não havia conseguido concretizar.

Dois dias atrás quando recebeu a notícia, Branca saiu correndo de sua sala até a enfermaria e no momento em que passou pela porta viu a cena que fez seu coração doer de uma forma inimaginável.

Madeleine estava sobre a maca, com seus pulsos e tornozelos presos. Ela gritava, gritava tão algo como se estivesse sentindo dor, mas era apenas aquele "veneno" em seu corpo a controlando.

—por favor!..

Berrava, como se a parte "sã" dela quisesse parar aquilo que lhe corroía por dentro. Os guardas haviam dito que no instante em que notaram os olhos vermelhos da adolescente a trouxeram carregada aos gritos para a enfermaria, então era por isso que estávamos vendo a "transformação" dela.

— T-tia...por favor! tia...isso dói! — Mais gritos ela deixava, carregada de lágrimas enquanto contorcia o corpo — hás! hás! hás! fo...foi ...

Mirana não sabia o que fazer, estava paralisada vendo sua afilhada pedir por ajuda, queria correr até ela, queria dizer que ia ficar tudo bem mas não conseguia, não conseguia se mover.

— Mirana! — Covey berra e no momento em que Lesso aparece na sala  e trava na porta vendo aquela cena, a loira da de ombros e corre para seu quarto.

O que nós trás novamente ao presente, onde a alteza continua parada olhando para a porta.

— Precisamos de você conosco... — Insiste a mulher negra doutro lado.

Notando que a reitora não cederia apenas se afastou, respirou fundo e deu as costas sabendo que não adiantaria nada.

Ao notar que Clarissa havia saído, Mirana volta sua atenção ao seu caderno, onde continha algumas anotações.

"quem fez isso?"

"porque?"

"como?"

"é magia?"

Minha Querida Lesso || Lady LessoOnde histórias criam vida. Descubra agora