A garota na areia

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Após uma longa agitação nos mares ao redor da pequena ilha de Voda, ao amanhecer algo chamou a atenção dos pescadores, o corpo gelido de uma jovem perdido na areia, junto dos destroços do seu pequeno barco, a aparição inesperada atraiu os moradores da vila, que se reuniram na praia. Não demorou muito para que Amalia a grande guardiã fosse até ela,  Amalia Tinha uma presença imponente, pele escura como a noite e olhos tão claros como as marés de Voda, conforme ela  caminhava as pessoas iam abrindo espaço até que chegasse na menina.   

- Ela está viva, disse um pescador tocando no pescoço dela.

Amalia se aproximou da jovem e a segurou em seus braços.

- Como pode ter sobrevivido as ondas de ontem, olha como o barco está despedaçado senhora, é um milagre que ela esteja viva. Disse o pescador 

Amalia movimentou sua mão e com seu poder começou a retirar a água de dentro da menina. 

- Você acredita em milagre, meu bom homem? Disse a guardiã.

- Sim minha senhora, respondeu o pescador.

- Eu não acredito, tudo acontece por uma razão, nada vem do acaso de forma brilhante, tudo se é planejado e escolhido o momento certo de acontecer. Continuou a Guardiã. 

- O que quer dizer minha senhora?

- Como o esperado as águas escolheram uma nova senhora. Sussurrou a si mesmas -  Levem-na a meus aposentos. Ordenou Amalia.

Levaram a garota até a casa onde A guardiã se hospedava, quando já estava no quarto a jovem começou a despertar, a primeira coisa que viu foi os grandes olhos pintados de Amalia a observando. 

- Quem é você? perguntou Amalia 

- Muriel disse a jovem ainda um pouco assustada.

- O que estava fazendo nas marés altas, Muriel? questionou.

A jovem olhou para os lados em busca de uma resposta e rapidamente saltou da cama se ajoelhando aos pés de Amalia.

- Por favor senhora, eu imploro pela sua misericórdia, eu juro que não queria ir as altas marés, mas não tive escolha, era o único jeito. Exclamou Muriel com a voz embargada. Seus longos cabelos ondulados agora semi soltos cobriam sus face. Amalia se curvou e com uma mão  levantou o queixo da jovem, com a outra tirou as mechas de cabelo castanho do rosto da garota, então pode ver seus olhos, eles eram de um azul intenso, estavam envolto em lágrimas.

- Único jeito de que? Posso parecer jovem, mas tenho mais de um século de vida, não tente me enganar, agora diga-me garota, porque navegou para as altas marés?

- Sou de uma família de pescadores, meu avô ensinou tudo o que eu sei, mas ele faleceu a pouco tempo, minha avó está muito doente, mal consegue andar pela casa, o sustento da minha família depende de mim.

- E seu pai? 

- Ele finge que eu não existo, na verdade eu nem conheço o seu rosto. Minha avó precisa de mim, eu sigo pescando como meu avô fazia, mas nessas últimas semanas, as águas rasas tem ficado cada fez mais escassas de peixes, mal consegui alimentar a gente, quanto menos pagar impostos, os homens da lei vieram me cobrar se eu não os pagasse essa manhã, entrariam na minha casa e levariam nossos poucos pertences, então eu pensei que talvez se eu fosse a alto mar encontraria mais peixes,  e poderia pagar minha divida. Eu sei que é proibido ir a alto mar, sei que é perigoso, mas essa era minha única chance, por favor senhora, pode me punir mas não faça mal a minha avó! Implorou a jovem. 

- Está me dizendo que quebrou a lei e arriscou sua vida para salvar sua casa?

- Sim, e estou disposta a pagar pelo meu erro. 

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