Cap 1 | High Hopes?

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POV Pepper

Era a terceira vez em menos de dois meses que eu voltava àquele lugar e a sensação de impotência era sempre a mesma. De inicio parecia haver uma luz no fim do túnel, um fio de esperança. Na verdade, eu ainda frequentava porque queria uma solução pra tudo porque não me conformava, não aceitava a perda (pelo menos não de novo). Porque eu não queria aceitar. Queria uma nova chance para a gente, uma chance para nossa família. Mas nunca superaríamos, sempre haveria uma parte nossa perdida.

— Bom, Virginia... seus exames estão normais e aparentemente seu corpo está pronto. Mas a pergunta é: você está?

I don't know...— respondo.  A aquele ponto tudo parecia estar certo, estávamos juntos a mais de dez anos e casados a quase cinco, mas eu realmente não sabia se estava pronta novamente, se é que estaria algum dia, mesmo que minha maior vontade fosse ser mãe.

— Precisaremos mesmo da fertilização, Dra? — ele pergunta depois de se manter calado durante toda a consulta — Ou há a possibilidade de...?

— Vocês podem seguir com métodos tradicionais, Anthony. Como disse, os exames estão bons e essa é somente uma das possibilidades.

Assim que a Dra. Johnson termina de nos explicar sobre nossas opções e sobre a necessidade dos acompanhamentos, nos levantamos e seguimos em direção a porta, deixando o consultório. Entramos no elevador e Tony toma minha mão sem dizer nada, apenas a acaricia, como se tentasse falar que tudo vai ficar bem, por mais que não pareça no momento. Assim que chegamos ao térreo, caminhamos em até a saída do prédio e nos direcionamos até o carro. Ele para próximo da lateral direita e então abre a porta para que eu entre, e quando o faço e ele fecha a porta, seguindo até o lado do motorista logo depois.

Seguimos em silêncio para casa, havia um abismo instalado entre nós naquele momento. Era assim todas as vezes que íamos ao consultório, parecia que aquele dia voltava a tona. Achei que se diferente depois da boa notícia de que poderíamos tentar novamente. Mas não foi, e eu entendia que uma parcela da culpa também era minha.

— Vou tomar um banho — digo assim que entramos em casa e finalmente posso retirar as sandálias — Você vem? — pergunto, convidando-o indiretamente

— Preciso resolver algumas coisas antes. Não demoro. — ele responde já se encaminhando até até garagem,  era onde ele vinha se escondendo desde então. Na verdade, apenas um dos lugares, o outro era na base dos vingadores.

Subi as escadas que davam nos quartos e segui até nossa suíte, que ficava no final do corredor. Assim que entrei no banheiro, retirei as roupas jogando-as no cesto e logo em seguida me posicionei embaixo do chuveiro, deixando que a água quente caísse sob minhas costas, tentando levar para o ralo a dor e o peso que eu teimava em carregar dia após dia. Saí do box depois de longos minutos, me enxuguei e então vesti o hobby. Me posicionei em frente a pia para começar minha rotina de skin care noturna e a única coisa em que conseguia me concentrar era no reflexo do espelho, passando as mãos por meu ventre escondido pelo tecido, sem nem uma curva existente.

Recostei o corpo, pendendo para frente e abaixando a cabeça, me esforçando para recompor meus pedacinhos.

Come on, Virginia. — balbucio em monologo enquanto me encaro novamente, dessa vez, pegando o esfoliante facial e espalhando-o pelo rosto. — One thing at a time...

Depois de terminar e de me vestir com um pijama confortável, deixei o quarto. Tony acabou demorando demais na garagem, e por isso resolvi descer ao seu para ver qual era o motivo.

POV Tony

Quando fomos ao consultório no final da tarde, finalmente poder ouvir da médica que nos acompanhava que nem tudo estava perdido parecia ser a única coisa que queríamos mas quando acontece o sentimento de medo toma conta novamente. Estávamos realmente prontos para esse passo? Eu não sabia a resposta para a pergunta. Mas sabia que deveria continuar trabalhando para nos manter seguros em quaisquer fossem nossas decisões futuras. Por isso, quando chegamos em casa, meu primeiro instinto havia sido ir para a garagem trabalhar incansavelmente no projeto que poderia nos garantir um pouco de paz e algumas horas de sono sem preocupação.

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