Apenas uma Dança

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O nervosismo lhe fazia tremer, Nattarin nunca se imaginou em uma situação dessas. A entrada do palácio era enorme e mais majestosa do que ele ouvira falar, ao seu lado mais três mulheres se colocavam em uma linha lateral, a espera era agoniante, mas por sua família ele faria qualquer coisa.

 Nattarin era um garoto doce, de uma família simples que vivia em uma pequena aldeia ao sul do marrocos, as terras pertencentes ao Sultão Suppasit, que hoje celebrava mais um aniversário e como em todos os anos, as mulheres mais jovens e belas das terras da arábia, eram selecionadas e levadas a até o Sheike pra satisfazê-lo durante toda a noite, e se caísse em suas graças poderiam até se tornar uma odalisca em seu palacio. A irmã de Nattarin foi uma das escolhidas para esta noite, porém seu estado de saúde era delicado, mas a recusa da moça poderia gerar desgraça a família. Escondido e de forma protetora, o pequeno garoto se envolveu nos tecidos delicados dos conjuntos e veis de sua irmã, por sorte o veu lhe cobria por inteiro o rosto, deixando apenas os amendoados olhos à mostra. A comparação com sua irmã vinha desde a infância, por tanto não seria difícil para o jovem Nattarin se passar por Nattasha, não é !? 

Conforme seus passos se aproximavam do interior do palácio seu estômago revirava ainda mais, inúmeros olhos estavam sobre si, guardas por todos os corredores e serviçais que providenciavam as delícias do banquete esbarram no mais novo. As portas do salão são abertas e Nattarin quase tropeça  diante da surpresa. A quantidade de pessoas lá dentro não era esperada por sua pessoa, o garoto esperava no máximo alguns empregados durante escolha, mas como se um salão repleto de convidados não fosse o suficiente as palavras de um dos guardas do sultão encheram de pânico o peito já apertado de Nattarin

— E agora a dança das escolhidas – em completo desespero o menor vê uma das meninas se curvar diante do Sheike de Suppasit, sentindo em uma semi palco, e em seguida recebe das mãos de um empregados uma cortina de lençóis coloridos. Alguns segundo pra se preparar e a música começa a tocar pelo salão, os movimentos graciosos da menina conquistaram a atenção de todo que presenciaram a apresentação da dança dos 7veís.
A segunda garota choca a todos com a enorme cobra que entra em cena, o animal se enrola nos braços de menina enquanto seus pés vestidos em delicadas sapatilhas percorrem o todo salão. Sua garganta seca e sua mente trava quando sua presença é requisitada diante do monarca para sua apresentação. Nattarin se vía em um pânico crescente, não imaginou que algo como isso fosse acontecer, pensou que apenas representaria sua irmã e voltaria pra casa, sua presença é chamada novamente, trazendo uma certa inquietação e sussurros pelo salão. Sem tempo pra pensar o garoto teve que improvisar, teve que se garantir na única coisa que sabia, como não se preparou, teve que pedir ajuda a um dos guardas, ou quase. 

Nattarin se aproxima do guarda mais próximo puxando de uma só vez a espada em sua cintura, um alvoroço começou ali, mas logo foi silenciado pela mão do Sultão. O jovem rapaz abandona o tecido que lhe cobria a maior parte do corpo, revelando o por baixo dos tecidos de voal, se ajoelhando no chão, ele cumprimenta Suppasit com delicadeza, a espada longa de ponta larga é equilibrada em sua cabeça, sobre o véu que escondia os curtos cabelos negros, o sinal é dado pra que a música começasse ali. A melodia proveniente de flautas, pandeiros e um violino era ainda mais sensual dos que a família reproduzia em casa nas noite de festa, Nattarin respira fundo buscando em suas memórias os passos trocados com a irmã durante a infância. Lentamente o garoto se levanta com a arma imovel sobre a cabeça, o joelho apoiado no chão e o outro erguido, as mãos do garoto começam a fazer movimentos fluidos. O corpo se ergue e a espada é transferida da cabeça pra lateral do corpo, a apoiando na fina cintura Nattarin desliza os pés sobre o chão de madeira escura, um rodopio é dado com a arma ainda presa no quadril, ao contrário das demais apresentações, agora não havia sussurro nenhum, todos os olhos e atenção estavam sobre o garoto. A espada é puxada pra suas mãos enquanto o quadril treme, a espada estava apoiada em suas palmas, quase como se estivesse sendo oferecida ao Sultão. Os braços traçaram movimentos fluidos pelo ar, a cintura de pele lisa e morena se mexia com tanta delicadeza que era impossível tirar os olhos do menor. A saia flutuava no ar enquanto seus pés descalços percorriam o salão, a espada eram passada por seu corpo criando uma aura perigosa e sensual, a respiração de Nattarin já estava agitada, quando ele roda algumas vezes com a espada em mãos e se aproxima de Suppasit tão rapido que os guardas não tiveram tempo de impedir seu ato. A musica se encerra com Nattarin diante do Sultão, uma de suas pernas erguida e apoida na base do trono, a espada sendo segurada em sua delicadas maos com a ponta direcionada a garganta do monarca. Os olhos amendoados do garoto se cravaram firmes e profundos no do mais velho. Só apos alguns minutos respirando exasperado, foi que ele se deu conta de seu ato. Os guardas já corriam em sua direção, quando o menor se curva, se pondo de joelhos e entregando a espada ao Sultão em clara submissão. 

Dança comigoOnde histórias criam vida. Descubra agora