think we kissed but I forgot

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Nikolai dançava extremamente animado e tomado pela bebida, sem se importar com mais nada. Pulava do chão como se aquilo dependesse da sua vida, e sentia que dependia mesmo. Escutava a música entrar em seu cérebro e tomando todo seu corpo, se movendo e cantando com força, sem ligar para a dor de cabeça ou a tontura.

Sentia seu coração acelerado, respiração ofegante e uma euforia enorme dentro de si. Dançou e cantou mais para aliviar um pouco daquilo.

Quando abriu seus olhos novamente, sem parar de dançar, sentiu que não estava em sua realidade. Estava tão, tão bem. A cena de pessoas dançando semi nuas e todos extremamente bêbados e dançando como se fossem morrer amanhã nunca esteve tão encantadora.

Gogol sentia que tudo estava maravilhoso. Estava tão feliz e tão animado. Não lembrava da última vez que se sentiu tão bem ao ver mulheres dançando com os peitos pulando ou homens tropeçando e caindo na piscina.

Tudo parecia tão fodidamente divertido. Bebeu um pouco mais de vodca, nem sentindo mais sua garganta queimar. Voltou a fechar os olhos e sentir aquela festa como a melhor de todas.

Queria que aquela noite nunca acabasse.

•••

Nikolai sentiu uma pontada torturante em sua cabeça, uma dor dos infernos como nunca e uma sede insaciável. Sentiu todo seu corpo pesar e doer, mas não demorou a reconhecer que havia dormido no chão. Sua cabeça latejava. Pelo menos dormiu com um travesseiro.

Se levantou e, quando olhou para o chão, teve que segurar o riso. Aquele era um dos quartos de Tachihara - o dono da festa - e tinha umas quinze pessoas dormindo no chão. Não conseguiu evitar uma risada ao ver o aniversariante deitado na cama dele. Nu. E com Gin Akutagawa, irmã do cara que mais odiava Tachihara em toda a sua vida. Tirou uma foto de recordação.

Embora estivesse com uma ressaca dos infernos, sentia um pouco da adrenalina do álcool em sua veia, como se não estivesse totalmente sóbrio ainda.

Andava pelo quarto desviando dos corpos desleixados - esperava que ninguém tivesse morrido - com cuidado para não pisar e terminar de matá-los. Quando ia sair, olhou para seu lugar e franziu o cenho.

Fyodor estava deitado ao seu lado sem a camiseta. A cena já era estranha, mas parecia ter algo errado ali. O que Fyodor Dostoievsky estava fazendo deitado ao seu lado dormindo como um anjo, sem camisa? Lembrava muito bem que o moreno odiava festas, nunca dormiria perto de si e jamais tiraria a camisa. Principalmente numa festa.

Ficou encarando por mais um tempo, pegando seu celular e dando zoom em uma foto. A cena era maravilhosa. Não só no sentido engraçado.

Nikolai pensou estar tão bêbado que nem percebeu o moreno ali, o que era quase um estágio de coma alcoólico. Jamais Nikolai dormiria tranquilo tendo Fyodor ao seu lado.

Quando guardou seu celular, viu o moreno abrir os olhos de uma forma assustadora. Mas era o jeito naturalmente estranho dele: acordar de repente e tão rápido que é como se não estivesse dormindo. Só soube que Fyodor não estava fingindo porque não comentou nada sobre a foto tirada.

O de fios lisos e morenos encarou o lugar de Nikolai e percebeu a ausência dele ali. Passou a mão no travesseiro e levantou seu tronco, se sentando e bocejando. Nikolai observava tudo calado.

Fyodor se levantou e, quando avistou Gogol, também lutou contra os corpos jogados no chão para chegar até ele, passando direto por si.

- Bom dia, Fedya. Sempre tão educado. - Gogol o seguiu, se espreguiçando no caminho. Estavam indo para a cozinha.

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