Capítulo 26 - Perfil anônimo

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-Pode me ver um expresso sem açúcar e donuts com cobertura de morango, por favor?-O senhor de óculos de grau e roupas formais me pede simpaticamente

-Anotado -Sorrio pro moço que retribui e volta sua atenção pro notebook

Vou com os pedidos pra cozinha e volto até a bancada principal, coloco o bloco de papel na mesa junto com a caneta. Observo a cafeteria com uma movimentação baixa, então decido tomar alguma coisa enquanto não havia nenhum pedido pra entregar 

-Célia -Digo me aproximando da cozinheira

-Oi, filha -Célia me chama de filha normalmente, ela é bem mais velha que eu e é tipo uma mãezona, tem me ajudado muito desde que entrei na cafeteria

-Pode fazer um chocolate quente bem docinho pra mim, por favor? -Pergunto e a moça sorri pra mim enquanto amassa a massa de pão

-Claro, ja tô terminando essa massa aqui -Ela diz voltando a sua atenção pro seu serviço

-Eu poderia fazer? Poderia, mas você tem mãos de anjo, gosto mais quando você faz -Digo me apoiando na mesa

-Sabe que é um prazer pra mim cozinhar pra você -Célia diz e eu dou um beijinho na bochecha dela

-Célia, você que é uma mulher mais experiente -Olho atenta enquanto Célia continua fazendo seu trabalho -Você acha que é possível odiar muito uma pessoa e ainda sim gostar dela?

-Hm... Pelo que você tá passando, hein, borboletinha? -Esqueci de mencionar que "borboletinha" é outro apelido que a Célia usa comigo

-Complicado, Célia... -Aliso meu braço -Nem eu sei direito pra falar a verdade -Respiro fundo

-Respondendo a sua pergunta, eu acho que ódio e amor são sentimentos que andam lado a lado -Célia caminha até o forno e coloca a massa lá -Acredito que você possa achar que odeia alguém por gostar muito dela -Célia limpa as mãos e vai até o armário

-Hm... Não entendi muito bem -Digo um tanto confusa

-Eu explico melhor -Ajudo Célia a pegar duas barras de chocolate no armário que ela não consegue alcançar por ser mais baixa que eu -Obrigada! -Ela caminha até o fogão e eu vou ao seu lado -Então... Sua cabeça pode tentar te fazer odiar alguém por alguma circunstância, mas na verdade você só a ama e reprime isso -Cé liga o fogo e me encara -Mesmo que de forma inconciente

-Amar é um palavra muito forte, Cé -Dou risada

-A senhorita vai me contar o que tá acontecendo? -Célia pergunta enquanto faz meu chocolate quente, eu só concordo com a cabeça

-Então... Tem um menino que é melhor amigo do meu irmão, a gente não pode acontecer de qualquer jeito porque meu irmão não gostaria -Suspiro pensando na situação -Eu conheço ele á anos e anos, a gente sempre se odiou e brigou, mas nesses último tempos, meses. Eu tenho ficado confusa em relação a ele, as vezes eu odeio muito, as vezes sinto que gosto dele -Olho pra Célia esperando uma resposta

-Na minha opinião você nunca odiou esse garoto -Célia sorri mexendo no fogo e eu estatalo os olhos

-Que isso, Cé? -Fico espantanda -Pode acreditar, eu odiei... Odeio -Me corrijo

-Acho que você só reprimiu esses sentimentos, sabe? Agora tá crescendo, amadurecendo e vendo que não é realmente isso -Ela diz e eu fico atenta -Ainda mais isso do seu irmão não aceitar, seu cérebro tentou reprimir, mas seu coração... -Cé pega um copo e coloca o chocolate dentro -Simplesmente não deixou

-Célia, não essa era a resposta que eu esperava -Fico cabisbaixa -Eu queria que você dissesse: "Alanys, você tá enlouquecendo, mas vai passar"

-Eu gosto muito de você, borboletinha. Por tanto, não vou falar o que você quer ouvir mas sim o que precisa -Ela coloca mais alguns itens no chocolate quente -Aliás, se você gosta desse garoto, pega ele pra você logo, não se importe com as pessoas ao redor

I Hate You - T3DDY Onde histórias criam vida. Descubra agora