Goodbye Romeo

1. Último Romance

Estava chegando o dia mais esperado no ano para o agora já homem Choi Soobin, seu aniversário. Essa data há muito já não lhe era mais atrativa, pois sempre estivera sozinho, e a solidão era um sentimento muito conhecido para si. No entanto, sua vida ganhou cor quando nos anos finais do colégio conheceu Choi Yeonjun, um garoto de cabelos coloridos e sorriso que podia encantar até o mais duro coração. Não era um garoto problemático, mas o fato de ter os cabelos fora do padrão causava certo incômodo e estranheza nos demais ao seu redor.

A forma como se conheceram ainda era evidenciado por Soobin como algo que o destino lhe reservou para lhe salvar. Soobin, que vinha de uma família extremamente problemática, teve que lidar desde muito cedo com a dor do abandono, e muito mais doloroso ao saber que o abandono de seu pai, era por conta do seu nascimento. Sua mãe sempre fazia questão de lhe dizer "Você é igual a seu pai, deveria ter ido embora com ele!" e mesmo essa frase sendo repetida tantas vezes nunca entendeu. Sempre tentou não se apegar àquelas duras e cruéis palavras, porque no fundo sabia, ou achava que sabia que, sua mãe era apenas outra vítima.

Brigas em casa eram sempre comuns, até demais, seja pela irmã mais velha que ao se deparar com um cenário familiar tão caótico encontrou consolo em bares e clubes contraindo dívidas para casa. Também por sua mãe se perguntar todos os dias o que ela tinha feito de errado para merecer tal punição divina. Até que um dia, em uma discussão mais aflorada, as palavras mais cruéis foram proferidas "Você nunca devia ter nascido!". Soobin sempre tentou entender o que fizera de errado, já que não foi escolha dele ter nascido, então apenas se contentava em vagar pelas ruas do bairro onde moravam em uma tentativa de apagar de sua mente todas as memórias ruins.

Em uma manhã fria, se arrumou para ir para a escola, como de costume, não queria ser mais essa decepção para sua mãe, tinha esperança de que se ele conseguisse terminar os estudos e conseguisse ter um emprego estável que melhorasse as condições de vida de sua família, talvez pudessem lhe enxergar como pessoa, e não somente um fardo. Porém, as palavras que ouvira de sua mãe lhe afetaram muito mais do que gostaria. E naquela manhã tomou uma decisão, não seria mais um incômodo.

Estava caminhando para a escola e parou em uma ponte, encostando-se ao parapeito e pensando que essa talvez fosse a única escolha boa que estava fazendo na vida. Segurou na barra de ferro e pendurou seu corpo em movimentos de vai e vem buscando a coragem que precisava para finalmente se jogar. Fechou os olhos e lançou seu corpo para frente, quando sentiu sua blusa ser puxada pelas costas com força e um grito penetrando seus ouvidos e sentindo o impacto de seu corpo indo direto ao chão.

— Yaaaaah! Você é maluco?! – a voz estridente soou alta demais, deveria ter morrido mesmo. Soobin abriu os olhos devagar e podia ainda ver o céu nublado daquela manhã fria.

— Deu errado... – sussurrou.

Tentou se levantar de maneira desajeitada do chão, mas estava tão sem forças que apenas caiu sentado, se entregando aos soluços de um choro completamente desesperado e de uma dor que somente ele conhecia. Sentiu braços envolvendo o seu corpo e leves tapinhas em suas costas, seguidas por palavras sussurradas "Vai ficar tudo bem!", "Vai passar...". Sua maior curiosidade era quem poderia ser aquela pessoa, mas no fim, apenas se sentiu acolhido pela primeira vez na vida, então quem era, pouco importava.

Depois de ter colocado a mágoa de tantos anos para fora, derramadas em lágrimas, Soobin estava envergonhado de ter chorado em um ombro de um completo desconhecido, ou quase, um desconhecido. Aquele cabelo rosa não lhe parecia estranho e menos ainda pela farda exatamente como a sua. Até que decidiu quebrar o silêncio.

— Por que não me deixou pular?

— Olha cara, eu não sei qual é o tamanho do seu problema, mas eu garanto que isso não vai resolver.