O perdão que nunca chegou

O que me aconteceu?

Um dia o que será do meu filho quando eu for embora? era uma pergunta que me fazia a mim própria frequentemente, sem saber de direções, de caminho, sem saber para onde irei e onde ficarei. O mais certo nos meus 45 anos é já não ter muito tempo e com um filho apenas de 5 anos? muita coisa me preocupava, o facto de virar mãe cedo não ajudou e mãe solteira? A onde ele foi parar? Com um filho para criar e foi se embora?Embora pareça fácil, não é, então pus-me a ler um livro até adormecer, até certo sonho me ocorrer.

Em 1998, domingo, Lisboa

Sofia sentada no sofá em 1 ano de casamento com seu marido Rúben, tomando seu chá, já tinha ligado às amigas para irem lá a casa. Rúben não gostava lá muito da ideia pois as amigas eram mais coscuvilheiras do que preocupadas e interessadas na sua própria amiga, e Rúben apenas a queria proteger ao dizer que não e que não podia ser até que sofia entende e resolve em falar no assunto de filhos, Rúben faz uma expressão de quem não está interessado no assunto e foge no meio da conversa disfarçadamente a dizer que tem que ir para a Faculdade no dia seguinte logo tem muito que arrumar.

- Acorda, acorda mamã - David chamando Sofia enquanto a abana.

Sofia estranhamente acorda do sonho onde não se lembra de adormecer perguntando - como eu vim aqui parar?

- Aqui onde? pergunta David sem perceber a pergunta de Sofia e ainda afirmando - estás na cama, eu tenho fome, o papá já me ajudou com os meus desenhos ontem.

- Ontem? o pai? ele está aqui? - pergunta Sofia admirada ainda meio adormecida, olha para as horas - 9 da manhã?

Sofia levanta-se de manhã pronta para preparar e levar seu filho à pré-primária para o primeiro dia deste ano, mesmo já estando devidamente atrasada. Senta o filho à mesa e pede à srª. Filipina para servir o pequeno-almoço e questiona porque ainda não o tinha posto na mesa. Srª. Filipina retira-se e prepara o pequeno-almoço para meter imediatamente em cima da mesa e servi-los.

Sofia e seu filho tomando o pequeno-almoço já posto na mesa, quando entretanto ouve alguém bater na porta - Srª. Filipina? Olhe a porta alma de deus. Srª. Filipina dirigindo-se a porta, abre a porta e depara-se com a sua filha Amélia no qual questiona - o que estás aqui a fazer no meu local de trabalho? - disse Srª. Filipina indignada quando Amélia responde logo de imediato - calma mãe, eu vim aqui porque te esqueceste de me dar dinheiro para o almoço e as minhas aulas só começam às dez e meia.

- Desculpa, fiquei surpreendida e sabes que não gosto de misturar vida pessoal com vida profissional, para além disso a Dona Sofia pode ficar chateada ou não gostar de te ver por aqui, mas foi erro meu, eu vou já buscar o dinheiro, espera aqui - disse a Srª. Filipina enquanto Amélia assim o fez e esperou.

Sofia reparou a entrada da porta a filha da empregada e diz - entra, precisas de alguma coisa? - ao qual Amélia limpa os sapatos a entrada da porta muito nervosa ao entrar numa casa rica onde o ambiente claramente saia da sua zona de conforto, vira se para a Dona Sofia e diz - estou só esperando pela minha mãe algo que ela ficou de me dar e se tinha esquecido, não queria de todo atrapalhar - Sofia gostou dela e fez uma cara de satisfação, levanta-se, pega na mala do filho, diz para o filho se levantar e vira-se para a Amélia dizendo - podes te sentar no sofá da sala por favor enquanto esperas? não tenhas medo, eu agora tenho que sair mas põe te a vontade - Srª.Filipina? venha levantar o pequeno-almoço da mesa se faz favor - e retira-se de sua casa levando o David à pré-primária.

Amélia ouve uns passos e olha para o seu lado esquerdo e depara-se com a mãe com uma nota de 10€ - não estava a encontrar a carteira não sei porquê - disse a Srª. Filipina.

-Eu até sei porquê - virou-se a Amélia e ainda acrescentou - tens sempre a mala numa bagunça.

- mala de senhora é sempre assim o que tu queres? vai para a escola - disse a Srª. Filipina.