promessa;

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O garoto cozinheiro estava agoniado. Estava a 7 dias sem desfrutar de sua preciosa nicotina, sentia que iria enlouquecer se passasse mais um dia, e tudo por uma maldita promessa.

Todos estavam reunidos na cozinha do barco em uma enorme janta, sentados lado a lado, rindo e conversando. Mas o cozinheiro não, ele estava escorado no balcão enquanto balançava as pernas nervosamente, não estava se sentindo bem, nem um pouco, seu peito apertava a cada segundo que passava, se sentia sufocado naquele local, precisava urgentemente de ar fresco.

- Ei! Sanji? - escutou a voz de Luffy o acordando de seu transe. - Não vai comer? Tá uma delícia, cara! - falou de boca cheia, de propósito; afinal sabia que o loiro odiava isso, se preparou logo para levar um cascudo por ter desobedecido Sanji outra vez, mas logo estranhou ao não sentir a dor em sua cabeça somente vendo-o balançar a cabeça negativamente. - Ué...? - resmungou.

- Sanji-kun, você está bem? Não comeu nada o dia inteiro... - Perguntou Nami.

- Sim, só não estou com apetite. - encerrou a frase com um riso forçado e seco. - Não se incomodem comigo, comam tudo, por favor.

Os presentes ali, silenciados, apenas encararam Sanji estranhando o fato de, além de não estar fumando a 7 dias, recusar comida, justo ele.

Desviaram o olhar do cozinheiro e voltaram a comer ainda silenciosamente.

Apenas Zoro, o maldito, continuou olhando para Sanji de canto. Sentiu o coração apertar, odiava admitir, mas ver ele assim doía, e sabia que era sua culpa, mas... só queria ver ele bem, os cigarros iriam prejudicar sua saúde, não queria de jeito nenhum ver Sanji morrendo por conta dessas merdas.

O cozinheiro se sentia mais agoniado ainda com o olhar do espadachim em si, queria fumar, ele precisava disso, já sentia as lágrimas querendo sair. Ele não podia chorar, não ali. Endireitando sua postura, se desencostou do balcão e saiu apressado pela porta da cozinha, necessitava de ar, sentia seu estômago embrulhar com o cheiro da comida, tudo a sua volta o enjoava, queria se jogar do navio, mas não podia, não seria fraco, iria aguentar e cumprir sua promessa a Zoro.

Ele suava intensamente, sua respiração estava descontrolada, se sentia tonto, fraco, mais tênue que uma fina linha de costura. Seu coração apertava cada vez mais, parecendo que, uma bolha, envolvesse todos os seus órgãos.

Doía. Doía muito.

"Quero minha mãe." Isso perambulava pelo vazio de sua mente. Estava sem cigarros e sem sua mãe, O que iria fazer agora? Estava desesperado, e tudo isso por conta de um mísero cigarro, se sentia infeliz por causa de um cigarro. Lágrimas cansadas escorreram pelo seu rosto, mas não pareciam lágrimas normais, ela rolavam tão facilmente como quando gotas de chuva caindo sobre seu rosto que desciam rapidamente e sem rumo.

Iria chorar até seu olhos se tornarem vazios tanto quanto a si mesmo. Ainda se sentia tremendo, não sabia se era o frio ou a falta de um cigarro.

Sua visão embaçada o impedirá de apreciar a paisagem na tua frente; o céu estava em um tom de roxo, tinha uma a duas nuvens ali, o sol estava sumindo, as estrelas estavam surgindo, a lua estava brotando, e a sua solidão estava aumentando. Se perguntava quando aquilo iria acabar, isso estava demorando uma eternidade, é horrível, não aguentava mais, não era nem um pouco bom.

Que dor. O melhor lugar agora seria os braços de alguém envolvendo-o intensamente, apertando ele com força, necessitava tirar essa dor de si, precisava de um calor humano agora.

Oh céus, o que um cigarro não faz, não é?

No fundo, nós sabendo que não é sobre cigarros.

- Ei.

Ao ouvir a voz atrás de si, travou por um instante, lágrimas ainda estavam descendo pelo seu rosto; Não queria encarar o outro de jeito nenhum, não desse jeito patético.

Por instinto, seu corpo se virou lentamente, como alguém que é pego roubando algo, deslizando a mão direita para o lado de seu corpo, deixando sua mão esquerda apoiada levemente sobre uma espécie de grade de madeira do navio. Sua mão estava pousada ali tão levemente que parecia que ele estava com medo de quebrar aquilo com seu "peso".

No momento em que os olhares de ambos grudaram um ao outro, sentiram como se tudo ficasse em silêncio, como se fosse somente eles ali. Juntos. Entrelaçados pelo olhar.

Olhos oceânicos. Essa era a definição para Sanji. Um par de olhos profundos, magnéticos, te agarram como uma cobra prestes a dar o bote. Um par de olhos azuis como a ressaca do mar em um dia chuvoso, com pingos de água caindo em ti. Um par de olhos como a correnteza, que te puxa e você não sabe se irá voltar.

Par de olhos como um ímã.

Zoro era o metal, Sanji era o ímã.

Eu simplesmente não consigo desviar meu olhar.

Estou preso, preso a ti. E o pior.. Não quero que me soltes.

Ele era magnético. O corpo moreno havia se aproximado lentamente até Sanji, ainda grudados um ao outro.

- Sanji, eu.. - Foi interrompido, novamente, pelo olhar de Sanji, que minimamente, franziu sua testa, deixando metade de suas sobrancelhas arqueadas, reprimindo seu olhos e sua boca,  trazendo um semblante triste a tona.

Ele havia entendido essa atitude. Fechou e abriu a sua boca várias vezes, até se calar e abaixar sua cabeça, se desprendendo do par de olhos vazios mas ao mesmo tempo tão cheios.

Desviou o olhar para o mar, observou as minis ondas, desejou ser completamente o mar, ser sereno como ele, ser lindo como ele, ser filosófico como ele.

- Eu não sei o que fazer, muito menos sentir. Entende? - Num sussuro, tais palavras foram ditas por Sanji, e ouvidas por Zoro, que rapidamente levantou sua cabeça.

- Olhe pra mim. - O espadachim pediu, num tom baixo e aveludado trazendo o olhar do outro sobre si.

Segundos travados apenas esperando uma atitude, não importando de quem fosse.

Lentamente, o corpo grande se aproximou mais do outro, engoliu seco, e então fez.

Agarrou a cintura de Sanji em um abraço, um abraço apertado, cheio de calor humano, como ele queria.

A respiração de Sanji falhou. Falhou pela suspresa e pelo alívio de sentir algo além de dor.

Não teve reação, apenas ficou parado, sem mexer os braços, muitos menos as pernas.. muito menos seu cérebro para cogitar como agir naquele momento.

Respirou fundo, sentindo o cheiro do outro, era gostoso e suave, suave como algodão. Oh.. Aqueles braços eram teu refúgio, sua casa.

Seus braços ne envolvendo como se quisesse me salvar.. Eu gosto...

Fortaleza, é como eu chamo teus braços me envolvendo como um agasalho extremamente grosso.

Sanji retribuiu. Agarrou Zoro e não soltou mais. Suas lágrimas pioravam, chorava ainda mais pelo dengo que estava recebendo, pela consolação que necessitava. Apenas braços grandes e quentes o envolvendo era o suficiente.

O encaixe perfeito, não importa quando, onde e como. Era o encaixe perfeito.

Se a vida for feita de escolhas.. eu escolho passar o resto do meu tempo na terra em teus braços.

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