Nosso Felizes Para Sempre

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TEN

Meus olhos pulavam do relógio de bolso para a tela do celular.

Não conseguia controlar a inquietude que tomava conta do meu corpo, as pontas de meus dedos formigavam incapazes de ficar paradas. Um pequeno filete de suor atravessou minha testa até chegar à sobrancelha.

— Três, dois, um... — Meu celular vibrou entre minhas mãos, mostrando que havia chegado uma mensagem.

Um suspiro larga-me os lábios. O final eu já sabia qual seria, não sei porque ainda me dava ao trabalho de ler — talvez houvesse uma mínima esperança de que fosse diferente.

Desbloqueei o aparelho abrindo o aplicativo de mensagens enquanto meus dígitos suados entravam em contato com a tela, no momento em que li o conteúdo da mensagem — que eu já estava quase me acostumado a receber — tive a confirmação.

O dessa vez nunca chegará, mas, ainda assim, continuava voltando e torcendo que alguma coisa magicamente mudasse. Não mudou, nunca iria mudar.

— Septuagésima nona tentativa falha. — Suspirei enquanto anotava na minha caderneta.

De tão acostumado mal senti a dor do impacto. No começo foi bem complicado, ver Taeyong morrendo seguidas vezes sem poder ajudar em nada foi torturante.

Isso até perto da trigésima morte, depois foi como se tivessem me sedado. Continuavam me sedando toda vez que aquelas benditas mensagens chegavam no meu celular.

Eu continuava me enganando, afirmava que seria a última vez que eu faria isso. Quantas vezes não gritei aos quatro ventos que Taeyong, Seulgi e suas famílias deveriam ir se foder, quantas vezes não disse que iria cometer suicídio, quantas vezes não desisti de tentar salvá-lo e retrocedi em minha decisão. E eu continuava me enganando, assim como faria agora, assim como continuaria pela eternidade.

Segurei fortemente o relógio entre os meus dedos dando uma volta anti-horária. Logo após ajustar o novo horário, vi tudo à minha volta regredir no tempo — não que houvesse muito o que mudar, afinal, passei as últimas oito horas sentado de frente para a televisão desligada.

Guardei o relógio no bolso do meu sobretudo e saí correndo até a estação de metrô, precisava ser rápido, pois a correria para tentar mudar o passado voltava.

Batucava os dedos ao som de uma música aleatória, esse era o momento de calmaria antes de eu ter que sair dessa lataria e voltar a correr como se não houvesse amanhã — até porque não haveria.

Quando as portas se fecharam atrás de mim e o vagão começou a se movimentar, apressei-me para passar pela catraca até alcançar o meio da rua. Conseguia ver o prédio onde Taeyong vivia daqui, ele estava a apenas algumas quadras de mim e de uma injeção de anestésico em minhas veias.

Apressei-me o máximo que conseguia, a adrenalina que escorria pelo meu corpo me impedia de sentir dor ou cansaço, então eu apenas corria e corria.

Parei em frente ao prédio vendo o portão da garagem se abrir lentamente. Como em um drama, ele estava lá, estava saindo para ver sua namorada enquanto o amigo estava parado em frente à garagem de seu prédio apenas esperando para cometer alguma loucura.

Eu realmente estava, iria impedi-lo de ir atrás de Seulgi de uma forma ou outra.

— Taeyong! — Gritei enquanto minhas pernas se moviam sozinhas até meu corpo estar em frente ao automóvel.

Taeyong pisou firme no freio no mesmo momento em que me viu.

— Você está doido?! — Rosnou.

Seus olhos lampejavam de raiva, ódio e mágoa. Nunca deixaria de dar razão a ele, afinal, simplesmente destruí seu anúncio de noivado e um dos dias que deveria estar entre os melhores de sua vida, além de tê-lo posto em saias justas com a namorada. Mas não é como se não houvesse motivos para minhas atitudes.

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