Amor em destroços

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"Aqui Jaz o amor da minha vida"

Jeon Jungkook encontrava-se nas nuvens, pensando em seu amado que no momento estava em seu horário de trabalho. Havia chegado o tão aguardado dia em que ele, juntamente de sua irmã, havia planejado por meses. O tal dia especial era o de pedir seu amado em namoro. Até o momento, o apenas ficante de Jeon, Park Jimin, sempre tocava em tal assunto, porém Jeon sempre se esquivava, pois não queria um pedido simples, já que queria ter ao menos algo em mãos para presentear o rapaz, e finalmente o seu plano entraria em prática! Pelo menos, foi o que ele pensou.

World Trade Center, 11 de setembro de 2001, 8:15 da manhã

Jeon caminhava apressado até a última loja a qual ele tinha encomendado as alianças de ouro para usar com Jimin. Seus olhos brilhavam, parecia até que estavam cheias de estrelas. O garoto olhava o horário ansioso pelas 10:00 horas, quando seu amado sairia para seu almoço e ele finalmente o pediria em namoro. Após pegar as alianças, Jeon saiu correndo da joalheria para tentar chegar a tempo até a frente das "torres gêmeas" como eram conhecidas. Jimin trabalhava na torre 1, em um escritório. Ele passava quase o seu dia inteiro lá digitando e digitando, esperando pelo momento que poderia correr até os braços aconchegantes do dono de seu bondoso coração. Enquanto isso, Jeon corria o mais rápido que podia, para passar na última loja pegar o buquê de rosas que havia também encomendado dias antes, e logo se dirigiu para o local das torres. A ansiedade deixando o coração sem freio. Pobre Jeon, mal sabia o que o destino lhe guardava.
Às 8:55 da manhã, Jeon chegou ao local se deparando com uma multidão em desespero, e quando olhou para a torre que sempre lhe foi um sinal de esperança para ver seu amado, um desespero tomou conta de seu peito fazendo seu coração acelerar ainda mais e suas pernas correrem enquanto via a fumaça sair da enorme torre.
- O QUE ACONTECEU AQUI? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Gritou Jeon para a multidão.

Ele gritava desesperado pelas ruas, tentando fazer alguém parar de correr para lhe explicar o porquê do desespero, o porquê da fumaça, e na esperança de não ser nada demais para poder ver Jimin logo. Coitado de teu peito que ainda se permitia iludir, em meio a tanta correria um rapaz se virou para ele e lhe respondeu sua pergunta diversas vezes repetida:

- Um avião colidiu com a torre a pouco mais de 10 minutos! Os socorristas estão tentando ver o que aconteceu, e se é possível alguém ter sobrevivido e se também há algum perigo para pessoas perto.

Assim que o rapaz o falou aquilo, Jeon sentiu seu peito doer, como se seu coração desse uma parada brusca, sentindo sua respiração ofegante. Tão logo, suas lágrimas escorram em seu rosto enquanto corria até a barreira dos policiais gritando:

- ME DEIXEM ENTRAR! O AMOR DA MINHA VIDA ESTÁ NESSE PRÉDIO! E EU NÃO POSSO ME PERMITIR PERDE-LO DESSA FORMA! POR FAVOR ME DEIXEM ENTRAR PRA SALVA-LO...

Pobre rapaz... Tentativas contínuas, porém falhas de ultrapassar a barreira enquanto suplicava pela chance de tentar salvar o próprio coração da solidão. Os policiais apenas o afastaram e mandaram ele se acalmar enquanto as autoridades cuidavam dali. Não muito tempo após isso sua irmã mais nova, Jeon Somi, chegou correndo indo até o garoto que chorava e se descabelava, enquanto sentia seu coração gritar por ajuda tal como imaginava seu grande amor a fazer. A jovem moça apenas o abraçou e o fez levantar enquanto tentava suavizar a angústia do irmão que obviamente não estava bem.

Após algum tempo de tentativas de conseguir informações, quase 10 minutos após a chegada de Jeon, mais um avião se chocou agora contra a outra torre fazendo ela também começar a queimar. Ninguém sabia o que estava acontecendo, mas todos ali tinham medo, tinham angústia e desespero. Alguns ali mal sabiam, mas haviam acabado de perder sua mãe, seu pai, sua avó, seu filho, sua filha, sua sobrinha, seu neto, ou até o grande amor de sua vida. Dores irreparáveis que doeriam para sempre pra eles, e que ficariam marcadas na história do mundo.

Seu coração e mente estavam uma algazarra, Jeon não parava quieto em um lugar só nem se quisesse, via corpo atrás de corpo ser retirado de dentro dos escombros dos prédios, torcendo que para quando achassem Jimin, o garoto, mesmo que fraco fosse até seus braços, falando com sua doce voz angelical um "você está aqui Gukie? Eu fiquei com medo... Fico feliz que esteja aqui comigo... não queria te perder". Em meio a esses pensamentos, a tensão apenas aumentava e Jeon se inquietava ainda mais, até o momento que começou a discutir com os socorristas, pois queria de todo jeito achar Jimin rapidamente, mas estava sendo impedido. Ele começou a despejar xingamentos e ofensas contra os socorristas por eles não terem achado seu amor ainda, mas eles não tinham culpa, Jimin não era o único naquele prédio. Depois de um breve tempo de discussão entre Jeon e os guardas, Somi tocou o ombro do irmão com cuidado e silabava com cuidado o nome do irmão, o mandando se virar. Dito e feito, rapidamente Jeon obedeceu a fala da irmã e se virou, vendo o olhar agora sem brilho e sem vida de Jimin passar em sua frente e logo ser coberto por um fino lençol branco enquanto era levado para a ambulância. Jeon sentiu seu mundo desabar, havia perdido o amor de sua vida sem sequer conseguir namorá-lo, era como se arrancassem seu coração de seu peito sem dó ou piedade. Ao ver aquela cena Jeon correu até a maca e afastou um dos socorristas enquanto gritava o nome de Jimin, descobrindo o rosto do rapaz:

- JIMIN! JIMIN POR FAVOR, ACORDA! ACORDA MEU AMOR... POR FAVOR VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR ASSIM... por favor acorda e da aquela sua risada gostosa... faz em mim aquele cafuné gostoso com suas mãozinhas... por favor... eu faço o que você quiser, mas não me deixa...

Aos prantos, Jeon encostou sua testa na testa do corpo sem vida de Jimin enquanto derramava suas lagrimas sobre o rosto do garoto.

- Eu imploro... não me deixa... eu quero namorar você... eu quero me casar com você... eu te comprei suas flores e seus doces favoritos bebê... agora temos alianças! Por favor, acorda...

Jeon estava em desespero e teve que ser retirado de perto da maca por dois policiais. Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, seu corpo estava sem forças e ele não fazia questão de nada só queria ir com Jimin, enquanto a irmã tentava acalma-lo. Ele jurava que daria um jeito de se juntar cedo a Jimin, pois sua vida sem o garoto não fazia sentido.

Jeon estava junto da mãe do rapaz indo dar seu último adeus. Jimin foi um dos poucos que pôde ter um funeral, já que tantos outros sequer tiveram seus corpos encontrados. Pouco antes de o caixão fechar, Jeon colocou no dedo anelar da mão esquerda de Jimin, a aliança dourada que havia sido bem cara. Este havia sido seu último Adeus para o amor de sua vida, e ele esperava que aquela aliança, os ajudassem a se encontrar na próxima vida.

20 anos depois, Manhattan

Jeon Jungkook. E essa é a história, de como perdi meu grande amor.

O homem agora com seus 45 anos e com uma máscara cobrindo seu rosto, caminhava lentamente até o memorial de 11 de setembro enquanto câmeras e microfones o acompanhavam. Logo que ele chegou à frente do memorial, um lugar que para ele era especial, ele se ajoelhou colocando as mãos ao lado do nome e depositando um selar demorado sobre a pedra gélida.

Aqui jaz o amor da minha vida... e essa... é a história de como eu o perdi... e acabei perdendo a mim mesmo...

Jeon, então aponta para a escrita na pedra

"Park Jimin
  26 anos
   Jovem apaixonado por dança, com um sonho interrompido"

E essa é uma carta, para aqueles que podem... abracem quem vocês amam, beijem e toquem quem vocês amam... digam o quanto vocês amam essa pessoa.... se vocês têm algum amigo, amiga, ou até ficante que vocês amam e querem que seja mais que isso, peça essa pessoa agora em namoro ou casamento... aproveita enquanto você tem tempo... para não se arrepender como eu.... que perdeu o grande amor da sua vida... sem poder dizer o quanto o amava... e ainda fazendo ele pensar que não é nada mais que uma atração carnal temporária. Essa foi uma carta também para Park Jimin... esteja onde quer que ele esteja, mas que ele saiba que eu o amei e ainda o amo muito... e que perder ele foi a pior coisa da minha vida... e eu até hoje vivo minha vida seguindo o que ele me falou... e tentando ser feliz... mesmo sem a razão da minha felicidade aqui... PELA MEMÓRIA DE PARK JIMIN! UM JOVEM COM UM FUTURO BRILHANTE! QUE SONHAVA EM SER DANÇARINO! E PELA MEMÓRIA DE TANTOS OUTROS QUE PERDERAM SUAS VIDAS NESSE ATENTADO!

Enquanto falava, Jeon foi aumentando seu tom de voz, até terminar abaixando a cabeça e limpando suas lagrimas.

E quase em sussurro, Jeon diz:

Esse é pelo meu coração... que foi roubado e transformado em destroços...

- Fim.

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⏰ Última atualização: Dec 18, 2022 ⏰

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