Único

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Já faziam vinte minutos e duas latinhas de Skol Beats desde que Yuta chegara. Sua capa ainda estava bem abotoada em seu pescoço e suas presas falsas ainda não haviam fraquejado mesmo com o japonês não sossegando a boca em instante algum, fosse falando, fosse bebendo.

Kun, sua duplinha de todas as festas, ressacas e detenções já estava longe de seu campo de visão há um tempo. O amigo usava uma fantasia furreca que se limitava a uma vestimenta amarrotada e corante vermelho escorrendo de seu pescoço como se uma faca tivesse passado por ali. Quando ousou reclamar da simplicidade, Yuta foi obrigado a ouvir todo um discurso do porquê ser tolice gastar uma fortuna em fantasia se já gastaria tanto com bebidas e entrada para a festa na qual estavam agora.

O Nakamoto ao menos se deu o trabalho de explicar que a graça de uma festa de Halloween eram as fantasias.

Se endireitou no balcão assim que avistou ao longe algo de seu interesse. Alguém de seu interesse.

Sicheng tinha acabado de chegar. Yuta o procurava com os olhos desde que colocara seus pés ali, e mesmo não tendo o visto atravessar a porta, soube que o garoto chegava agora.

Ele estava lindo.

Dong Sicheng usava um cropped vermelho vinho em conjunto a uma saia de tule preta e botas tratoradas. Os chifrinhos vermelhos junto ao tridente em mãos entregavam a fantasia.

Insuportavelmente lindo.

Ele conversava alegremente com um grupo pequeno de pessoas quando trocaram o primeiro olhar, e cinco minutos foram suficientes para que o chinês se despedisse dos amigos e caminhasse em direção ao balcão, fingindo descaradamente que queria apenas uma bebida, e não porque Yuta estava ali.

Sicheng se encostou no balcão, poucos passos de distância do Nakamoto. Sentia todo seu corpo em chamas com o olhar do japonês em si enquanto aguardava seu atendimento.

"Cosmopolitan, por favor", sibilou antes mesmo que o barman chegasse até si.

Estava ali de propósito. Era óbvio que sim. E ele sabia que Yuta também pensava isso, não tinha trabalho algum em esconder que sempre que se esbarravam no campus não era coincidência. Sabia que Yuta sabia, e de qualquer forma, queria muito que ele soubesse.

Nem mesmo queria beber, ainda estava cedo para isso. Mas queria desesperadamente que Yuta fizesse bom proveito da proximidade para puxar papo, porque ele mesmo não o faria. Desejava que o japonês elogiasse seu gosto para bebidas, ou que comentasse sobre estarem na mesma festa (o que seria ridículo, visto que por ser festa de sua faculdade, não era surpresa alguma que estivessem ambos ali), queria qualquer coisa vinda do outro.

Suas esperanças morriam a cada passo do barman em sua direção. Yuta não diria nada.

Ele já pegava a bebida e Yuta não diria nada.

Seria demais esperar isso, no entanto. Só trocaram palavras duas vezes, e as duas foram iniciativas de Yuta, então porque estava esperando que mais uma vez o Nakamoto desse o primeiro passo?

Sicheng já estava de costas quando resolveu que já era hora de parar com o joguinho e criar coragem para elogiar o que quer que o japonês estivesse vestindo. Ele estava lindo mesmo que Sicheng ainda não tivesse identificado qual era a fantasia.

"Boa noite, diabinho", Yuta, no entanto, fora mais rápido. Sicheng ainda estava com a boca aberta para dar seu próprio boa noite, quando parou para analisar o outro de cima a baixo e tentar descobrir o que era aquilo.

Yuta usava algo chegando ao formal, não fosse a capa comprida em suas costas. Seu cabelo estava penteado elegantemente para trás, mas só soube do que se tratava quando viu as presas mais avantajadas no sorriso alheio.

Qian Kun deseja feliz 30/10Onde histórias criam vida. Descubra agora