Capítulo I - A Princesa

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Aquele fogo, aquela fumaça... a satisfação das pessoas em sua volta, muitos rindo, outros gritando.

Aquele cheiro, um cheiro amargo... Estava começando a ficar tonta, ela queria gritar, gritar muito alto, mas... estava paralisada, apenas um líquido corria de suas maçãs meramente destacadas que agora já não estavam mais limpas, as sujeiras de cinzas em seu rosto a aterrorizava. Nem sabia o porquê de estar naquele estado, o forte fedor que inalava, a ânsia, queria sair dali, sair o mais rápido possível, não aguentava aquela dor, aquele sofrimento que sentia na hora. Chegou uma hora que não conseguia mais prestar atenção nos gritos, nas pessoas, nem no cheiro, apenas no corpo todo queimado em sua frente, preso no pilar de madeira, junto com uma espécie de pano grande que o rodeava, mas que agora já nem existia mais. Aos poucos o fogo ia se apagando e a garota que antes estava tão bela e bem-vestida, agora estava toda suja de cinzas, e então apenas se ajoelhava, olhava para baixo e chorava, um mar de lágrimas escorriam pelo seu rosto, estava em pânico, só sabia chorar e chorar e chorar...

Quando olhou novamente para cima, sua tristeza se transformou em medo, as cinzas se tornaram um líquido escuro que consumiram todo o local, tudo estava começando a ficar preto, as pessoas já não estavam mais presentes, as decorações começaram a sumir, o céu escureceu, tudo estava preto, até que aquilo já não parecia mais uma praça, mas sim uma sala, totalmente escura, vazia, solitária... Esses eram os sentimentos refletidos da garota de cabelos castanhos com a belíssima mecha branca destacada...

- *toc toc toc* Acorde senhorita Anny, precisa se arrumar para a cerimônia de anunciação de seu casamento. Por favor não faça com que o Rei fiquei zangado com a senhorita agora, ainda mais hoje.

O jovem rapaz pedia através de uma enorme porta branca belíssima e decorada com relevos pintados de dourado e prata.

Acordou em um piscar de olhos, sua pele pálida, parecia que havia visto um fantasma, estava suando frio, tremendo, estava com medo, será se realmente havia acordado?

Seu gigante quarto totalmente decorado com rosas, lírios, girassóis e muitos outros tipos de flores, plantas rodeavam sua cama, cama essa que cabiam facilmente três pessoas ou até quatro, em suas janelas havia detalhes em dourado, o chão era completamente coberto por um tapete aconchegante e felpudo.

- Senhorita Anny, acorde por favor! Vai se atrasar para começar a se arrumar, sabe que achar alguma roupa que goste é dificílimo! Está tudo bem?

Claro que havia acordado, apenas uma pessoa ia em seu quarto todos os dias e, essa pessoa era seu braço direito, primo de segundo grau e melhor amigo, companheiro para toda a vida e também seu guarda-costas e cavaleiro.

Levantou-se com dificuldade, estava tremendo dos pés à cabeça e sua doença não a ajudava nem um pouco, colocou-se de pé e andou até o espelho de sua penteadeira, começou a pentear seus longos cabelos castanhos, contava quantas vezes passava a escova, 1, 2, 3... 100. Gostava de contar, gostava de pensar que pelo menos em seu cabelo, tinha autoridade, podia deixá-lo com o penteado que quisesse, suas ideias malucas de penteados, nunca esqueceria; começou a rir quando se lembrara.

- Já acordei Levi, não se preocupe, está tudo bem! Estou arrumando meu cabelo, pode esperar-me, estou quase pronta.

Levantou-se e caminhou para a porta, abriu com toda a calmaria que tinha e então viu o rosto alegre de Levi, como todos os outros dias, mas, algo estava diferente, parecia nervoso, ansioso talvez.

- E contigo?

- O que?

- Está bem? Aparenta estar nervoso. Está tudo bem?

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