Quando eu te encontrei

Vazio

- Oi você pode pegar aquele livro pra mim por favor! - disse uma voz bem doce me tirando do meu transe.

- Oi desculpa! O que você disse? - eu juro que eu não sei aonde eu estava. A impressão que eu tenho é que a minha mente estava bem devagar sendo puxada do meu corpo, como um elástico subindo bem lentamente para não estourar do nada e ferir alguém.

- O livro ali, aquele com a capa azul por favor! - dei uma risadinha de canto de boca, para ela não perceber, na hora que ela apontou pra cima.

Agora eu entendi ela era baixinha e não alcançava o livro, essa é minha vantagem no mundo alcançar o alto.

- Assim, claro - disse prontamente tirando o livro da prateleira e entregando para aquela menina dobrando os lábios para não dar risada e achar que eu estava caçoando dela, pelo fato de não ter alcançado - Toma!

- Parece que seus pensamentos estão bem longe - ela disse, com uma simplicidade que me deixou um pouco balançado afinal as pessoas não tem interresse mais nas outras a ponto de perguntar para um estranho o que passa na cabeça dele enquanto observa uma estante cheia de livros - o que você estava procurando ai nessa estante?

- Eu só estou vendo se alguma coisa chama a minha atenção - mas parece que ela que chamou a minha atenção pedindo um livro, fazer o que não é mesmo?

- É... Parece que eu acabei tirando toda a sua concentração em seja lá o que você estava esperando que acontecesse - ela disse com uma simplicidade tão grande balançando a mão no ar - Desculpa! - completou se virando de lado, acho que para ir embora e me deixar sozinho de novo.

- Não precisa se desculpar não - estiquei o braço, para impedir ela de sair, e resolvi puxar assunto com a primeira coisa que veio na minha cabeça - Você vai ler o que mesmo? - disse apontando agora para o livro que eu tinha acabado de dar para ela e já estava abraçada com ele.

- É um autor brasileiro Spohr, Eduardo Spohr pra falar a verdade - disse ela tirando o livro do colo e segurando na minha frente.

Tomei o livro da mão dela pra olhar melhor, ele tinha uma capa bem bonita, tinha um anjo com uma espada e um filtro azul por cima, parecia ser bem interessante pelo tamanho do livro.

- A Batalha do Apocalipse, nunca ouvi falar, é bom? - disse para ela franzindo um pouco a testa, porque realmente me chamou a atenção.

- Pra falar a verdade não sei eu ach... - ela disse tomando o livro mais uma vez e passando as mãos na capa.

- Você não quer tomar um café comigo não? - disse cortando ela - Quem sabe até o fim do café eu não tenha decidido o que comprar. - resolvi firmar o convite relembrando que eu ainda não tinha decidido o que comprar.

Ela ficou um pouco intrigada eu acho porque ter cortado ela ou sei la, ficou um tempo parada olhando pra mim com os olhos castanhos escuros e a boca entreaberta. Ela era bem bonita, com um cabelo castanho preso no alto da cabeça e umas ondinhas na ponta. Estava com um pouco de maquiagem de mais, mas hoje isso é normal.

Ela deu um suspiro.

- Acho que seria bom, esta um pouco frio. - engraçado que ela não carregava nenhuma blusa de frio ou algo do tipo somente uma camisa e realmente estava frio afinal em São Paulo pelo mês de maio já começa os preparativos celestes para o inverno.

Guiei ela até o caminho para a cafeteria de dentro da livraria, depois descer até o térreo e cruzar varias prateleiras cheias e mais cheias de livros.

Eu acho a ideia mais genial do mundo, uma cafeteria dentro de uma livraria, isso tem cara de gente inteligente. Bom pelo menos no meu caso é um chamariz muito grande.