Capítulo 1

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"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."   Clarice Lispector

Eu estava tão obcecada em dar tudo de mim e agora, sinceramente não me resta mais nada. Mesmo que, com as mãos atadas em minhas costas, e que eu esteje nos trilhos á espera de um trem.
É só uma questão de tempo pra eu mesma me levar a minha própria ruína.

Quando mais nova sempre tive o sonho de formar uma família. Ter um bom marido, uma filha e um cachorro brincando na varanda de casa. Clichê, mas, simples.

Há um preço em se ter uma vida tranquila? De ter hábitos cotidianos, como, trabalhar, passear com a família, ir a um show? Sim, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude.

É incrível como a vida pode mudar em um piscar de olhos, apenas com uma escolha.

A mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim, de perda e ganho,silêncio e atividade, nascimento e morte.

A minha vida mudou apenas com um "sim", uma simples palavra, fez minha vida mudar completamente.

Hoje, meu desejo é que a próxima vida venha logo, que eu consiga respirar de novo. Não entendo de sonhos. Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. 

[Londres: terça feira- 6:22PM]

A brisa gelada batia incessantemente sobre o meu rosto, me fazendo lembrar da época em que morava em Seoul. Não sinto saudade do clima, sinto falta de ter alguém me fazendo um chocolate quente em uma época de frio ganhar cafuné até dormir, ou dormir agarradinha com alguém.

Eu voltava para casa com uma caixa de chá e cokkies de uma cafeteria próxima ao meu apartamento, eu gostava de dar um passeio a noite pela vizinhança, eu conseguia me distrair e refletir sobre a vida. Senti uma gota bem fina de água cair sobre minha bochecha logo  apressei meus passos assim que percebi que iria começar a chover.

Chegando em meu apartamento fui direto para o banheiro, me despi e deixei a água quente cair sobre o meu corpo numa tentativa de relaxar. Depois do banho vesti uma camiseta e um short de pijama para ficar mais confortável. Segui para a cozinha para preparar o chá. Já pronto fui para a sala coloquei o chá e os cokkies na mesa de centro.

Quando ia sentar meu celular começou a tocar, fui ao banheiro pega-lo, lembrei que tinha o deixado lá quando cheguei em casa. O peguei, e vendo o nome na tela inicial é motivo pra não atender  retornei para a sala, encarei o aparelho por alguns segundos pensando se deveria ou não atender. Esse sentimento de impotência, de não ter o controle de uma situação acaba comigo.

— Alô.
— Alô Elena! Você atendeu mesmo?
—Sim tia Yuri.- respondi com vergonha, faz muito tempo que não falo com ela.

—Aí querida, estava com saudades de ouvir sua voz.
_notei um tom de choro em sua voz_

—Você está chorando? - perguntei
—Ah meu bem é a emoção por falar novamente com você.
—Está tudo bem por aí?
—Sim! Sua mãe está aqui em Seul.- comentou.

Não quero saber sobre ela. Só de ver sua grife, em revistas ou seu rosto em páginas de fofoca, é algo que me irrita.

—Não quero falar com ela por agora. Mande um abraço ao tio Lee. Amanhã ligarei de volta, sei que aí já é tarde e você não precisa me ligar pela madrugada tia.
—Nunca sei onde você está querida e também eu não consegui dormir pensando em você. A saudade as vezes acaba com as pessoas. Você não sente saudade da sua família?

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⏰ Última atualização: Oct 02, 2023 ⏰

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