Capítulo Único

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          — Arrrrg

          Addison lança um olhar preocupado para o material de madeira. Outro grunhido baixo ecoa, fazendo com que a mulher deixe o seu livro de lado e se levante da cama. O carpete macio entra em contato com seus pés, mas ela não dá muita importância a isso. Estava concentrada em outra coisa. Em alguém que se encontrava dentro do banheiro.

          — Amor? — Pergunta cautelosa — Tá tudo bem? — Uma movimentação seguida por um suspiro enrouquecido sai de dentro do local.

          — Meu z-logio quebrou — A voz responde, grave.

          — Então saia, para podermos consertá-lo — Ela declara natural.

          — Não posso fazer isso com você — Ele diz, hesitando.

          — Eu confio em você — Fala, determinada.

          — Não sei se posso confiar em mim — Responde um pouco decepcionado.

          — Então eu confiarei por nós dois — Diz doce — Venha

          O quarto se silencia, por um segundo ela pensa que teria que chamar um de seus amigos zumbis para ajudar a solucionar esse pequeno problema, mas felizmente ela ouve o trinco da porta. Addison então, dá dois passos para trás permitindo que um pouco do vapor quente saia do local e também junto, o tronco malhado do seu marido. Ele olhava para baixo, se sentia indigno e constrangido com aquela situação. Em um momento de descuido, derrubou o aparelho que controlava o seu grande apetite por um membro peculiar do corpo humano. Era a primeira vez que algo do tipo acontecia, sinal de que talvez aquela tecnologia realmente fosse bem resistente assim como prometiam.

          Percebendo que ele não moveria uma palha para se aproximar dela, se aproxima devagar, se permitindo observar um pouco mais de perto o homem. Ele usava uma calça moletom cinza, já os outros membros da sua estrutura estavam nus, liberando a visão para todas aquelas linhas roxas saltadas pelo corpo dele. Ela faz menção a tocá-lo, fazendo com que o coração do rapaz acelerasse e em reação ele olhasse para ela, analisando sua feição e se ela realmente queria aquilo. Ela encara de volta, lhe lançando um olhar cauteloso e seguro, junto com um sorriso contido. Ao observá-lo, ele parece dar algum tipo de permissão temerosa, por isso ela volta sua atenção ao tórax do rapaz.

          Quando repousou a mão sob seu peito, sentiu o contraste de sua pele gelada com sua palma quente. As veias roxas palpitavam entre seus dedos, era algo extraordinário, diga-se de passagem. A mulher não oscila em nenhum momento, se autoriza a acariciar seus ombros e braços, até chegar a mão, onde aperta firme, demonstrando que não tinha medo, nem aflição com tudo aquilo. Ela volta a olhar para seu rosto e fixa suas mãos no pescoço, onde faz um leve carinho na sua nuca.

          Por mais que ele sentisse um leve e estranho desejo de atacar aquela bela moça a sua frente, essa sensação era de longe a mais fraca que predominava naquele momento, já que ele tinha algumas borboletas, mariposas, ou qualquer outro animal festejando pela sua barriga. Conseguia sentir a flor da pele os arrepios enquanto ela tocava nele.

          — Você é incrível — Ela sussurra — Eu me apaixonei por você e tudo o que vem no pacote, Zed — Confessa num sorriso, deixando o homem estático.

          Em um movimento se afasta dele, pegando em sua outra mão a máquina que havia dado defeito. Naquele momento agradeceu ao governo por ter organizado os "Zorkshops" – uma espécie de oficina para os cidadãos da cidade que queriam entender como os objetos funcionam – e também por ter se interessado no evento, pois em poucos minutos ela entendeu o problema; Havia um mal contato em um dos fios da placa mãe, que deve ter se soltado no impacto. Não era nada que, por hora, uma fita adesiva não resolvesse. Depois ela ainda solicitaria o envio de um novo equipamento, para a devida troca.

          Assim, ela novamente se vira para ele, que permanecia no mesmo lugar e observava cada pequena ação dela, colocando em seu pulso o relógio e desse modo fazendo com que o rapaz voltasse a sua aparência habitual.

          — Prontinho, nem doeu viu? — Ela diz brincalhona e isso parece o fazer acordar do pequeno transe. Antes que ela pudesse se mexer, ele a abraça pela cintura enterrando a cabeça no seu pescoço.

          — Eu te amo — Ele diz abafado em sua camisa. Ela aperta sua cintura com o braço esquerdo e com sua mão direita faz movimentos circulares em suas costas. Depois de um tempo ele se afasta, mas não o suficiente para desgrudar os seus corpos. Agora revela seus olhos marejados — Obrigado por acreditar na mudança dos zumbis quando ninguém acreditava! — Deixa suas lagrimas salgadas caírem. Ele havia lembrado do quanto sua luta tinha sido cansativa e desgastante em meio aquela sociedade. Não deixou as piadinhas, restrições e preconceitos o abalarem enquanto dava os pequenos passos de bebê rumo à aceitação e respeito, mas agora, sentiu toda dor no seu mais profundo ser finalmente se libertar. Um pequeno acontecimento ativou um gatilho dentro dele e naquele momento pôde colocar para fora tudo aquilo que estava entalado na garganta. Tudo aquilo que não despejou antes para ser forte por seus amigos.

          — Eu te amo muito, Addison — Sussurra. A mulher acaricia seu cabelo e se aproxima de sua boca, grudando seus lábios nos dele em um beijo calmo, apaixonado, confortável e doce.

          — Eu te amo mais.

Nota da autora: Estou totalmente aberta a criticas construtivas

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Nota da autora: Estou totalmente aberta a criticas construtivas. Se você gostou da one shot, deixa uma estrelinha e um comentário por favor, eu ficaria muito feliz com seu feedback!

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