A Carta mais linda de Todas! (Chongqiu)

Capítulo Único

—Eu recebi a carta mais linda do mundo! –Chongyun exclamou abraçando uma folha de caderno contra o peito enquanto suspirava completamente apaixonado. As bochechas coradas deixavam claro o quão rápido seu coração batia só em pensar que era correspondido pelo dono de seu coração.

Tinha se declarado para seu melhor amigo no mês anterior e desde então os dois estavam de namorico. Seus pais nem mesmo encrencaram com a ideia, pois conheciam Xingqiu e sua família desde que era um pequerrucho, e desde que o pequeno Yun estivesse feliz, eles jamais se oporiam ao relacionamento de ambos.

—E o que está escrito? –Da cadeira da frente de onde Chongyun se sentava, Xiangling, sua colega de classe, logo se debruçou sobre sua mesa curiosa sobre o conteúdo da cartinha que o amigo carregava com tanto esmero.

—É! Yun! Conte logo, o que está escrito? –Dessa vez foi Yun Jin, a amiga que se sentava sempre ao seu lado, quem abriu um largo sorriso, feliz pelas conquistas do garoto de cabelos azulados.

Os três eram muito amigos. No ano anterior, quando Xingqiu e Chongyun acabaram sendo separados em salas distintas pelas garras cruéis do destino, Chongyun achou que não conseguiria mais fazer amigos, porém aquelas duas foram seu refúgio, se juntando a ele desde o primeiro dia. Tinham se tornado inseparáveis, e fora ideia delas que ele se declarasse para o amigo romancista. Se tudo tinha dado certo, então devia muito a elas.

—Eu... Não tenho ideia. –Ele deixou o corpo cair sobre sua cadeira e pendeu a cabeça contra a parede da sala.

As duas meninas soltaram um uníssono "QUÊ!?" e se entreolharam confusas.

—Como assim não tem ideia? Você não abriu a carta? –Xiangling se intrometeu curiosa puxando o papel das mãos do menino para si enquanto passava os olhos pela folha, completamente exasperada.

—Como assim não abriu a carta? Tem que abrir a carta! Como sabe que é a carta mais linda do mundo se não abriu? –Yun Jin estava irritada com ele. Como Chongyun podia ser tão lerdo?

—Eu abri... É que está um pouco... —Ele hesitou.

—Absolutamente ilegível. –Xiangling observou em choque. Aqueles garranchos eram indecifráveis. —Ele pretende ser médico?

Yun Jin, completamente curiosa depois do comentário de Xiangling, puxou a carta da mão da amiga e deu uma boa olhada.

—Desse jeito, provavelmente egiptólogo, por que só assim pra decifrar esses hieróglifos. –Ela tentou virar a carta de lado pra ver se por acaso não estavam lendo ao contrário, mas continuava absolutamente impossível decifrar aqueles códigos. —Talvez precise de algum tipo de chave pra decifrar isso aqui. Deve ser algum código.

Chongyun coçou a nuca e riu sem jeito.

—Mas ele escreveu pra mim com amor, então eu estou feliz. Só de ele se dar ao trabalho de fazer isso eu já fico radiante, porque significa que ele pensa em mim, não é? –O sorriso sem graça dele era adorável, as duas meninas riram e suspiraram.

—Vamos ter que perguntar pra ele o que ele quis dizer com isso aqui. –Xiangling foi realista. —Você não pode simplesmente fingir que entendeu alguma coisa quando claramente não entendeu e apenas aceitar que seja assim. E se ele tiver perguntado alguma coisa? E se te pediu oficialmente em namoro, mas você não consegue ler árabe?

—Ou... eu posso esperar ele falar comigo a respeito e então eu pergunto. —Chongyun foi simplista, como sempre.

As meninas se entreolharam e negaram com a cabeça.

—Não mesmo! Você tem que perguntar pra ele o que está escrito! –Yun Jin foi insistente. No fim era mais porque elas queriam saber do que qualquer coisa, mas negariam até o túmulo se ele perguntasse. —E se você acabar ficando numa situação complicada por não saber o que está escrito aqui?

—Isso não aconteceria... —Ele disse mais para si mesmo do que para elas, na verdade. Estava hesitante sobre a carta agora que elas tinham falado.

—Você tem que pensar: "E se..." Chongyun. E se acontecer? Vamos, no fim da aula, chame-o e pergunte. Diga que não conseguiu ler... Qualquer coisa invente uma desculpa, diga que a carta caiu do seu bolso! –Xiangling deu a ideia.

—Isso! E diga que você acabou perdendo-a por isso! –Yun Jin juntou as mãos e sorriu com sua ideia brilhante, mas Chongyun não estava muito certo de que seria uma boa ideia.

—Eu não posso dizer essas coisas! E se ele ficar chateado comigo? E se ele ficar inseguro? —Chongyun suspirou. Seu coração ficava apertado só de imaginar a possibilidade de magoar o namoradinho que tinha amado por tanto tempo em segredo.

—Ele não vai! Estamos falando do Xingqiu! Ele é o cara mais pra cima que existe, provavelmente. E, além do mais, ele sabe bem que a caligrafia dele é horrorosa. –Xiangling riu divertidamente. —Vai dar tudo certo, é só você perguntar pra ele!

Com a entrada do professor em sala, não houve um fim decisivo para aquela conversa, entretanto Chongyun passou um bom tempo pensando em como deveria lidar com aquilo. Deveria perguntar a ele o que estava escrito ou fingir que tinha entendido?

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O intervalo chegou e com ele a insegurança. As meninas diziam que ele fosse até Xingqiu, e ele iria mesmo se não houvesse carta alguma, mas agora o garoto de cabelos claros não sabia exatamente como lidar com a situação.

Quando viu Xingqiu acenar do outro lado do corredor, suas bochechas esquentaram e ficaram vermelhas e seu coração se acelerou. Era sempre uma emoção boa ver o garoto que amava, mesmo com todas as inseguranças.

Chongyun atravessou o mar de alunos até alcançar o namorado e segurou suas mãos carinhosamente sorrindo ao olhar em seus olhos dourados. Xingqiu lhe sorriu de volta de um jeito caloroso.

Não precisava saber o que estava escrito na carta de fato, só precisava saber ler aqueles sentimentos e nada mais.

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—E aí, Yun? O que ele disse? O que está escrito na carta? –Xiangling perguntou tão logo o garoto entrou na sala. Seus olhos brilhavam em curiosidade.

—Eu... não perguntei. –Chongyun foi honesto, riu sem graça e coçou a nuca diante do olhar confuso das duas amigas.

Não seria daquela vez que elas saciariam sua curiosidade a respeito dos sentimentos compartilhados pelos dois meninos, mas para Chongyun estava tudo muito bem como estava. De toda forma, aquela sempre seria a carta mais linda de todas.