o que nós fomos, baby?

SEOUL, 2018

"eu não quero ser seu amigo, eu quero beijar seu pescoço", eu amava quando você cantava pra mim mas agora eu simplesmente odeio ouvir the 1975 porque eles me lembram você e todas as suas declarações sem sentido. nós temos na língua portuguesa mais de 400 mil palavras ian e eu nunca consegui usar nenhuma delas pra te mostrar que eu merecia ser amada, da mesma forma que te amei. não existem estrelas o suficiente para dizer o quanto eu te amei. não existem peixes na água, nem pássaros no céu que demonstrem o tanto de motivos pelos quais eu ainda infelizmente o amo.

sempre me senti incapaz de te descrever com simples palavras, mas mesmo assim tentava, e achava difícil explicar mesmo assim. quando eu percebi que não existia mais nós e que você realmente estava indo embora, perdi todas as 430.000 mil palavras já ditas em português, perdi todos os 17.000 mil litros de oxigênio que respiramos por dia e explicar como me sinto desde esse dia é humanamente impossível.

pelo menos graças a biologia daqui a sete anos as minhas células irão mudar e eu não habitarei mais um corpo que você terá tocado. e eu espero que a tecnologia esteja avançada em um nível que eu não vou sentir tua falta, nem dos seus flertes que me deixavam sem jeito, das suas mãos na minha cintura, dos seus olhos nos meus, de como você sussurrava meu nome pra me provocar. eu não vou sentir sua falta, não vou sentir falta do que você me causava, adeus ian.