Nova casa

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A partida é a coisa que mais dói, pois vem acompanhado da saudade. É assim que me sinto hoje despedindo da minha família.

- Ai de você se não me chamar. - Minha mãe avisa em meio às lágrimas.

- Pode deixar. Ai, eu vou sentir até saudade do Erick.

- Claro que vai sentir falta desse charmoso aqui. -Ele diz passando a mão pelo cabelo fazendo uma pose sensual.

- Para, se não fico com ciúmes. - Minha amiga Merlin dá um tapa nos ombros dele tentando não chorar.

- Sabe que meus olhos são só pra ti. - Erick a diz dando-a um selinho e fiz cara de nojo.
Erick e Merlin namoram á 2 meses e nunca vi um casal tão meloso quanto eles. A primeira vez que ele a viu, o líquido escorreu abaixo de tão nervoso.

- Já chega, que coisa, se continuarem assim não vamos chegar em Miami nunca. - Meu pai diz com a cara corada fingindo de forte. Sim, eu vou sair de NY para morar em Miami.

- Vamos sentir muitas saudades. - Minha mãe me dá um abraço apertado e logo meu irmão e Merlin juntam também me abraçando, fazendo com que eu chore mais ainda.

Entrei no carro e acenei para eles sentindo um aperto em meu coração. Eu passaria o último ano do ensino médio longe deles, na verdade longe de tudo aqui.

Fiquei olhando para trás e acenando enquanto eles desapareceriam da minha vista, isso foi muito triste.
"Para cada lugar que a gente se despede, tem outro fazendo festa para nos receber", quem me dera se pudesse voltar no tempo e nada disso teria de acontecer. Mas não existe nenhuma borracha que poderá apagar o que já foi escrito num notebook.  Não há nada que me fará mudar a minha decisão, escolhi abandonar minha casa, minha cidade, minha vida, tudo por causa de um estúpido garoto.

O resto do caminho foi calmo, eu vou pra Miami, não verei algumas falsianes, estudarei num colégio, lá é mais calmo...

📖🐈‍⬛❣️

O carro parou, e olhei para a janela do carro, me deparando com uma casa de dois andares... ela é bem bonita.
Eu fui bem rápida ao sair, já que demorei 19 horas no carro.
Vi uma senhora correndo em nossa direção com um sorriso largo no rosto.

- Ah! Que bom que chegaram, tem um jantar quentinho esperando por vocês.- Disse a mesma mulher dando um abraço em meu pai. Saímos de madrugada e chegamos á noite. Tudo por culpa do meu pai, sua mão de vaca e seu medo de avião.

- Ai que maravilha. Minha barriga só pergunta por isso mesmo. Estou muito esfomeado. - Meu pai diz esfregando a mão na barriga.

- Mas pai, nós paramos 5 vezes pra comprar lanche. - Digo pra ele, mas lá no fundo eu queria ir pra mesa e devorar até o prato.

- Isso não conta, essas besteiras não enchem a pansa. - Ele diz e a mulher vem para mim me dando um abraço carinhoso. Um abraço que sempre vai lembrar a minha avó. Só que essa não é minha avó e sim minha tia-avó, a irmã do meu avô paterno.

- Você deve ser a Eline. - Ela disse e eu assenti, ela usava uma plova de croché, uma saia plissada preta e meias xadrez contrariando a cor verde das pantufas.

- Prazer, eu sou a Cármen. - Ela me estendeu a mão para que apertasse, mãos enrugadas nos quais as veias exibiam constantemente. Talvez algum dia eu envelhece e fique assim, com saudades de quando eu passei por tudo isso, mas agora eu só quero esquecer.

- Prazer todo meu. -Disse enquanto apertava as suas mãos.

- Vamos entrar, aqui fora está muito frio. -Ela foi primeiro e nós a seguimos. 
O jantar estava uma delícia. Se ela não estivesse ali, nem a mesa sobraria pra contar história.

Depois de jantar, meu pai foi tomar o banho, Dona Cármen mostrou a casa e o meu quarto. Eu arrumei as minhas coisas.
Ao sair do quarto, vi meu pai sair pra fora. Eu até estranhei, mas fiquei muito feliz quando ele voltou com a minha irmã mais querida do mundo.

- Pai, você é a melhor coisa do mundo. -Disse enquanto descia as escadas ao encontro dele e pegar a Tim no colo. Mas ela estava esfomeada. O impressionante é que nem senti ela no carro.

- Acho que tá falando do seu irmão. A ideia foi dele. Eu só soube agora pela mensagem que ele acabou de me mandar. Coitado da gata, deve ser vingançapor tê-loaranhado tanto o antebraço. - A resposta dele me surpreendeu já que ele gosta muito da Tim, embora fica dizendo o contrário.

- Eu vou chamá-los agora. -Disse tirando o celular do bolso enquanto me sentava no sofá.

Whatsap on :

Erick:- Oi mana, como foi a viagem?

Eline:- Foi bom. Gostei do presente, embora veio de uma maneira muito maltratada.

Erick-: Presente... que presente? Eline... bateu com a cabeça no caminho?

Eline:- HaHaHa. Tô morrendo de rir. Eu tô falando da Tim seu cabeça de alho podre.

Erick:- Ah. A Tim, não foi presente. Você sabe que Miami foi passaporte pra me livrar de você. Então mandei a Tim também, assim minha vida vai ter sossego. 

Eline:- Eu sei que lá no fundo tá morrendo de saudade.

Erick:- Saudade de sua presença, nem um pouco.

Eline:- Como explica a lágrima que escorreu pelo rosto?

Erick:- Foi uma poeira. E além do mais, contratei  pra te prender lá e nunca te deixar voltar.

Eline:- Também te amo.

Erick:- Ah, o seu quarto agora é meu. Coloquei meus pósteres antigos, meus quadros e amanhã vou pintar de cinza.

Eline:- Não ouse tocar no meu quarto, Erick! Senão eu vou até aí e acabo com a sua vida de uma vez por todas!

Erick:- Está brava porquê? Sabe que a mãe me deixa fazer tudo e até o pai chegar...o estrago vai estar feito maninha.

Eline:- MÃE, não deixa o Erick ficar no meu quarto. Ele vai acabar com as paredes, deixará tudo fedendo a meias sujas, tudo parecerá um antigo cemitério que se tornou uma lixeira.

Erick:- Você é dramática. Não se preocupe, é a Merlin que vai morar naquele palácio.

Eline:- É só eu sair que os ratos fazem a festa.

Enfim, conversamos até não poder mais e meu pai já estava dormindo no sofá, então despedi e o acordei pra dormir no quarto, já que amanhã ele vai embora.

Minha vida é um Cliché Onde histórias criam vida. Descubra agora