i'm sorry. for what? just everything.

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Mesmo fazendo várias semanas que Si-eun visitava o hospital, aquele quarto em especial, ele parecia nunca se acostumar com o ambiente, quase nunca ficara doente quando criança então não era acostumado com tal lugar, e mesmo se ficasse se recusava a ir, até mesmo depois de mais idade, mas agora a circunstância era outra, ele não ligaria em morar naquele quarto minúsculo se fosse para se manter perto e de alguma forma trazer seu amado de volta a sua vida.

Assim que desceu do ônibus ainda encucado no quanto aquele sonho com Sooho pareceu real, sonhar com ele assim havia virado rotina do mais novo desde que a tragédia aconteceu, foi caminhando em passos largos passando da portaria para a recepção vendo que hoje havia mais pessoas circulando do que a última vez que visitou, que seria dois dias atrás.

Olhares num misto de cansaço e impaciência focavam na tv tela plana disposta na parte esquerda da recepção onde eles aguardavam serem chamados e na tv passava uma senhora já de idade ensinando alguma receita para o Natal, nesse momento enquanto ficava de frente para os elevadores, Si-eun apertou o botão que sinalizava a subida e ouvia a narração dos ingredientes necessários foi que pensou no quanto o tempo passou rápido desde aquele dia.
“ Que dia é hoje do mês? Natal já está tão perto assim? ” Se perguntou realmente confuso mas não deu para focar muito nisso já que o elevador abriu-se a sua frente, entrando no mesmo apertou o oitavo andar e as portas na cor cinza escuro se fecharam.

Durante o tempo em que só existia o barulho baixo da respiração de Si-eun e os pequenos bips dos andares passando no visor vermelho bem acima da porta, foi que pôde pensar um pouco mais em como sua vida estava naquele ciclo vicioso novamente em que tudo acontecia lá fora e ele parecia parado no tempo, seus dias estavam os mesmos; ia para a escola e estudava tanto ao ponto de não perceber ninguém ao redor como se fosse só ele e os livros, ia para casa e revisava todo o contéudo de mais cedo e finalmente ia descansar o corpo pois dormir era algo que ele definitivamente não conhecia mais.

Não depois daquele dia, Si-eun acreditava, - bem conscientemente, - que a qualquer momento a notícia boa ou ruim poderia chegar e ele não queria perder tempo dormindo enquanto seu mundo poderia ruir ou recomeçar novamente.

E nesse estado de entorpecência o mais novo ia levando seus dias, sempre à espera de algo que ele não fazia a mínima ideia se poderia acontecer ou não, e visitá-lo no hospital com tanta frequência assim lembrava-o o quão mórbido aquele lugar era, o quão inseguro estava e o quão esgotado estava se sentindo.

Uma vez que você experimenta o doce e libertador gosto de querer estar vivo, você se torna adicto dele.
Sooho havia feito Si-eun querer viver sua vida, mas agora que ele não estava mais por perto nada disso fazia mais sentido, o gosto em sua boca era ferroso e nauseante.

O som da porta pesada se abrindo o despertou de seu mundo de pensamentos e logo saiu da caixa metálica rumando pelo corredor do piso escorregadio e cheirando a algum produto de limpeza bem forte até encontrar o já familiarizado quarto 101.
Por um segundo, Si-eun pensou em bater na porta com o desejo de ouvir Sooho responder do lado de dentro um “ Estou dormindo ” ou “ Espero que esteja com as sacolas de comida. ” Mas é claro que isso não iria acontecer, era só mais uma vontade boba.

Como era torturante não ter controle dessa situação.

Respirando fundo Si-eun abriu a porta lentamente e assim que fechou a mesma atrás de si logo se surpreendeu com uma figura feminina perto de Sooho, - ela passava uma toalha molhada pelos braços dele com uma afeição amorosa de cuidado, era como se ela não tivesse feito isso a muito tempo, - o mais novo fitava a cena em completo silêncio crente de que a senhora não havia notado sua presença ali.

“ Ele teve febre de madrugada, o médico disse que isso pode ser um bom sinal de que o corpo esteja reagindo…”  Disse a senhora tranquilamente, agora olhando para o mais novo que se aproximava da cama intercalando o olhar entre o amigo e ela. “ Você deve ser o Si-eun, certo? ”

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